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Tragédia em Santa Maria

Luto dá lugar a explicações e cobrança por justiça em Santa Maria

29 jan 2013 - 22h10
(atualizado às 22h12)
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A cidade de Santa Maria volta aos poucos a sua rotina. Depois de uma segunda-feira em luto pelas mais de 230 mortes no incêndio da Boate Kiss, o silêncio deu lugar aos gritos de justiça. A prefeitura se eximiu de responsabilidades, enquanto os bombeiros tentaram mostrar que a estrutura do espaço de festas atendia às normas vigentes. Já a polícia viu uma série de erros nos eventos que resultaram no desfecho trágico.

Em cartaz, mulher faz alusão ao mensalão para exigir punição aos responsáveis pelo incêndio
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Foto: Fernando Borges / Terra

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Na tarde desta terça-feira, o delegado Marcelo Arigony relatou que a boate fez diversas reformas "no arrepio de qualquer fiscalização" e estava com alvarás vencidos. Para os investigadores, a porta era insuficiente para dar vazão ao público e a espuma utilizada para isolar o som do local era altamente tóxica quando queimada.

A entrevista coletiva do delegado foi interrompida por gritos de protesto. O branco da marcha silenciosa de segunda-feira deu lugar ao preto. Jovens gritavam "prefeitura omissa, queremos Justiça". O responsável pelas investigações desceu e aplaudiu os manifestantes. Emocionado, Arigony falou aos jovens e garantiu rigor nos trabalhos.

Perto dali, o prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer, distribuiu cópias de documentos para a imprensa. Queria mostrar que a fiscalização do plano de prevenção contra incêndios compete aos bombeiros, conforme lei estadual, e que o alvará sobre incêndio que estava vencido era de responsabilidade da corporação. O documento que a prefeitura deveria cuidar tinha validade até abril deste ano, apontavam os papeis.

Para os bombeiros, os fatores decisivos para a tragédia foram a lotação do local e o uso de artefato pirotécnico em local fechado. A banda Gurizada Fandangueira, segundo as investigações, comprou o sinalizador conhecido como Sputnik para uso externo, por ser mais barato (R$ 2,50). Uma versão semelhante para uso em ambientes internos custa aproximadamente R$ 70.

Durante a manhã e a tarde, o subcomandante dos Bombeiros em Santa Maria, Gerson Pereira, sustentou que a casa noturna atendia às normas de segurança, com base na última vistoria realizada. A única saída, segundo ele, se enquadrava nos padrões exigidos, mesmo que os bombeiros tivessem recomendado a instalação de mais saídas de emergência.

Mais tarde, a corporação divulgou nota em que afirma ter recebido laudo técnico da boate, o qual registrava duas saídas de emergência com barras antipânico e devidamente sinalizadas. O Comando-Geral informou ainda que não recebeu pedido de autorização para o uso de artefatos pirotécnicos. A renovação do alvará de prevenção contra incêndios foi solicitada em novembro e estava em tramitação, diz a nota.

 
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Incêndio na Boate Kiss

Um incêndio de grandes proporções deixou mais de 230 mortos na madrugada deste domingo em Santa Maria (RS). O incidente, que começou por volta das 2h30, ocorreu na Boate Kiss, na rua dos Andradas, no centro da cidade. O Corpo de Bombeiros acredita que o fogo iniciou com um sinalizador lançado por um integrante da banda que fazia show na festa universitária.

Segundo um segurança que trabalhava no local, muitas pessoas foram pisoteadas. "Na hora que o fogo começou foi um desespero para tentar sair pela única porta de entrada e saída da boate e muita gente foi pisoteada. Todos quiseram sair ao mesmo tempo e muita gente morreu tentando sair", contou. O local foi interditado e os corpos foram levados ao Centro Desportivo Municipal, onde centenas de pessoas se reuniam em busca de informações.

A prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias e anunciou a contratação imediata de psicólogos e psiquiatras para acompanhar as famílias das vítimas. A presidente Dilma Rousseff interrompeu viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde se reuniu com o governador Tarso Genro e parentes dos mortos.

 

Fonte: Terra
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