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Tragédia em Santa Maria

RS: 241ª vítima da tragédia da Kiss é enterrada em Santa Maria

Pais da jovem devem voltar neste sexta-feira a Porto Alegre para seguir acompanhando a outra filha que está internada por causa do incêndio na Boate Kiss

8 mar 2013 - 17h02
(atualizado às 17h02)
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<p>Incêndio na Boate Kiss matou mais de 240 pessoas e deixou centenas de feridos</p>
Incêndio na Boate Kiss matou mais de 240 pessoas e deixou centenas de feridos
Foto: Rafael Dias/Agência Freelancer / Especial para Terra

Foi debaixo de chuva que a 241ª vítima da tragédia da Boate Kiss foi enterrada na manhã desta sexta-feira em Santa Maria, no Cemitério Ecumênico Municipal, sob o acompanhamento de dezenas de pessoas. Driele Pedroso Lucas, 23 anos, morreu na manhã de quinta-feira, no Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre. Ela e a irmã, Ritchiele Pedroso Lucas, 19 anos, foram transferidas para a capital gaúcha no mesmo dia da tragédia, em 27 de janeiro.  

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O corpo da jovem chegou a Santa Maria no final da noite de quinta-feira. Os pais das duas irmãs, Sandra e Bráulio, viajaram para Santa Maria no mesmo dia. Eles participaram do velório e do enterro e devem voltar para Porto Alegre ainda nesta sexta-feira, para seguir acompanhando Ritchiele, que segue internada no Mãe de Deus e já foi avisada sobre a morte da irmã.  

O presidente da Associação de Familiares das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia em Santa Maria, Adherbal Ferreira, esteve entre as centenas de pessoas que passaram pelo velório de Driele, desde o final da noite de quinta-feira, nas capelas do Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo. Ele foi ao local pouco antes de o corpo ser levado em cortejo até o Cemitério Ecumênico, rezou um Pai Nosso e disse algumas palavras de conforto, que foram seguidas por um salva de palmas.

No enterro, um tio de Driele, que pediu para não ser identificado, declarou que a jovem era "muito carinhosa e apegada à família". Suélen Martins Dias, que foi colega de Driele no Ensino Médio e também é amiga da irmã dela, Ritchiele, foi ao enterro levando uma flor e uma foto de Renato Russo, ídolo da jovem. Ela descreveu a amiga como uma pessoa "super alto astral" e lembrou que encontrou Driele pela última vez cerca de duas semanas antes da tragédia.

No dia do incêndio, Suélen soube que a amiga estava na boate e saiu de casa desesperada procurando por Driele nos hospitais de Santa Maria, até saber que ela havia sido transferida para Porto Alegre.

Natural de Santa Maria, Driele trabalhava como caixa havia três anos na Di Marzari Panetteria, no centro da cidade. Ela tinha planos de voltar a estudar, motivada pela recente aprovação no Vestibular da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) da irmã Ritchiele, que passou em primeiro lugar em Ciências Biológicas.  

Incêndio na Boate Kiss

Na madrugada do dia 27 de janeiro, um incêndio deixou mais de 230 mortos em Santa Maria (RS). O fogo na Boate Kiss começou por volta das 2h30, quando um integrante da banda que fazia show na festa universitária lançou um artefato pirotécnico, que atingiu a espuma altamente inflamável do teto da boate.

Com apenas uma porta de entrada e saída disponível, os jovens tiveram dificuldade para deixar o local. Muitos foram pisoteados. A maioria dos mortos foi asfixiada pela fumaça tóxica, contendo cianeto, liberada pela queima da espuma.

Os mortos foram velados no Centro Desportivo Municipal, e a prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde prestou solidariedade aos parentes dos mortos.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.

Quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investiga documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergem sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

No dia 25 de fevereiro, foi criada a Associação dos Pais e Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Boate Kiss em Santa Maria. A intenção é oferecer amparo psicológico a todas as famílias, lutar por ações de fiscalização e mudança de leis, acompanhar o inquérito policial e não deixar a tragédia cair no esquecimento.

Fonte: Especial para Terra
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