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Tragédia em Santa Maria

MP pede que Justiça decrete prisão preventiva de músicos e donos da Kiss

Promotores emitiram parecer favorável ao pedido feito pela Polícia Civil, por entender que a manutenção da prisão garantiria a ordem pública

28 fev 2013 - 20h19
(atualizado às 20h26)
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<p>Mauro (esq.) e Kiko (dir.) são sócios proprietários da Boate Kiss</p>
Mauro (esq.) e Kiko (dir.) são sócios proprietários da Boate Kiss
Foto: Nabor Goulart/Agência Freelancer/Facebook / Reprodução

O Ministério Público de Santa Maria emitiu parecer favorável, nesta quinta-feira, ao pedido feito pela Polícia Civil à Justiça do Rio Grande do Sul para que seja decretada a prisão preventiva dos proprietários da Boate Kiss, Elissandro Callegaro Spohr, o Kiko, e Mauro Londero Hoffmann, e de dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Os quatro estão presos temporariamente após o incêndio que deixou mais de 230 mortos.

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No parecer, os promotores Maurício Trevisan e Joel Oliveira Dutra sustentam que os responsáveis pela investigação do incêndio apontam condutas atribuíveis aos quatro representados, alinham fundamentos jurídicos e pedem a prisão preventiva para garantia da ordem pública e por conveniência da instrução criminal.

De acordo com os promotores de Justiça, Spohr e Hoffmann, ao manterem a boate em funcionamento sem condições de segurança para todas as pessoas que estavam lá no dia do incêndio, submeteram as pessoas "a altíssimo risco na busca de lucro e maximização de proveito econômico do negócio que geriam".

Já em relação aos dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, os promotores argumentam que eles, ao usarem artefato pirotécnico gerador de fogo proibidos em locais fechados, também foram "movidos na busca de proveito econômico, agindo de modo direto na criação do risco que acabou se concretizando e gerando o incêndio". O pedido foi encaminhado à 1ª Vara Criminal de Santa Maria, que deve analisá-lo nos próximos dias.

Incêndio na Boate Kiss

Na madrugada do dia 27 de janeiro, um incêndio deixou mais de 230 mortos em Santa Maria (RS). O fogo na Boate Kiss começou por volta das 2h30, quando um integrante da banda que fazia show na festa universitária lançou um artefato pirotécnico, que atingiu a espuma altamente inflamável do teto da boate.

Com apenas uma porta de entrada e saída disponível, os jovens tiveram dificuldade para deixar o local. Muitos foram pisoteados. A maioria dos mortos foi asfixiada pela fumaça tóxica, contendo cianeto, liberada pela queima da espuma.

Os mortos foram velados no Centro Desportivo Municipal, e a prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde prestou solidariedade aos parentes dos mortos.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.

Quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investiga documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergem sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

No dia 25 de fevereiro, foi criada a Associação dos Pais e Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Boate Kiss em Santa Maria. A intenção é oferecer amparo psicológico a todas as famílias, lutar por ações de fiscalização e mudança de leis, acompanhar o inquérito policial e não deixar a tragédia cair no esquecimento.

Fonte: Terra
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