PUBLICIDADE

Tragédia em Santa Maria

RS: pedido de relaxamento de prisão por incêndio é negado

Juiz Ulysses Louzada indeferiu os pedidos feitos pelas defesas de três dos quatro detidos

6 fev 2013 - 11h10
(atualizado às 11h23)
Compartilhar
Exibir comentários

O pedido de relaxamento de prisão de três dos quatro envolvidos no incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, foi negado nesta quarta-feira. O juiz Ulysses Fonseca Louzada, da Comarca de Santa Maria, indeferiu as solicitações feitas pelas defesas dos dois sócios-proprietários da casa noturna - Elissandro Callegaro Spohr, o Kiko, e Mauro Hoffmann - e do produtor da banda Gurizada Fandangueira Luciano Augusto Bonilha Leão. 

Galeria de fotos: Veja quem são as vítimas do incêndio em boate de Santa Maria

Veja como a inalação de fumaça pode levar à morte

Veja relatos de sobreviventes e familiares após incêndio no RS

Os advogados encaminharam os pedidos de soltura alegando inconstitucionalidade na medida. Ao indeferir o pedido, o juiz considerou que a manutenção da prisão temporária é necessária para que a autoridade policial prossiga com a investigação. Além dos três, também está preso desde o dia 28 de janeiro o vocalista da banda, Marcelo de Jesus dos Santos. No último dia 1º, o juiz plantonista Régis Adil Bertolini prorrogou por 30 dias a prisão temporária dos envolvidos.

De acordo com o magistrado, ainda devem ser feitas acareações, buscas, reconstituições dos fatos, análise de documentos e perícias. Os suspeitos também devem prestar novos depoimentos e novas testemunhas serão ouvidas. "Há circunstâncias do fato que não puderam ser esclarecidas no exíguo prazo em que os investigados se encontram presos”", afirmou Louzada.

Ontem, Kiko, que estava internado no hospital de Cruz Alta, recebeu alta e foi transferido para a Penitenciária Estadual de Santa Maria, onde se encontram os demais suspeitos. O juiz negou também o pedido para que o empresário fosse transferido para a Penitenciária Modulada de Ijuí por considerar necessária a presença do sócio-proprietário na cidade da tragédia para possíveis acareações e reconstituições do incêndio. 

Os quatro estão recolhidos em celas individuais e com o máximo de segurança, sem contato entre si ou com os outros presos. O magistrado deferiu o pedido para que Hoffmann seja submetido à avaliação médica e psicológica e o de Kiko para que continue recebendo atendimento psiquiátrico por parte da equipe que já vinha o acompanhando desde a sua internação.

O pedido de decretação de sigilo do inquérito policial, formulado pela defesa dos dois empresários, foi encaminhado ao Ministério Público para manifestação.

 
INCÊNDIO EM SANTA MARIA

Entenda detalhes de como aconteceu a tragédia em Santa Maria, na região central do RS, que chocou o País e o mundo e como era a Boate Kiss por dentro

 

Incêndio na Boate Kiss

Um incêndio de grandes proporções deixou mais de 230 mortos na madrugada do dia 27 de janeiro, em Santa Maria (RS). O incidente, que começou por volta das 2h30, ocorreu na Boate Kiss, na rua dos Andradas, no centro da cidade. O Corpo de Bombeiros acredita que o fogo tenha iniciado com um artefato pirotécnico lançado por um integrante da banda que fazia show na festa universitária.

Segundo um segurança que trabalhava no local, muitas pessoas foram pisoteadas. "Na hora que o fogo começou, foi um desespero para tentar sair pela única porta de entrada e saída da boate, e muita gente foi pisoteada. Todos quiseram sair ao mesmo tempo e muita gente morreu tentando sair", contou. O local foi interditado e os corpos foram levados ao Centro Desportivo Municipal, onde centenas de pessoas se reuniam em busca de informações.

A prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias e anunciou a contratação imediata de psicólogos e psiquiatras para acompanhar as famílias das vítimas. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde se reuniu com o governador Tarso Genro e parentes dos mortos. A tragédia gerou uma onda de solidariedade tanto no Brasil quanto no exterior.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.

Na segunda-feira, quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Sphor, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffman, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investigava documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergiam sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade