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Tragédia em Santa Maria

EUA doam 140 antídotos contra cianeto para vítimas de boate

1 fev 2013 - 22h36
(atualizado às 22h43)
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O Ministério da Saúde receberá neste sábado do governo americano a doação de 140 kits do medicamento hidroxicobalamina (vitamina B12 injetável). O medicamento, indicado para o tratamento de intoxicação por cianeto - gás tóxico ao sistema respiratório -, será usado em vítimas do incêndio ocorrido na Boate Kiss, em Santa Maria (RS), no último domingo.

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A obtenção do medicamento foi demandada ao Ministério da Saúde na última quinta-feira em videoconferência com os hospitais de Santa Maria e Porto Alegre, onde estão internados sobreviventes da tragédia, como parte da segunda etapa do plano de ação da Força Nacional do SUS no Rio Grande do Sul.

A oferta de hidroxocobalamina é mais uma medida para assegurar tratamento às vítimas e complementa as medidas clínicas já adotadas. A decisão pelo seu uso será feita pelos profissionais de saúde que acompanham os pacientes internados, com base nos sintomas e no histórico de cada paciente.

"Os 140 kits de hidroxicobalamina foram solicitados de maneira preventiva para atender os pacientes que necessitarem e já como reserva para caso de necessidade. Qualquer ação ou esforço que for necessário para salvar vidas será feito", afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

INCÊNDIO EM SANTA MARIA

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Cada kit de hidroxicobalamina possui 5 gramas e o medicamento é aplicado de forma intravenosa. A expectativa é de que a quantidade seja suficiente para anular os possíveis efeitos tóxicos do cianeto no organismo, mas a definição da dose a ser aplicada no paciente deve ser indicada pelo médico responsável.

A investigação da Polícia Civil aponta que boa parte dos ocupantes da Boate Kiss, onde mais de 230 pessoas morreram após um incêndio no último domingo, foram intoxicados por cianeto, gás produzido durante a queima da espuma de isolamento acústico da casa noturna. "Isso foi a causa da morte. Estava entre o isolamento e a fibra de vidro para melhorar a acústica do local. Pior são gases, mas isso queima muito rápido e exala o gás cianeto. Isso foi a causa da morte, se isso não existisse, talvez teríamos apenas um pequeno foco de incêndio, e a situação seria muito melhor", afirmou o delegado Marcelo Arigony.

Incêndio na Boate Kiss

Um incêndio de grandes proporções deixou mais de 230 mortos na madrugada do dia 27 de janeiro, em Santa Maria (RS). O incidente, que começou por volta das 2h30, ocorreu na Boate Kiss, na rua dos Andradas, no centro da cidade. O Corpo de Bombeiros acredita que o fogo tenha iniciado com um artefato pirotécnico lançado por um integrante da banda que fazia show na festa universitária.

Segundo um segurança que trabalhava no local, muitas pessoas foram pisoteadas. "Na hora que o fogo começou, foi um desespero para tentar sair pela única porta de entrada e saída da boate, e muita gente foi pisoteada. Todos quiseram sair ao mesmo tempo e muita gente morreu tentando sair", contou. O local foi interditado e os corpos foram levados ao Centro Desportivo Municipal, onde centenas de pessoas se reuniam em busca de informações.

A prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias e anunciou a contratação imediata de psicólogos e psiquiatras para acompanhar as famílias das vítimas. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde se reuniu com o governador Tarso Genro e parentes dos mortos. A tragédia gerou uma onda de solidariedade tanto no Brasil quanto no exterior.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.

Na segunda-feira, quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Sphor, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffman, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investigava documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergiam sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

Fonte: Terra
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