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Contrapor parto humanizado a segurança é desonesto, diz Jean

Deputado participou de audiência em Porto Alegre para discutir direitos das gestantes

30 jun 2015 - 08h58
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Jean ressaltou que todos os setores da sociedade estão convidados a contribuir com o projeto.
Jean ressaltou que todos os setores da sociedade estão convidados a contribuir com o projeto.
Foto: Emilene Lopes / Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra

“As redes sociais viraram selva, onde as pessoas acham que podem falar o que quiserem e onde eu sou bastante alvo de difamação. Inclusive, surpreendentemente, por parte de médicos. O que me chocou bastante”, declarou o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RS) em uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul na tarde desta segunda-feira (29). O encontro reuniu representantes médicos, enfermeiros e doulas para discutir o Projeto de Lei 7633/2014, protocolado por Jean em maio de 2014 e que garante à gestante o direito ao parto humanizado. O debate foi proposto pela deputada estadual Manuela D’Ávila (PCdoB-RS).

Ele contou que, muitas vezes, é questionado sobre por que, sendo homem, é o autor de uma proposta sobre maternidade e explicou que é um porta-voz, já que o projeto foi construído coletivamente com a Artemis, organização que luta pelos direitos reprodutivos e sexuais das mulheres. Quando as mulheres da Artemis o procuraram, Jean também quis entender por que ele seria seu representante. A resposta que teve é que procuravam alguém que já lutasse pelos direitos das mulheres e tivesse coragem para levantar essa bandeira, que envolveria lucro, ganho e privilégio. “Como eu já sou difamado normalmente pelas pautas que eu toco, já sou o inimigo público dos 'humanos direitos', que não são tão 'direitos'. Eu acatei o pedido e decidi vocalizar esse projeto de lei”, disse.

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Ele também ressaltou que todos os setores da sociedade estão convidados a contribuir com o projeto. “Em nenhum momento a gente eliminou a Sociedade Brasileira de Obstetrícia, o Conselho Federal de Medicina. Muito pelo contrário. Nós queremos que eles venham para o debate com honestidade intelectual. Porque me difamar nas redes sociais e colocar um anúncio contrapondo parto humanizado a parto seguro é ser desonesto intelectualmente”, disse Jean, referindo-se à campanha do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul contra o parto domiciliar que circula na imprensa gaúcha e nas redes sociais de entidades médicas.

Durante sua fala, o representante do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, Gustavo Steibel, ressaltou que a organização não tem interesse político e é a favor do parto normal e da cesariana quando bem indicada. Sob vaias da plateia, também reforçou a posição contrária da instituição ao parto domiciliar. “É muito mais fácil transformar o hospital em ambiente acolhedor, do que uma casa em um ambiente seguro”.

“As redes sociais viraram selva", declarou o deputado
“As redes sociais viraram selva", declarou o deputado
Foto: Emilene Lopes / Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra

Steibel destacou que o problema vai além de médicos despreparados, e está no sistema de saúde como um todo, que é sucateado e despreparado para receber as gestantes. “As práticas de cesarianas abusivas nos envergonham, e a gente gostaria muito de combater isso”, afirmou. “Essa polarização nas redes sociais e até mesmo aqui nessa sala - parece que eu estou contra ou a favor de alguém - só fragiliza a gestante. Eu gostaria de que, juntos, construíssemos um projeto de lei, mas que seja adequado para a nossa realidade. Porque do jeito que está, não vai ajudar muito”, declarou.

Projeto de Lei 7633/2014

A proposta garante à mãe o direito de escolher como dar à luz, com o mínimo de interferência médica, acesso a informações sobre procedimentos e direitos e abortamento seguro, nos casos já previstos em lei. O PL também estabelece como direitos do bebê o nascimento digno e seguro e o contato com a mãe logo no primeiro momento de vida, quando não houver impedimento médico. Define também o que é a violência obstétrica, qualificando entre essas formas de violência as cesáreas desnecessárias. 

Fonte: Cartola - Agência de Conteúdo
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