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Tragédia em Santa Maria

Professor diz que Brasil deve rever critérios de fiscalização de eventos

28 jan 2013 - 19h04
(atualizado às 19h13)
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O País deve se apressar em rever os critérios de fiscalização e licenciamento de casas de eventos e entretenimento, alertou nesta segunda-feira o coordenador do Grupo de Análise de Risco Tecnológico e Ambiental da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), Moacyr Duarte. Ele se referia à tragédia ocorrida na madrugada de ontem em Santa Maria,  no Rio Grande do Sul, onde pelo menos 231 pessoas, a maioria com idade entre 16 e 20 anos, morreram em incêndio na Boate Kiss.

Mais de 230 pessoas morreram na tragédia de Santa Maria
Mais de 230 pessoas morreram na tragédia de Santa Maria
Foto: Daniel Favero / Getty Images

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GALERIA DE FOTOS:Veja quem são as vítimas do incêndio em boate de Santa Maria

Para Duarte, embora o local apresentasse várias características condenáveis, independentemente de qualquer legislação, ficou claro que ninguém se apercebeu disso até a tragédia. "A festa foi anunciada, o número de pessoas era conhecido, as limitações da casa eram conhecidas. Assim mesmo, a festa se realizou e acabou em tragédia."

Não há dúvida de que, após a perícia, a cadeia de responsabilidades “vai se estender muito”, disse o professor. Para ele, dois fatores distintos devem ser levados em conta: “uma coisa é por que o fogo começou e se espalhou, e a outra é por que não havia esquema para as pessoas fazerem a evacuação do prédio.”

Duarte disse que a observância de uma equação simples poderia ter evitado a tragédia: adequar o tamanho do espaço ao número de pessoas e ao material usado no ambiente. Se o espaço é muito congestionado, é preciso tirar os materiais inflamáveis. Se os inflamáveis são mantidos, não se pode deixar tanta gente entrar e é necessário aumentar o número de saídas. "Agora, uma saída, muita gente e muitos materiais pegando fogo é uma combinação insensata”, disse.

Na opinião do professor, o que o entristece é que o motivo das mortes tenha sido banal. “Foi a inobservância de coisas básicas”.

INCÊNDIO EM SANTA MARIA

Entenda detalhes de como aconteceu a tragédia em Santa Maria, na região central do RS, que chocou o País e o mundo e como era a Boate Kiss por dentro

 

Incêndio na Boate Kiss

Um incêndio de grandes proporções deixou mais de 230 mortos na madrugada deste domingo em Santa Maria (RS). O incidente, que começou por volta das 2h30, ocorreu na Boate Kiss, na rua dos Andradas, no centro da cidade. O Corpo de Bombeiros acredita que o fogo iniciou com um sinalizador lançado por um integrante da banda que fazia show na festa universitária.

Segundo um segurança que trabalhava no local, muitas pessoas foram pisoteadas. "Na hora que o fogo começou foi um desespero para tentar sair pela única porta de entrada e saída da boate e muita gente foi pisoteada. Todos quiseram sair ao mesmo tempo e muita gente morreu tentando sair", contou. O local foi interditado e os corpos foram levados ao Centro Desportivo Municipal, onde centenas de pessoas se reuniam em busca de informações.

A prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias e anunciou a contratação imediata de psicólogos e psiquiatras para acompanhar as famílias das vítimas. A presidente Dilma Rousseff interrompeu viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde se reuniu com o governador Tarso Genro e parentes dos mortos.

Agência Brasil Agência Brasil
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