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Tragédia em Santa Maria

Corpo de 237ª vítima do incêndio na boate Kiss é velado em Santa Maria

3 fev 2013 - 16h48
(atualizado às 20h03)
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Desde o começo da tarde deste domingo é velado no cemitério Santa Rita o corpo da 237ª vítima do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria. Bruno Portella Fricks, 22 anos, morreu na noite de ontem no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, onde estava internado. 

O corpo de Bruno Portella Fricks é velado no cemitério Santa Rita, no bairro Camobi, em Santa Maria
O corpo de Bruno Portella Fricks é velado no cemitério Santa Rita, no bairro Camobi, em Santa Maria
Foto: Wesley Santos / Futura Press

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Para os amigos, Bruno será lembrado pelo sorriso, pelo espírito brincalhão e pela afinidade que tinha com Brenda, sua irmã de 15 anos, que até o último momento tinha esperanças de que o irmão conseguiria se recuperar.

"Eu vou me lembrar do Bruno pelo sorriso. Ele amava o Grêmio, a gente disse que a vitória dessa semana era para ele, era um rapaz muito trabalhador, vitorioso, estava sempre rindo, muito palhaço", diz a estudante de Relações Públicas Fernanda Cruz, 21 anos, amiga de infância de Bruno.

Segundo ela, o jovem tinha acabado de se formar e estava conquistando tudo que sempre quis na vida. Ele tinha acabado de comprar seu carro, e estava ajudando a família. "Ele era muito humilde, ajudava muito a família dele", conta Fernanda.

Pamela Dutra, que é amiga da família, conta que a relação de Bruno com a irmã era muito bonita, uma coisa incomum, entre irmãos de 15 e 22 anos de idade. "Eu nunca tinha visto dois irmãos com tanta afinidade. Eles eram muito próximos, e a Brenda comemorava qualquer melhora no quadro de saúde do irmão", afirma.

Bruno foi a terceira vítima a morrer na semana seguinte ao trágico incêndio. Ele se formou em 2012 em Administração na Universidade Federal de Santa Maria e trabalhava na América Latina Logística (ALL). Neste sábado, comemoraria cinco anos de namoro com Jéssica Duarte, que também está internada. O enterro do jovem será realizado às 10h desta segunda-feira, no mesmo cemitério.

Uma semana depois do incêndio em Santa Maria, 113 feridos continuam hospitalizados (58 na cidade e 53 em Porto Alegre e região metropolitana). O último boletim divulgado na tarde deste sábado pela Secretaria de Saúde do Estado antes da confirmação da morte de Fricks apontava um total de 73 vítimas em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), das quais 41 sob tratamento de ventilação mecânica.

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Incêndio na Boate Kiss

Um incêndio de grandes proporções deixou mais de 230 mortos na madrugada do dia 27 de janeiro, em Santa Maria (RS). O incidente, que começou por volta das 2h30, ocorreu na Boate Kiss, na rua dos Andradas, no centro da cidade. O Corpo de Bombeiros acredita que o fogo tenha iniciado com um artefato pirotécnico lançado por um integrante da banda que fazia show na festa universitária.

Segundo um segurança que trabalhava no local, muitas pessoas foram pisoteadas. "Na hora que o fogo começou, foi um desespero para tentar sair pela única porta de entrada e saída da boate, e muita gente foi pisoteada. Todos quiseram sair ao mesmo tempo e muita gente morreu tentando sair", contou. O local foi interditado e os corpos foram levados ao Centro Desportivo Municipal, onde centenas de pessoas se reuniam em busca de informações.

A prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias e anunciou a contratação imediata de psicólogos e psiquiatras para acompanhar as famílias das vítimas. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde se reuniu com o governador Tarso Genro e parentes dos mortos. A tragédia gerou uma onda de solidariedade tanto no Brasil quanto no exterior.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.

Na segunda-feira, quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Sphor, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffman, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investigava documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergiam sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

Fonte: Terra
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