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Tragédia em Santa Maria

Delegado esperava que MP denunciasse mais pessoas por tragédia no RS

3 abr 2013 - 18h36
(atualizado às 19h00)
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O delegado regional de Santa Maria (RS), Marcelo Arigony, que comandou o inquérito da tragédia da Boate Kiss, disse que já previa a denúncia de um número menor de pessoas do que as que foram indiciadas pela polícia. O delegado, no entanto, afirmou que esperava um número maior do que os oito denunciados pelo Ministério Público.

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"A denúncia veio menor do que nós esperávamos. Veio com um número um pouco menor de indiciamentos. Na verdade, isso não nos surpreende muito porque o indiciamento tem requisitos diferentes da denúncia. O indiciamento tem a ver com indícios de crime. A denúncia precisa de crime em tese, (...) justa causa e proposição penal, outras circunstâncias", afirmou Arigony em comissão da Câmara dos Deputados.

"Veio um número menor (de denunciados), nós esperávamos realmente que viesse mais na linha do nosso indiciamento, mas cada um no seu papel, nós no nosso e o Ministério Público no dele. Eles solicitaram algumas diligências em relação a alguns investigados e quanto a outros já promoveram inclusive o arquivamento", acrescentou.

No dia 22 de março, a Polícia Civil havia indiciado criminalmente 16 pessoas pela tragédia na Boate Kiss, mas a Promotoria decidiu denunciar apenas metade delas. O MP pediu o arquivamento dos processos contra três pessoas: Ricardo de Castro Pasche, gerente da boate, Luiz Alberto Carvalho Junior, secretário do Proteção Ambiental de Santa Maria, e Marcus Vinicius Bittencourt Biermann, funcionário da prefeitura de Santa Maria.

Os promotores também pediram que novas diligências sejam realizadas para investigar mais profundamente o envolvimento de outras quatro pessoas que haviam sido indiciadas. São elas Miguel Caetano Passini, secretário municipal de Mobilidade Urbana; Belloyannes Orengo Júnior, chefe da Fiscalização da secretaria de Mobilidade Urbana; Ângela Aurelia Callegaro, irmã de Kiko; e Marlene Teresinha Callegaro, mãe dele - as duas fazem parte da sociedade da casa noturna. 

Hoje, o juiz Ulysses Fonseca Louzada aceitou a denúncia na íntegra do Ministério Público contra os oito responsabilizados pelo Ministério Público do RS pelo incêndio na boate Kiss. O magistrado também defendeu que os quatro acusados por homicídio doloso vão a júri popular em Santa Maria. Os outros quatro denunciados vão responder por falso testemunho e fraude processual.

A deputados, o delegado Sandro Meinerz, também envolvido nas investigações, listou como principais causas para o incêndio, que matou 241 pessoas: uso inapropriado de fogo de artifício, espuma imprópria e mal instalada, grades na porta, entre outros. "Aquilo não foi exatamente uma tragédia, foi um somatório de fatores que prenunciou uma tragédia anunciada", afirmou.

Incêndio na Boate Kiss

Na madrugada do dia 27 de janeiro, um incêndio deixou 241 mortos em Santa Maria (RS). O fogo na Boate Kiss começou por volta das 2h30, quando um integrante da banda que fazia show na festa universitária lançou um artefato pirotécnico, que atingiu a espuma altamente inflamável do teto da boate.

Com apenas uma porta de entrada e saída disponível, os jovens tiveram dificuldade para deixar o local. Muitos foram pisoteados. A maioria dos mortos foi asfixiada pela fumaça tóxica, contendo cianeto, liberada pela queima da espuma.

Os mortos foram velados no Centro Desportivo Municipal, e a prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde prestou solidariedade aos parentes dos mortos.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas. 

Quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investiga documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergem sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

No dia 25 de fevereiro, foi criada a Associação dos Pais e Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Boate Kiss em Santa Maria. A intenção é oferecer amparo psicológico a todas as famílias, lutar por ações de fiscalização e mudança de leis, acompanhar o inquérito policial e não deixar a tragédia cair no esquecimento.

Fonte: Terra
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