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Tragédia em Santa Maria

Cenário encontrado em boate era de holocausto, diz delegado

27 jan 2013 - 20h48
(atualizado às 21h29)
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O delegado Mauro Mendes, que integra a força-tarefa montada para investigar as causas do incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria (RS), disse que o fogo pode ter se espalhado pelo sistema de ventilação do prédio. Segundo ele, o cenário encontrado depois da tragédia era de "guerra, de holocausto", e que estão sendo investigadas as falhas encontradas preliminarmente pela investigação.

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"Os peritos ficarão aqui, precisamos descobrir as origens do incêndio, o local onde ele se propagou, porque se propagou... pode ter sido através do sistema de exaustão do local, o fogo teria chegado até ali, e dali se espalhado. Estamos analisando a questão das portas de acesso, que eram pequenas para a quantidade de pessoas que estavam ali dentro. O alvará do estabelecimento estaria vencido, precisamos ver porque não foi renovado. O proprietário afirmou que eles teriam solicitado um novo alvará para a prefeitura, mas por que eles não têm o alvará, ainda não sabemos, falta de algum requisito legal. Mas ainda são fatores preliminares. Ainda é cedo para se fazer qualquer pré-julgamento, mas que existem falhas, existem", afirmou o delegado.

Um dos proprietários se apresentou à polícia, mas um segundo sócio teria se escondido. No entanto, sem o resultado da perícia, a polícia ainda não pode falar em indiciamento ou pedidos de prisão. "Procuramos essa pessoa na casa onde morava, então, aparentemente, existe uma ação de se furtar na colaboração com a polícia". Segundo o delegado, entretanto, os responsáveis podem ser indiciados por homicídio culposo e incêndio.

"A casa estava registrada em nome de terceiros, parentes dos verdadeiros proprietários, mas maiores confirmações só poderão ser confirmadas quando o segundo proprietário se apresentar a polícia", afirmou Mendes.

Segundo ele, os depoimentos apontam que havia entre 900 e 1 mil pessoas na boate, número menor que a capacidade do estabelecimento, que seria de 1,5 mil pessoas. No entanto, a falta de vias de escape é o mais preocupante. "Se a gente analisar o ambiente, está totalmente tomado de fuligem, então a fumaça se espalhou lá dentro certamente por não ter saídas nem janelas. Isso fez com que a fumaça afetasse as pessoas e impedisse que algumas delas conseguissem sair", afirmou.

Ele disse que muitos dos corpos estavam sem documentos, o que pode fazer com que algumas das vítimas só possam ser reconhecidas por meio de impressão digital ou exame de DNA.

Incêndio na Boate Kiss

Um incêndio de grandes proporções deixou mais de 230 mortos na madrugada deste domingo em Santa Maria (RS). O incidente, que começou por volta das 2h30, ocorreu na Boate Kiss, na rua dos Andradas, no centro da cidade. O Corpo de Bombeiros acredita que o fogo iniciou com um sinalizador lançado por um integrante da banda que fazia show na festa universitária.

Segundo um segurança que trabalhava no local, muitas pessoas foram pisoteadas. "Na hora que o fogo começou foi um desespero para tentar sair pela única porta de entrada e saída da boate e muita gente foi pisoteada. Todos quiseram sair ao mesmo tempo e muita gente morreu tentando sair", contou. O local foi interditado e os corpos foram levados ao Centro Desportivo Municipal, onde centenas de pessoas se reuniam em busca de informações.

A prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias e anunciou a contratação imediata de psicólogos e psiquiatras para acompanhar as famílias das vítimas. A presidente Dilma Rousseff interrompeu viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde se reuniu com o governador Tarso Genro e parentes dos mortos.

Fonte: Terra
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