PUBLICIDADE

Com beijaço no RS, gays defendem criminalizar homofobia

18 mai 2011 - 15h20
(atualizado às 15h59)
Compartilhar
Mauricio Tonetto
Direto de Porto Alegre

O casal Anderson Souza e Vagner Carvalho, juntos há 6 anos, foi ao centro de Porto Alegre (RS) nesta quarta-feira para comemorar os avanços obtidos pelos homossexuais no Brasil e também para mandar um recado a quem trata os gays com preconceito. "Somos normais, pagamos nossos impostos e contas e temos o direito de casar e sermos felizes". Eles participaram do "Beijaço contra a homofobia", que reuniu cerca de 100 pessoas na Esquina Democrática, tradicional ponto de manifestações da capital gaúcha.

O "Beijaço contra a homofobia" reuniu cerca de 100 pessoas no centro de Porto Alegre (RS) nesta quarta-feira
O "Beijaço contra a homofobia" reuniu cerca de 100 pessoas no centro de Porto Alegre (RS) nesta quarta-feira
Foto: Mauricio Tonetto / Terra

Promovido pela Assembleia Nacional dos Estudantes - Livre! (Anel), o ato integrou homossexuais e simpatizantes, que exigem a aprovação do Projeto de Lei (PL) 122, de autoria da ex-deputada Iara Bernardi, que pede a criminalização da homofobia. "Só vamos ter um avanço de consciência das pessoas quando o PL for aprovado. Não basta o movimento gay se organizar se não tivermos o amparo da lei e do governo", defendeu Renata Morais dos Santos, 24 anos.

Durante uma hora, das 12h30 às 13h30, os organizadores do beijaço distribuíram panfletos, gritaram palavras de ordem contra a discriminação, conversaram com as pessoas e promoveram um beijo coletivo duas vezes. "Isso é simbólico e mostra a necessidade da liberdade de expressão e da plena vivência da sexualidade da sociedade. Temos que exigir do governo a aprovação do PL, porque já foram muitas agressões e assassinatos motivados por ódio homofóbico e é hora de acabar com isso", disse Gylian Vinicius Cidade, 21 anos.

Sem vergonha de se expor

A estudante de Artes Cênicas Geovana Bortolini, 18 anos, bissexual assumida, disse que revelar a sua opção sexual é fundamental para derrubar o preconceito. "Enquanto a gente ficar só esperando que os outros aceitem sem mostrar para eles como é, será difícil eles perceberem o quanto é importante a aceitação".

Opinião semelhante têm Anderson Souza e Vagner Carvalho, que pretendem formalizar a união estável nos próximos meses. "Estamos lutando pelos nossos direitos e não queremos agredir ninguém. As pessoas têm que entender que todo mundo deve ser feliz como é, como gosta e como acredita. Preconceitos contra cor, classe social e sexo não cabem mais em pleno século 21", disse Anderson.

Sem nenhum distúrbio registrado, o ato foi bem recebido por pessoas como Nara Regina Duarte, 53 anos, que passava pelo local. "Eu acho muito importante isso, pois o preconceito é uma forma muito triste de expressão e de vida. Você tem que ver e viver com os olhos bem abertos para o futuro".

Homofobia no Brasil

O Brasil tem a maior parada gay do mundo, mas é recordista em agressões e assassinatos homofóbicos. Segundo o relatório Anual de Assassinato de Homossexuais de 2010 realizado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), foram documentados 260 assassinatos de gays, travestis e lésbicas no País no ano passado.

No topo da lista, a Bahia é o Estado que mais registra atos de violência, com 29 homicídios. O Rio Grande do Sul está na 20ª posição, com quatro assassinatos. O GGB coleta dados sobre homofobia no Brasil há três décadas.

STF decide a favor de união gay

Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu no dia 5 de maio de 2011 pelo reconhecimento de união estável entre pessoas do mesmo sexo. Todos os dez ministros aptos a votar foram favoráveis a estender a parceiros homossexuais direitos hoje previstos a casais heterossexuais - o ministro Dias Toffoli se declarou impedido de participar porque atuou como advogado-geral da União no caso e deu, no passado, parecer sobre o processo.

Com o julgamento, os magistrados abriram espaço para o direito a gays em união estável de terem acesso a herança e pensões alimentícia ou por morte, além do aval de tornarem-se dependentes em planos de saúde e de previdência. Após a decisão, os cartórios não deverão se recusar, por exemplo, a registrar um contrato de união estável homoafetiva, sob pena de serem acionados judicialmente. Itens como casamentos civis entre gays ou o direito de registro de ambos os parceiros no documento de adoção de uma criança, porém, não foram atestados pelo plenário.

Fonte: Terra
Compartilhar
TAGS
Publicidade