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Dilma anuncia reajuste do Bolsa Família e volta a falar de golpe

1 mai 2016 - 18h46
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Em ato da CUT, presidente acusa PMDB e oposição de tramarem "golpe contra as conquistas dos trabalhadores" e reafirma que não cometeu crime de responsabilidade. "Vou resistir e lutar até o fim."

A presidente Dilma Rousseff anunciou neste domingo (01/05), em ato promovido pela CUT, medidas que beneficiam os trabalhadores e impulsionam os programas sociais do governo. No evento em comemoração ao Dia do Trabalho, no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, ela acusou a oposição e o PMDB de tramarem um "golpe contra as conquistas dos trabalhadores".

Entre as medidas anunciadas estão um reajuste de 9% para os beneficiários do Programa Bolsa Família ainda em 2016, a correção de 5% da tabela do Imposto de Renda para o próximo ano e a contratação de no mínimo 25 mil moradias do Programa Minha Casa, Minha Vida.

"Eles ficam falando que o governo acabou. Eles fazem isso numa tentativa de nos paralisar, mas o governo está fazendo sua parte", afirmou a presidente. Ela disse que o governo lançará, na semana que vem, o plano safra para a agricultura familiar e vai propor a extensão da licença paternidade de 5 para 20 dias para os funcionários públicos federais.

No que pode ser a reta final de seu mandato, Dilma tem intensificado o contato com grupos de esquerda e deverá anunciar ao longo da semana mais medidas de caráter social, o que analistas chamam de "pacote de bondades" e com o qual pretende recuperar o apoio de sindicatos, movimentos sociais e até das bases do PT.

"Impeachment é golpe"

Dilma mais uma vez chamou o processo de impeachment, que tramita no Senado, de golpe. "Quando se rompe a democracia, se rompe para todos", afirmou. "Mas eu quero também alertar que esse golpe não é só contra a democracia ou contra o meu mandato. Também é contra as conquistas dos trabalhadores. Não é um golpe com armas, tanques na rua, não é o golpe militar que conhecemos do passado. Eles rasgaram a Constituição. Fazem isso porque há 15 meses eles perderam uma eleição direta", disse. "Vou resistir e lutar até o fim", acrescentou.

No discurso, Dilma reiterou que não cometeu crime de responsabilidade ao ter emitido decretos com crédito suplementares, fato apontado na denúncia que originou o processo de impeachment. Segundo ela, no governo de Fernando Henrique Cardoso foram editados 101 decretos desse tipo. "Para ele não era nenhum golpe nas contas públicas. Para mim é golpe nas contas públicas. Dois pesos e duas medidas. Eles não têm do que me acusar, é constrangedor", disse a presidente.

"Não tenho conta no exterior, jamais usei recurso público em causa própria, não recebi propina e nunca fui acusada de corrupção. Eles tiveram que inventar um crime" afirmou. Ela voltou a criticar duramente o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e disse que a oposição se aliou aos traidores, em referência ao vice-presidente Michel Temer, para realizar "eleições indiretas".

Críticas a supostas propostas de Temer

A presidente usou informações publicadas pela imprensa nos últimos dias para citar propostas que estariam sendo estudadas pela equipe de Temer e que chamou de perversas. Entre elas, a de permitir que acordos coletivos de trabalho prevaleçam sobre a legislação trabalhista e a proposta de acabar com a vinculação constitucional de receitas para a educação e saúde.

Acusou ainda Temer de planejar a manutenção do Bolsa Família para apenas 10 milhões de pessoas. "Das coisas propostas, a mais triste, porque é a mais perversa, é acabar com uma parte do Bolsa família. Falam que vão dar para os 5% mais pobres, e esses são 10 milhões de pessoas. Hoje 47 milhões recebem o Bolsa Família. Serão 36 milhões entregues às livres forças do mercado para se virar", acusou.

Um dos nomes mais próximos de Temer, o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Moreira Franco, usou as redes sociais para rebater a presidente. "A presidente Dilma Rousseff insiste na manipulação e na propaganda enganosa: a proposta da Travessia Social é manter o Bolsa Família para todos. E melhorar para os 5% mais pobres", garantiu, lembrando ainda que o último aumento aos beneficiários dado pelo governo havia sido em junho de 2014, véspera das eleições.

Ato da Força Sindical contra Dilma

O ato em São Paulo reuniu, de acordo com os organizadores, cerca de 100 mil pessoas, que ovacionaram a presidente na sua chegada. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja presença era esperada, não compareceu porque, segundo o Instituto Lula, está com problemas na voz. Outros 14 estados tiveram manifestações, na sua maioria a favor da presidente.

Em São Paulo, no entanto, sindicatos ligados à Força Sindical organizaram um manifestação contra a presidente e a favor do impeachment na Praça Campo de Bagatelle, na zona norte da capital paulista. Na Avenida Paulista, o coletivo Conlutas também fez outro protesto, este a favor de novas eleições.

O presidente da Força Sindical, o deputado federal Paulinho da Força, criticou a decisão de Dilma de anunciar um reajuste no Bolsa Família e a correção na tabela do Imposto de Renda. "Esse aumento deveria ter sido feito antes, agora parece um pouco de vingança com o novo governo. Como ela está de saída, nos parece que ela está fazendo uma vingança e uma tentativa de sabotar o próximo governo, portanto é uma coisa que não podemos aceitar", disse o presidente sindical.

"Embora a gente queira a correção da tabela do Imposto de Renda, é bom lembrar que eles estão nos devendo 72% e não 5%", disse Paulinho.

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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