PUBLICIDADE

Tragédia em Santa Maria

RS: prorrogada prisão temporária de 4 envolvidos em incêndio

1 fev 2013 - 12h40
(atualizado às 13h09)
Compartilhar
Exibir comentários

A Justiça do Rio Grande do Sul prorrogou nesta sexta-feira por 30 dias a prisão temporária de dois sócios-proprietários da boate Kiss e de dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira devido ao incêndio na casa noturna em Santa Maria (RS). Os donos Elissandro Spohr, o Kiko, e Mauro Hoffmann, o vocalista Marcelo de Jesus dos Santos e o produtor Luciano Augusto Bonilha Leão estão detidos desde a última segunda-feira. 

Galeria de fotos: Veja quem são as vítimas do incêndio em boate de Santa Maria

Infográfico: Veja como a inalação de fumaça pode levar à morte

Veja relatos de sobreviventes e familiares após incêndio no RS

A prorrogação foi concedida pelo juiz plantonista Regis Adil Bertolini, da Comarca de Santa Maria, depois do parecer favorável ao pedido da polícia dado ontem pelo Ministério Público. De acordo com o magistrado, o delegado apresentou novas declarações de testemunhas, que indicaram que o comportamento dos quatro envolvidos pode ter desencadeado o incidente.

Na decisão, o juiz destacou que Mauro Hoffmann sabia e acompanhava tudo o que se passava no estabelecimento. Em depoimento, uma funcionária relatou que Kiko tinha pouco cuidado com relação à segurança - tendo sido constatado que nenhum extintor de incêndio funcionava - e que não tinha controle quanto à lotação da casa noturna, sem observância da capacidade máxima permitida.

Quanto ao produtor da banda, Bonilha, o dono da loja onde foram comprados os fogos disse em depoimento que alertou que o sinalizador não era adequado para ambientes internos. Além disso, há sete anos o produtor utilizava os artefatos em shows e, em decorrência disso, tinha ciência dos riscos.

Em relação ao vocalista Marcelo, a decisão diz que ele também tinha conhecimento do perigo, pois manuseava os fogos acoplados à mão. "Além disso, após perceber o fogo, seu comportamento teria sido determinante para o desenrolar dos fatos, pois não avisou o público do que estava ocorrendo." O processo agora passa a tramitar na 1ª Vara Criminal de Santa Maria, sob análise do juiz Ulysses Fonseca Louzada.

 
INCÊNDIO EM SANTA MARIA

Entenda detalhes de como aconteceu a tragédia em Santa Maria, na região central do RS, que chocou o País e o mundo e como era a Boate Kiss por dentro
Incêndio na Boate Kiss
Um incêndio de grandes proporções deixou mais de 230 mortos na madrugada do dia 27 de janeiro, em Santa Maria (RS). O incidente, que começou por volta das 2h30, ocorreu na Boate Kiss, na rua dos Andradas, no centro da cidade. O Corpo de Bombeiros acredita que o fogo tenha iniciado com um artefato pirotécnico lançado por um integrante da banda que fazia show na festa universitária.
 
Segundo um segurança que trabalhava no local, muitas pessoas foram pisoteadas. "Na hora que o fogo começou, foi um desespero para tentar sair pela única porta de entrada e saída da boate, e muita gente foi pisoteada. Todos quiseram sair ao mesmo tempo e muita gente morreu tentando sair", contou. O local foi interditado e os corpos foram levados ao Centro Desportivo Municipal, onde centenas de pessoas se reuniam em busca de informações.
 
A prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias e anunciou a contratação imediata de psicólogos e psiquiatras para acompanhar as famílias das vítimas. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde se reuniu com o governador Tarso Genro e parentes dos mortos. A tragédia gerou uma onda de solidariedade tanto no Brasil quanto no exterior.
 
Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.
 
Na segunda-feira, quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Sphor, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffman, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investigava documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergiam sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.
 
A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.
 

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade