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Tragédia em Santa Maria

Polícia deve indiciar responsáveis por homicídio doloso

1 fev 2013 - 18h28
(atualizado às 18h57)
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A polícia de Santa Maria informou, nesta sexta-feira, que os responsáveis pelo incêndio da Boate Kiss podem ser indiciados por homicídio qualificado por asfixia e conduta com dolo eventual (homicídio doloso), segundo afirmou o delegado Sandro Meinerz.

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"O dolo eventual acontece quando o indivíduo pratica comportamento com risco previsível e que gera dano, mas trata isso com desprezo, assumindo o risco da produção do resultado", afirmou o delegado.

Segundo ele, essas atitudes seriam a instalação de uma espuma acústica inflamável - que produziu a fumaça que matou as vítimas asfixiadas -, o uso de fogos de artifício inapropriados para um local fechado e a instalação das barras na saída da boate, que prejudicaram a saída das pessoas.

"A primeira (pessoa) que tentou apagar foi o vocalista, que com o microfone poderia ter informado que havia um problema e pedido para que as pessoas fossem saindo para fora, mas saiu correndo. Apenas um músico morreu porque voltou, quem estava da metade para o fundo não conseguiu sair", disse.

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Segundo o delegado, três extintores encontrados na casa foram levados para perícia, mas, no local, também foram encontrados outros dois extintores que teriam sido pegos no dia no supermercado Carrefour, que fica em frente à boate. Segundo Meinerz, 30 questões feitas pela polícia devem ser respondidas pelo relatório da perícia.

A polícia sabe que a espuma que gerou a fumaça tóxica que causou a morte das vítimas foi instalada por um funcionário da casa, no meio do ano passado, mas o engenheiro acústico ouvido pelos policiais negou que tenha indicado o produto. "Foi um funcionário da casa que instalou a espuma, metade estava usada e outra metade era nova, ou seja, pode ter sido trazida de outro local", disse.

Os policiais também divulgaram um e-mail (denunciapoliciasantamaria@gmail.com) para que a população envie informações que possam contribuir com as investigações. De acordo com a polícia, deste quinta-feira já foram enviadas seis mensagens com informações relevantes.

Os delegados relataram que, em reportagem divulgada recentemente, Kiko Spohr, um dos donos da boate, informava que o estabelecimento havia recebido cerca de 1,4 mil pessoas durante um evento - mais do que o dobro da capacidade da casa, que é de 691 pessoas. A polícia recebeu relatos de que, em dias de grandes shows, a boate chegou a abrigar mais de 2 mil pessoas.

Incêndio na Boate Kiss

Um incêndio de grandes proporções deixou mais de 230 mortos na madrugada do dia 27 de janeiro, em Santa Maria (RS). O incidente, que começou por volta das 2h30, ocorreu na Boate Kiss, na rua dos Andradas, no centro da cidade. O Corpo de Bombeiros acredita que o fogo tenha iniciado com um artefato pirotécnico lançado por um integrante da banda que fazia show na festa universitária.

Segundo um segurança que trabalhava no local, muitas pessoas foram pisoteadas. "Na hora que o fogo começou, foi um desespero para tentar sair pela única porta de entrada e saída da boate, e muita gente foi pisoteada. Todos quiseram sair ao mesmo tempo e muita gente morreu tentando sair", contou. O local foi interditado e os corpos foram levados ao Centro Desportivo Municipal, onde centenas de pessoas se reuniam em busca de informações.

A prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias e anunciou a contratação imediata de psicólogos e psiquiatras para acompanhar as famílias das vítimas. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde se reuniu com o governador Tarso Genro e parentes dos mortos. A tragédia gerou uma onda de solidariedade tanto no Brasil quanto no exterior.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.

Na segunda-feira, quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Sphor, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffman, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investigava documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergiam sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

Fonte: Revista Pais e Filhos Revista Pais e Fihos
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