Mães chefes de família são reconhecidas pelos filhos
As mães de hoje, filhas de uma geração de mulheres que já assumiam postos no mercado de trabalho, lidam de forma diferente com o fato de a mulher ser chefe de família. Acumular funções de mãe, profissional e esposa não é novidade para elas, e traz, inclusive, satisfação para a maioria delas.
Uma pesquisa de 2012 da International Stress Management Association (Isma) do Brasil - entidade que pesquisa o stress - entrevistou 220 mulheres de 20 a 60 anos, e concluiu que o nível de gratificação das mulheres que mantinham apenas uma atividade era menor do que o das que acumulavam várias.
"Hoje, o ideal de ser esposa e mãe exclusivamente não existe para a maior parte das mulheres, que quer mesmo é ser mãe, esposa e ter liberdade econômica", afirma a antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Mirian Goldenberg.
Valor de comandar a própria vida
Essa clareza do valor de ser chefe de família também é percebida pelos filhos que veem a mãe como a pessoa que lutou para criá-los. "Nas entrevistas com jovens, não vejo ressentimento por a mãe sair de casa para trabalhar. Vejo respeito, admiração e valorização pela figura da mulher que tem força. Reconhecem que é a mãe que sustenta e que também cuida, dá carinho, atenção", diz Mirian.
Para se adaptarem a esse modelo familiar, o relacionamento entre mãe e filho mudou. Os diálogos de família, por exemplo, passaram da mesa de refeições para a carona até a escola, uma ida ao cinema ou durante um lanche na frente da TV. Mesmo que fique a impressão de que o formato não é o mais adequado, a antropóloga acredita que os pais querem e valorizam os momentos de conversa sejam eles quais forem. "A dedicação dos pais com os filhos nunca foi tão grande. A qualidade e quantidade de conversa aumentaram muito com pais mais focados nas crianças".
Mirian acredita que as mães chefes de família se relacionam com seus filhos com mais lucidez, pois sabem o que é realmente importante, sabem avaliar melhor o que é prioritário para a criança e para ela e aprendem permanentemente a negociar interesses e vontades. "Com uma visão mais ampla do mundo, elas enxergam que errar faz parte da maternidade", finaliza Mirian.
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