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COI evita polêmicas e elogia obras da Olimpíada do Rio

1 out 2014 - 20h38
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Jefferson Puff

Da BBC Brasil no Rio de Janeiro

A sétima missão de inspeção do Comitê Olímpico Internacional (COI) se disse nesta quarta-feira "muito satisfeita" com os preparativos para a Olimpíada do Rio-2016, classificados pela própria instituição há apenas seis meses como "os piores da história" dos Jogos.

Questionada sobre a mudança drástica de avaliação, a marroquina Nawal El Moutawakel, chefe da Comissão Técnica que periodicamente vem ao Brasil, repetiu que o COI está "satisfeito" com o progresso ocorrido desde a última visita, em março deste ano.

"Deixamos o Rio satisfeitos com o progresso que foi feito desde a nossa última visita em março. O forte compromisso das autoridades brasileiras para o sucesso dos Jogos do Rio 2016 nos foi reforçado pela presença da presidente Dilma Rousseff durante nossa visita ao Parque Olímpico, ontem", disse.

Ela ainda citou obras de legado, como os cinco BRTs, uma linha de metrô e melhorias de saneamento básico, e quanto ao prazo, disse que "nós permanecemos confiantes de que, apesar do cronograma muito apertado, nossos parceiros brasileiros entregarão Jogos bem sucedidos".

Baía de Guanabara e regata

Tamanho foi o entusiasmo demonstrado pela mesa durante a entrevista que Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do Comitê Rio-2016, afirmou que, em agosto deste ano, durante uma regata de vela na Baía de Guanabara "alguns atletas chegaram a se jogar na água, de tão felizes com as condições da Baía".

Ainda sobre o primeiro de mais de 40 eventos testes que a cidade deve sediar antes da competição oficial, Moutawakel afirmou que "o evento teste foi um sucesso" e que, de forma geral, tanto os atletas quanto o COI classificaram as condições como satisfatórias.

Atletas brasileiros e estrangeiros relataram um cenário diferente à BBC Brasil durante a competição. Ainda em agosto, após uma semana de treinamentos, o australiano Nathan Outteridge, de 28 anos, mostrou-se pessimista.

Clique e relembre: Velejadores relatam lixo, móveis e baleia morta antes de evento-teste da Rio-2016

Na época, o brasileiro Marcos Grael, de 25 anos, filho do bicampeão olímpico de vela Torben Grael, falou sobre os perigos do contato com a água da baía.

"Já vi competidores estrangeiros aqui com um ralado, um machucado no braço, que infecciona e demora muito mais do que o normal para cicatrizar. É claro que a gente se pergunta. Tem uns que passam mal do estômago também. Pode ter a ver com a água".

Desafios e eventos teste

Apesar da mensagem geral de otimismo, a chefe da Comissão Técnica admitiu desafios nas áreas de construção e acomodação.

"A acomodação sempre foi um desafio, com o grande número de hotéis que têm que ser construídos antes dos jogos, mas informações muito claras e confiáveis foram apresentadas à Comissão, indicando que os 68 novos hotéis em construção estão dentro do prazo", disse Nawal El Moutawakel.

Já Christophe Dubi, em sua primeira visita ao Brasil após ter sido nomeado Diretor-Executivo de Jogos Olímpicos do COI no início de setembro, também reforçou o bom andamento das obras.

"O que recebemos de informação por parte dos organizadores locais nos deixou satisfeitos e confiantes. A movimentação de terra (terraplanagem) vista em muitos dos locais de competição é parte essencial das construções, estamos confiantes", disse.

Ele também citou "O Explicador", ao se referir às reuniões. Trata-se de uma série de vídeos produzidos pela Prefeitura do Rio nos quais um comediante sai às ruas da cidade explicando situações como problemas no trânsito, devido às obras olímpicas, e algumas das principais obras de infraestrutura relacionadas aos Jogos Olímpicos pelas quais a cidade passa atualmente.

"Os vídeos do 'Explicador' foram uma ótima maneira de começar nossas reuniões", disse o membro do COI, que substitui Gilbert Felli na posição.

Sobre o antecessor, que foi enviado ao Rio ainda no primeiro semestre, após o comentário do vice-presidente do COI, John Coates, sobre o andamento dos preparativos, Dubi disse o colega permanecerá no Brasil como consultor.

"Apesar de ter tido a oportunidade de se aposentar, Felli decidiu continuar conosco, como consultor. Com seu conhecimento incrível, tem ajudado muito o comitê organizador", disse.

Golfe

Questionada por um jornalista estrangeiro sobre problemas nas licenças ambientais do local que deve sediar as competições de golfe e possíveis preocupações do COI, Nawal El Moutawakel repassou a pergunta a Carlos Arthur Nuzman, que, por sua vez, disse que "as responsabilidades são da Prefeitura, são eles que têm que responder".

O prefeito Eduardo Paes não estava presente na entrevista coletiva. As obras do campo que deve sediar as competições de golfe são alvo de uma ação do Ministério Público por suposta devastação de mata nativa.

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