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Tragédia em Santa Maria

RS: Banda dos Fuzileiros abre o dia de homenagens para vítimas da Kiss

Banda Marcial fará três apresentações em Santa Maria nesta quarta-feira, em memória aos mortos na tragédia da Boate Kiss

10 abr 2013 - 09h53
(atualizado às 10h32)
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<p>Al&eacute;m do Hino Nacional, a banda apresentou as m&uacute;sicas &#39;Amazing Grace&#39; e &#39;You Raise me Up&#39;</p>
Além do Hino Nacional, a banda apresentou as músicas 'Amazing Grace' e 'You Raise me Up'
Foto: Luiz Roese / Especial para Terra

O dia começou em Santa Maria (RS) com a música da Banda Marcial dos Fuzileiros Navais, que está na cidade para três apresentações em homenagem às vítimas da tragédia da Boate Kiss e em agradecimento aos voluntários que auxiliaram no resgate das vítimas e no atendimento aos sobreviventes do incêndio. O primeiro concerto começou pontualmente às 8h, na Praça Saldanha Marinho, no centro.

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Antes da apresentação dos fuzileiros, a Banda da 3ª Divisão do Exército tocou o Hino Nacional para o hasteamento das bandeiras do Brasil, do Rio Grande do Sul e de Santa Maria por integrantes da Associação dos Familiares das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM). Cerca de 300 pessoas acompanharam a atividade na principal praça da cidade.  

A Banda dos Fuzileiros Navais apresentou duas músicas na manhã desta quarta-feira: Amazing Grace e You Raise Me Up. Um trecho de Amazing Grace (em português, "Graça Maravilhosa"), conhecido hino gospel, diz "O Senhor me prometeu o bem / Sua palavra assegura a minha esperança / Ele vai ser o meu escudo e porção / Enquanto a vida durar".

Já a letra de You Raise Me Up (em português, "Você me eleva") diz: "Quando estou triste, e minha alma, está cansada / Quando os problemas fazem o coração pesar / Então, eu paro no meio do silêncio até que venhas ao meu lado sentar / Até você vir e sentar-se por um instante comigo".

À tarde, a banda marcial, que está em Santa Maria com 98 integrantes, fará um concerto no campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Largo do Planetário, às 13h30. O grupo promete uma "surpresa" para esta apresentação.

A última apresentação do dia, que terá a duração mais longa, será na Praça General Osório, conhecida popularmente como Praça do Mallet, no bairro Passo D'Areia. Esse concerto, marcado para começar pontualmente às 19h30, tem um sentido de levar alegria e entusiasmo às pessoas.

Todos os concertos são gratuitos e abertos ao público em geral. As apresentações são promovidas pelo sistema Fecomércio-RS, em parceria com a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) e a UFSM.

Incêndio na Boate Kiss

Na madrugada do dia 27 de janeiro, um incêndio deixou 241 mortos em Santa Maria (RS). O fogo na Boate Kiss começou por volta das 2h30, quando um integrante da banda que fazia show na festa universitária lançou um artefato pirotécnico, que atingiu a espuma altamente inflamável do teto da boate.

Com apenas uma porta de entrada e saída disponível, os jovens tiveram dificuldade para deixar o local. Muitos foram pisoteados. A maioria dos mortos foi asfixiada pela fumaça tóxica, contendo cianeto, liberada pela queima da espuma.

Os mortos foram velados no Centro Desportivo Municipal, e a prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde prestou solidariedade aos parentes dos mortos.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.

Quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investiga documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergem sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

No dia 25 de fevereiro, foi criada a Associação dos Pais e Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Boate Kiss em Santa Maria. A associação foi criada com o objetivo de oferecer amparo psicológico a todas as famílias, lutar por ações de fiscalização e mudança de leis, acompanhar o inquérito policial e não deixar a tragédia cair no esquecimento.

Indiciamentos

Em 22 de março, a Polícia Civil indiciou criminalmente 16 pessoas e responsabilizou outras 12 pelas mortes na Boate Kiss. Entre os responsabilizados no âmbito administrativo, estava o prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer (PMDB). A investigação policial concluiu que o fogo teve início por volta das 3h do dia 27 de janeiro, no canto superior esquerdo do palco (na visão dos frequentadores), por meio de uma faísca de fogo de artifício (chuva de prata) lançada por um integrante da banda Gurizada Fandangueira.

O inquérito também constatou que o extintor de incêndio não funcionou no momento do início do fogo, que a Boate Kiss apresentava uma série das irregularidades quanto aos alvarás, que o local estava superlotado e que a espuma utilizada para isolamento acústico era inadequada e irregular. Além disso, segundo a polícia, as grades de contenção (guarda-corpos) existentes na boate atrapalharam e obstruíram a saída de vítimas, a boate tinha apenas uma porta de entrada e saída e não havia rotas adequadas e sinalizadas para a saída em casos de emergência - as portas apresentavam unidades de passagem em número inferior ao necessário e não havia exaustão de ar adequada, pois as janelas estavam obstruídas.

Já no dia 2 de abril, o Ministério Público denunciou à Justiça oito pessoas - quatro por homicídios dolosos duplamente qualificados e tentativas de homicídio, e outras quatro por fraude e falso testemunho. A Promotoria apontou como responsáveis diretos pelas mortes os dois sócios da casa noturna, Mauro Hoffmann e Elissandro Spohr, o Kiko, e dois dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Augusto Bonilha Leão.

Por fraude processual, foram denunciados o major Gerson da Rosa Pereira, chefe do Estado Maior do 4º Comando Regional dos Bombeiros, e o sargento Renan Severo Berleze, que atuava no 4º CRB. Por falso testemunho, o MP denunciou o empresário Elton Cristiano Uroda, ex-sócio da Kiss, e o contador Volmir Astor Panzer, da GP Pneus, empresa da família de Elissando - este último não havia sido indiciado pela Polícia Civil.

Os promotores também pediram que novas diligências fossem realizadas para investigar mais profundamente o envolvimento de outras quatro pessoas que haviam sido indiciadas. São elas: Miguel Caetano Passini, secretário municipal de Mobilidade Urbana; Belloyannes Orengo Júnior, chefe da Fiscalização da secretaria de Mobilidade Urbana; Ângela Aurelia Callegaro, irmã de Kiko; e Marlene Teresinha Callegaro, mãe dele - as duas fazem parte da sociedade da casa noturna.

Fonte: Especial para Terra
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