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De luto, Brasil enterra os mortos de tragédia em boate

28 jan 2013 - 14h07
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O Brasil enterrou nesta segunda-feira os primeiros mortos do fatal incêndio que causou 231 mortes em uma boate do sul do país, a maioria jovens universitários, e deteve três supostos responsáveis.

A informou a detenção de um dos proprietários da boate Kiss de Santa Maria, do vocalista e de outro membro da banda 'Gurizada Fandangueira' que utilizou efeitos pirotécnicos no palco, o que teria causado o incêndio, segundo os bombeiros.

Outro dono da boate está sendo procurado pela polícia e já é considerado foragido.

Os enterros se seguiram um após o outro nos cemitérios de Santa Maria, a cidade universitária onde ocorreu a tragédia, em meio a centenas de amigos e familiares das vítimas. O incêndio também deixou 116 feridos, mais de 80 em estado grave.

Apesar da tragédia, o secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, afirmou que segurança da Copa do Mundo no próximo ano está garantida.

"Nossos pensamentos estão com as famílias das vítimas desta tragédia. No entanto, não tem nada a ver com a segurança dos estádios durante a Copa das Confederações da Fifa e a Copa do Mundo" de 2014 no Brasil, disse Valcke à imprensa.

Valcke está em Brasília e devia participar das comemorações pelo início da contagem regressiva a 500 dias da Copa do Mundo de 2014, mas que foram canceladas pelas autoridades e pela Fifa.

"Temos um plano de emergência instalado para evacuar um estádio completo em oito minutos. Existem pessoas dedicadas a cargo disso e treinadas para a gestão de desastres como parte do conceito geral de segurança", insistiu Valcke.

"O que aconteceu não pode ser comparado à organização do plano de segurança da Copa do Mundo da Fifa. Temos plena confiança no Comitê de Organização Local (COL) e nas autoridades", sustentou.

Como sede do Mundial de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro, o Brasil encontra-se sob os olhares da organizações esportivas internacionais, que têm como uma das prioridades a segurança dos maiores eventos esportivos do mundo.

O fogo começou na madrugada de domingo na boate Kiss da cidade de Santa Maria, com um sinalizador utilizado por um integrante do grupo musical "Gurizada Fandangueira", que se apresentava no local, segundo os bombeiros.

Ao menos no início, a porta de saída foi bloqueada pelos seguranças, que tentavam fazer com que as pessoas pagassem sua entrada antes de sair, segundo sobreviventes.

Em meio a uma nuvem negra de fumaça tóxica, o pânico se apoderou de centenas de pessoas, que pisoteavam umas às outras e que viveram "um filme de terror", disse à AFP Kelly Rebelo da Silva, uma estudante de química de 21 anos.

A licença dos bombeiros que a boate precisa ter para abrir suas portas estava vencida desde agosto, indicaram as autoridades. Mas a boate informou em um comunicado que "tudo estava em ordem" e que o ocorrido foi "uma fatalidade".

Em um dos cemitérios de Santa Maria, uma procissão da capela até a sepultura caminhou lenta e silenciosamente.

"Por quê, por quê?", perguntou a jovem Juliana, arrasada com a morte de seu irmão, Heitor Oliveira, uma das 231 vítimas de um incêndio em uma boate que chocou o Brasil.

"Calma, Juliana. Ele tem que ir, temos que enterrar, filha, ele cumpriu a sua parte e agora cabe a nós cumprir a nossa missão", disse a mulher, visivelmente exausta, "coragem, coragem".

O Papa Bento XVI declarou estar "consternado" pelo trágico incêndio e disse "compartilhar a dor" de todos os afetados, e que reza e pede consolo aos feridos.

Um velório coletivo ocorreu nesta madrugada no ginásio para onde os corpos das vítimas foram levados.

Mais de 80 feridos em estado grave continuavam hospitalizados em Santa Maria, a cidade universitária onde ocorreu a tragédia, assim como em Porto Alegre, muitos lutando por suas vidas, explicou nesta segunda-feira o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Os moradores da cidade universitária, com uma população de cerca de 260 mil pessoas, colocaram flores em frente à boate, onde também se amontoavam montanhas de escombros das paredes derrubadas pelas equipes de resgate para tentar salvar mais vítimas.

Este é o segundo pior incêndio da história do Brasil, após o ocorrido em um circo de Niterói em 1961, que deixou 503 mortos.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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