Fórum: opine sobre a saída de Dirceu
Dirceu não resistiu ao ter seu nome envolvido pela segunda vez em um esquema de corrupção durante o governo Lula. No início do ano passado, uma gravação mostrou Waldomiro Diniz, um ex-assessor de José Dirceu, cobrando propina de um empresário do jogo do bicho, Carlos Cachoeira. À época, ele teria chegado a pedir demissão, negado por Lula. Na última terça-feira, foi noticiado que Dirceu havia acertado com Lula sua saída do ministério, estando em aberto apenas a data para o anúncio.
Em seu anúncio feito esta tarde, Dirceu garantiu que continuará a realizar seu trabalho, mas em outra frente. "Não me considero fora. Irei lutar e tenho humildade para voltar à Câmara como deputado. Tenho as mãos limpas, o coração sem amargura e a mente sempre colocada naquilo que sempre lutei, pelo povo brasileiro", disse.
Ao anunciar publicamente sua demissão, ele afirmou que voltará a ser também militante e dirigente de seu partido. "Saio de cabeça erguida. A luta continua. Não me envergonho de nada do que fiz no governo Lula. Nosso governo tem um programa econômico que tem sucesso. Precisamos apoiá-lo e sustentá-lo. Nosso partido tem um patrimônio ético que a sociedade conhece e eu defenderei este patrimônio. Agradeço a todos que me apoiaram nesses meses", afirmou Dirceu.
O deputado federal Ricardo Zarattini Filho (PT-SP) é quem cederá a vaga a Dirceu. Zarattini havia assumido seu mandato na Câmara dos Deputados, como suplente.
Durante o anúncio da saída do ministro, também estavam presentes no Palácio do Planalto os ministros da Coordenação Política, Aldo Rebelo, da Secretaria-Geral da Presidência da República, Luiz Dulci; das Cidades, Olívio Dutra; do Planejamento, Paulo Bernardo; das Relações Exteriores, Celso Amorim; do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Armando Félix; da Fazenda, Antônio Palocci; do Trabalho, Ricardo Berzoini; da Justiça, Márcio Thomaz Bastos; e da Secretaria de Comunicação do Governo, Luiz Gushiken.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já teria definido também os principais critérios e objetivos da reforma ministerial e administrativa que deve anunciar em breve. Fontes oficiais citadas por meios de comunicação locais disseram que, junto com Dirceu, sairão os ministros de Coordenação Política, Aldo Rebelo; Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos; e do Trabalho, Ricardo Berzoini. Entretanto, um ministro da coordenação do governo afirmou que o presidente Lula não deve anunciar tais mudanças até terça-feira.