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Correios se antecipam à greve e protocolam dissídio coletivo

13 set 2012 - 13h42
(atualizado às 14h07)
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A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) protocolou nesta quinta-feira pedido de dissídio coletivo no Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília. A empresa se antecipou às assembleias dos funcionários para decidir sobre a realização de greve. As reuniões estão marcadas para a próxima semana, a maioria delas para terça-feira.

Veja como a greve dos servidores federais pode afetar sua rotina

De acordo com nota divulgada pelos Correios, o objetivo de acionar o TST é "garantir a normalidade do atendimento à população brasileira". No documento, a ECT requer, entre outras medidas, a intermediação do tribunal "em vista da greve e do esgotamento das negociações" e a renovação do acórdão do tribunal relativo à paralisação de 2011, que teria validade por quatro anos.

Na última semana, a maioria das assembleias dos trabalhadores dos Correios decidiu por adiar a paralisação, na expectativa de que a empresa melhorasse a sua proposta de 5,2% de reajuste salarial.

A greve foi iniciada nos Estados de Minas Gerais e do Pará com baixos índices de adesão, segundo os Correios. "Desde o dia 3 de julho a empresa tenta, por meio do diálogo, negociar com as entidades sindicais", diz trecho de nota divulgada pela ECT.

Procurada, a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect) reagiu com surpresa à informação acerca do dissídio coletivo. "Lamentamos essa decisão da empresa, que vira as costas para os trabalhadores e demonstra não querer mais negociar", disse James Magalhães de Azevedo, secretário de Imprensa da Fentect. "A judicialização da greve mudará toda a nossa estratégia, vamos ouvir agora a nossa assessoria jurídica".

A assessoria do TST não soube informar se o processo foi encaminhado para algum ministro do órgão. "A empresa não negocia e usa o Judiciário contra os trabalhadores", disse o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná, Luiz Antonio de Souza, em entrevista à Agência Brasil. "Acionar o TST não evitará a greve. Pelo contrário, empurrará os trabalhadores para dar início a uma paralisação".

O comando de negociação da Fentect reivindica 43,7% de reajuste, R$ 200 de aumento linear e piso salarial de R$ 2,5 mil. Quatro sindicatos dissidentes (São Paulo, Rio de Janeiro, Tocantins e Bauru), que se desfiliaram da federação, reivindicam 5,2% de reposição, 5% de aumento real e reajuste linear de R$ 100. O salário-base inicial de carteiros, atendentes comerciais e operadores de triagem e transbordo é R$ 942.

O movimento grevista

Iniciados em julho, os protestos e as paralisações de servidores de órgãos públicos federais cresceram no mês de agosto. Pelo menos 25 categorias entraram em greve, tendo o aumento salarial como uma das principais reinvindicações. O Ministério do Planejamento estima que a paralisação tenha envolvido cerca de 80 mil servidores. Em contrapartida, os sindicatos calculam que 350 mil funcionários aderiram ao movimento.

A greve afetou servidores da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Arquivo Nacional, da Receita Federal, dos ministérios da Saúde, do Planejamento, das Relações Exteriores, do Meio Ambiente e da Justiça, entre outros. O Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação (Sinagências) informou que dez agências reguladoras aderiram ao movimento.

Após apresentar proposta de aumento de 15,8%, dividido em três anos, o governo encerrou no dia 26 de agosto as negociações com os servidores. Policiais federais e funcionários do Incra foram as únicas classes que continuaram em greve após o fim das negociações. O orçamento anual do governo, com a previsão de gastos com a folha de pagamentos dos servidores em 2013, foi enviado ao Congresso em 30 de agosto.

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Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil
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