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Vizinho relata desespero após queda de helicóptero: 'larguei tudo'

21 jan 2013 - 19h27
(atualizado às 20h05)
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O pedreiro Natalino José Ferreira, 52 anos, tinha acabado de falar por telefone com o filho de 10 anos, João Vitor, quando viu na televisão que uma aeronave havia caído sobre uma área residencial no Jardim Rincão, na região do Jaraguá, zona norte de São Paulo, no início da tarde desta segunda-feira. O local fica exatamente onde ele vive com a mulher, Margarida, e o filho - que naquele momento estava sozinho na residência. Desesperado, e sem conseguir identificar se era seu o imóvel atingido pelo helicóptero, Natalino largou o serviço, no Parque Dom Pedro 1º (centro), e pegou três conduções - metrô, trem e ônibus - para voltar para casa.

A aeronave caiu sobre uma área residencial no Jardim Rincão, na região do Jaraguá, zona norte de São Paulo, no início da tarde desta segunda-feira
A aeronave caiu sobre uma área residencial no Jardim Rincão, na região do Jaraguá, zona norte de São Paulo, no início da tarde desta segunda-feira
Foto: Bruno Santos / Terra

"Eu saí tremendo, até chorei. Falou na TV que caiu um avião na minha casa e eu fiquei desesperado", contou o morador, que levou mais de uma hora para chegar ao local.

No momento do acidente, a mulher de Natalino havia saído para fazer um "bico" como costureira em uma casa próxima ao local, mas o filho do casal ficou em casa. Ele, que nasceu com um problema nos pés e já passou por duas cirurgias, tem dificuldades para se locomover, e ligou para o pai pedindo ajuda. Apesar do susto, a casa atingida não era a de Natalino, mas sim a dos vizinhos de porta do pedreiro. Três moradores e uma vizinha estavam no imóvel atingido pelo helicóptero, mas ninguém se feriu com gravidade - apenas uma moradora, de 33 anos, caiu ao correr para fora da casa e teve de ser encaminhada a um hospital da região com ferimentos leves.

"Ele me ligou no celular e falou: 'pai, vem embora porque caiu um helicóptero aqui e a mãe ainda não chegou'. A mãe dele estava ali pertinho, ela já ia voltar, ia chegar para o almoço (o acidente foi por volta das 12h45), mas ele não conseguiu falar com ela. Ele estava nervoso, mas eu estava mais desesperado ainda", relatou Natalino, lembrando o nervosismo do momento.

João Vitor foi resgatado pelo irmão dos moradores da casa atingida pelo helicóptero, que ouviu o menino gritar e arrombou a porta da casa do pedreiro para retirá-lo do local - o medo dos moradores era de que a aeronave pudesse explodir, ou que o acidente tivesse danificado a estrutura das casas ao lado.

"Ele estava na casa da namorada dele aqui perto e viu quando o helicóptero caiu. Aí veio correndo ajudar a gente e já ajudou o filho dele também", contou Josiel Gomes da Silva, 27 anos, morador do imóvel prejudicado pela queda. "Eu agradeci muito, porque eles ajudaram o meu filho. Ele estava muito nervoso, assustado, mas está tudo bem, graças a Deus não aconteceu nada com ele", disse o pai.

Nem Natalino nem Josiel e os demais moradores sabem, no entanto, quando poderão voltar para suas residências. Além da casa atingida, outros três imóveis foram interditadas por tempo indeterminado pela Defesa Civil de São Paulo, por correrem risco de desabar.

O acidente

Quatro pessoas estavam no helicóptero no momento do acidente, que ocorreu por volta das 12h45 desta segunda-feira: o piloto, Marcelo Stella de Melo Ribeiro, 29 anos, era funcionário da empresa Helimarte, responsável pela aeronave, e morreu na queda. As outras três vítimas eram funcionários da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente: Ramiro Levy, 45 anos; Fabiana Bispo Barbosa, 31 anos; e Idevanir Souza, 28 anos, que foram socorridos pelo Corpo de Bombeiros e levados ao Hospital das Clínicas e ao Hospital São Camilo.

A aeronave pertencia à empresa de táxi aéreo Helimarte, e estava serviço da prefeitura de São Paulo quando caiu, durante um sobrevoo de duas horas para fiscalização, acompanhamento de áreas e vistoria de parques. Ao todo, mais de 30 bombeiros participaram da operação de resgate das vítimas. As causas do acidente ainda serão investigadas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) e pela Polícia Civil.

Fonte: Terra
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