São diversos os fatores que dificultam a identificação e punição dos responsáveis por homicídios no Brasil. Veja a seguir uma seleção de crimes que marcaram o País e permanecem sem solução: Mistério e impunidade: relembre crimes sem solução Marcelo Miranda Becker Imperícia de investigadores, vagarosidade da Justiça ou, simplesmente, astúcia dos criminosos. São diversos os fatores que dificultam a identificação e punição dos responsáveis por homicídios no Brasil. Em todo o País, famílias de vítimas da criminalidade aguardam há anos pelo desfecho de casos que, muitas vezes, acabam no esquecimento e prescrevem. Veja a seguir uma seleção de crimes que marcaram o País e permanecem sem solução: O casal Kliemann (foto) protagonizou um dos casos policiais mais misteriosos da história do Rio Grande do Sul. Na noite de 21 de junho de 1962, Margit, mulher do deputado estadual Euclides Kliemann (PSD), foi encontrada morta na residência do casal no bairro Moinhos de Vento, região de alto padrão de Porto Alegre. Segundo a polícia, a mulher foi golpeada com um objeto que perfurou seu crânio e depois jogada do alto da escadaria do casarão, morrendo a poucos metros da porta de entrada. O deputado estadual foi imediatamente apontado como o principal suspeito. Perseguido pelas acusações, Euclides Kliemann teve um fim trágico um ano e dois meses após o crime, quando concedia entrevista ao vivo a uma rádio de sua cidade natal, Santa Cruz do Sul (RS). Na ocasião, o vereador Floriano Peixoto Karan (PTB), conhecido como Marechal, discutiu com o deputado e, em meio ao bate-boca, empunhou um revólver e atirou à queima-roupa contra Kliemann, que morreu na hora. O vereador foi condenado a um ano e seis meses de prisão, sem que se identificasse o responsável pela morte de Margit. O radialista e deputado estadual pelo Rio Grande do Sul José Antônio Daudt (foto) foi assassinado no dia 4 de junho de 1988, na porta do prédio onde morava no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Daudt foi atingido por dois tiros de espingarda calibre 12, disparados por um homem que estava em um Monza cinza. Em meio a uma sequência de erros na investigação, incluindo a contaminação da cena do crime e a demora em checar denúncias do paradeiro do atirador, a polícia identificou o principal suspeito pelo crime, o também deputado estadual Antônio Carlos Dexheimer Pereira da Silva, colega da vítima na bancada do PMDB. Especulava-se na época que Dexheimer estaria com ciúmes da mulher, Vera, de quem havia se separado três meses antes. Levado a julgamento em 1990 pelo Tribunal de Justiça do Estado, o deputado foi absolvido por falta de provas. Desde 2008, o crime está prescrito. O advogado Jorge Toufic Bouchabki e sua mulher, Maria Cecilia Delmanto Bouchabki, foram assassinados enquanto dormiam na véspera do Natal de 1988, na residência onde moravam na rua Cuba, no bairro Jardim América, em São Paulo. Na ocasião, o filho mais velho do casal, Jorginho Bouchabki (foto), então com 19 anos, passou a ser um dos suspeitos, mas não foi levado a julgamento por falta de provas. Logo após o crime, a empregada doméstica Olinda Oliveira da Silva afirmou que não havia rusgas entre o casal e seu filho. Em 1998, entretanto, a empregada voltou atrás e disse que Jorginho havia discutido com a mãe no dia anterior à morte do casal, porque a mulher não aceitaria o namoro do filho com a estudante Flávia Soares. Ainda de acordo com a empregada, o bate-boca terminou quando Maria Cecília quebrou um taco de sinuca nas costas de Jorginho. No fim de 2008, passados 20 anos da morte do casal, o crime prescreveu. A morte do bancário Miguel Donha (foto) chocou o Paraná no início de 2000. Assassinado no dia 21 de janeiro daquele ano, Donha era filiado ao PPS e o principal nome da oposição para a disputa das eleições para prefeito do município de Almirante Tamandaré, na Grande Curitiba, que na época era comandada por César Manfron, candidato à reeleição. Na noite do crime, ele e sua mulher, Iara, retornavam de um casamento quando foram abordados por dois homens no portão da chácara do casal. Ambos foram levados até Rio Branco do Sul e, no trajeto, Iara foi abandonada pela dupla. Em seguida, os criminosos dispararam contra as pernas de Donha, que teve uma artéria perfurada e não resistiu. Três semanas após o crime, a polícia prendeu o mecânico Edson Farias, acusado de ser o autor dos disparos. Edson identificou seu comparsa apenas como Zé e disse que havia sido contratado por um motorista da prefeitura, Antônio Martins Vidal, o Tico Pompílio, para dar um "susto" em Donha. Em troca do serviço, Edson receberia R$ 300 e um cargo na prefeitura. O irmão do prefeito, Ademir Manfron, chegou a ser citado nas investigações por participação no crime, mas ainda não foi levado a julgamento. Edson, Tico Pompílio e um cunhado do motorista foram assassinados no decorrer do processo, enquanto Zé permanece foragido. Para a família, o motorista da prefeitura seria apenas o contratante do crime, restando à Promotoria a tarefa de identificar os verdadeiros mandantes. Oito meses após assumir a prefeitura de Campinas (SP), o prefeito Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT (foto), foi assassinado às 22h do dia 10 de setembro de 2001, véspera dos atentados ao World Trade Center, em Nova York. Segundo a investigação, o carro de Toninho foi alvejado por três disparos logo após sair de um shopping de Campinas. Um dos projéteis de 9 mm atingiu o prefeito, que morreu na hora. Na versão da Polícia Civil, Toninho foi morto porque atrapalhou a fuga da quadrilha do criminoso Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, que estava em um Vectra prata. Dos quatro integrantes da quadrilha, apenas Andinho está vivo, e ele nega participação no assassinato. Os outros acusados pela morte do então prefeito foram mortos em duas ações policiais em Itu e Caraguatatuba. Em setembro de 2007, a Justiça paulista não aceitou a denúncia contra Andinho, por falta de provas. A Promotoria não havia encontrado a arma do crime nem estabelecido a motivação para a morte de Toninho do PT. A família do ex-prefeito defende a tese de crime político, já que ele vinha fazendo uma série de mudanças em contratos públicos, como o da administração do lixo e dos transportes, além de ter prestado depoimento na CPI do Narcotráfico. Participante da nona edição do Big Brother Brasil, André Cowboy (foto) foi morto com um tiro na nuca no dia 1º de junho de 2011, em seu sushi-bar em Alumínio (SP). Por volta das 2h, o ex-BBB ouviu o latido de seus cachorros e foi verificar o que estava ocorrendo. Pouco tempo depois, sua mulher escutou o som de um disparo de arma de fogo e acionou a Polícia Militar. Após a morte, a polícia trabalhou com diversas hipóteses para o crime, sendo as principais latrocínio - roubo seguido de morte - e execução por cobrança. Segundo parentes, o ex-BBB se endividou ao abrir o sushi-bar, instalado na fazenda onde morava, e estaria sofrendo com o assédio de agiotas. A Delegacia de Alumínio chegou a colher o depoimento de credores de Cowboy, sem, entretanto, identificar qualquer suspeito. mais especiais de notícias