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Tragédia em Santa Maria

RS: prefeito de Santa Maria vai depor na 6ª sobre tragédia

Polícia Civil vai receber nesta quarta-feira a lista com os nomes de todos que receberam atendimento médico, que pode indicar superlotação da boate

5 mar 2013 - 23h21
(atualizado às 23h22)
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<p>Incêndio na Boate Kiss na madrugada do dia 27 de janeiro deixou 240 mortos </p>
Incêndio na Boate Kiss na madrugada do dia 27 de janeiro deixou 240 mortos
Foto: Rafael Dias/Agência Freelancer / Especial para Terra

A Polícia Civil de Santa Maria confirmou, no final da tarde desta terça-feira, que está agendado para sexta-feira o depoimento do prefeito Cezar Schirmer (PMDB) no inquérito que investiga a tragédia na Boate Kiss. Ele não poderá ser ouvido antes porque irá viajar a Brasília nesta quarta-feira, retornando no dia seguinte. A intenção é saber o que o chefe do Executivo tem a dizer sobre a liberação de alvarás e a fiscalização de estabelecimentos comerciais na cidade.

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O depoimento de Schirmer será uma espécie de contraponto às declarações do presidente do Sindicato dos Municipários de Santa Maria, Cilon Regis Corrêa, que depôs nesta terça-feira na Polícia Civil e criticou a "falta de comando" na prefeitura. Ele ainda mencionou a falta de treinamento para identificar situações de risco e a ausência de uma rotina de fiscalização aos estabelecimentos em geral. "A fiscalização só age quando recebe uma denúncia", disse Corrêa.

Nesta quarta-feira, a Polícia Civil vai receber uma lista da Secretaria Estadual da Saúde com os nomes de todas as pessoas que receberam atendimento médico em hospitais e pronto-atendimentos, em função do incêndio da Boate Kiss. Com esses dados, serão feitos cruzamentos com os nomes de pessoas que já deram depoimento. Com mais o número de 240 mortos e eliminando frequentadores da Kiss que se repitam nas listas, o delegado Sandro Meinerz, um dos responsáveis pelo caso, diz que o objetivo é chegar o mais perto possível do número de pessoas que estavam na casa noturna na madrugada do incêndio. "Ao que tudo indica, vai apontar uma superlotação da boate", acredita Meinerz.

Até o final desta semana, a Polícia Civil ainda pretende ouvir novamente os quatro presos – os sócios da Kiss, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, e os dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, o vocalista Marcelo de Jesus dos Santos e o produtor musical Luciano Bonilha Leão. O objetivo é esclarecer pontos que, durante o curso da investigação, se mostraram divergentes ao que foi apurado pelos investigadores e relatado por testemunhas.

Há contradições, por exemplo, entre o que disseram funcionários da boate e os dois sócios, ligadas a questões de lotação da casa noturna. Há também versões diferentes entre músicos da banda e os dois donos do estabelecimento em relação à origem do incêndio e a culpa pelo que aconteceu. A data e o local dos depoimentos dos quatro presos ainda são mantidos em sigilo pela Polícia Civil, por uma questão de segurança.

Nesta terça-feira, o delegado Sandro Meinerz reafirmou que a intenção é concluir o inquérito com todas as responsabilidades apontadas, tanto em relação ao incêndio quando à liberação de alvarás para o funcionamento da Kiss. O prazo termina na próxima segunda-feira, mas ele não descarta um pequeno atraso, podendo remeter o inquérito para a Justiça na próxima terça-feira.  

Presos depõem no inquérito policial militar

Na tarde desta terça-feira, os quatro presos por causa da tragédia na Boate Kiss foram ouvidos no inquérito policial militar que investiga possíveis irregularidades na fiscalização e na concessão de alvarás pelo Corpo de Bombeiros à casa noturna. Os depoimentos foram dados na Penitenciária Estadual de Santa Maria, onde Elissandro Spohr, Mauro Hoffmann, Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Bonilha Leão cumprem prisão preventiva. O prazo para a conclusão do inquérito militar termina no sábado, podendo ser prorrogado por 20 dias. Até agora, foram cerca de 200 depoimentos. 

Incêndio na Boate Kiss

Na madrugada do dia 27 de janeiro, um incêndio deixou mais de 230 mortos em Santa Maria (RS). O fogo na Boate Kiss começou por volta das 2h30, quando um integrante da banda que fazia show na festa universitária lançou um artefato pirotécnico, que atingiu a espuma altamente inflamável do teto da boate.

Com apenas uma porta de entrada e saída disponível, os jovens tiveram dificuldade para deixar o local. Muitos foram pisoteados. A maioria dos mortos foi asfixiada pela fumaça tóxica, contendo cianeto, liberada pela queima da espuma.

Os mortos foram velados no Centro Desportivo Municipal, e a prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde prestou solidariedade aos parentes dos mortos.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.

Quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investiga documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergem sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

No dia 25 de fevereiro, foi criada a Associação dos Pais e Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Boate Kiss em Santa Maria. A intenção é oferecer amparo psicológico a todas as famílias, lutar por ações de fiscalização e mudança de leis, acompanhar o inquérito policial e não deixar a tragédia cair no esquecimento.

Fonte: Especial para Terra
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