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Tragédia em Santa Maria

Banda comprou sinalizador externo por ser mais barato, diz delegado

29 jan 2013 - 19h17
(atualizado às 19h29)
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Com base nas provas testemunhais, a polícia informou no começo da noite desta terça-feira que a banda que tocou na noite do incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria (RS), admitiu que comprou sinalizadores, chamados sputnik, de uso externo para uso dentro da casa noturna porque eram mais baratos. O artefato é considerado a possível causa do incêndio que matou mais de 230 pessoas no último domingo.

Sinalizadores da banda que tocava na festa seriam o motivo do incêndio na casa noturna
Sinalizadores da banda que tocava na festa seriam o motivo do incêndio na casa noturna
Foto: Facebook / Reprodução

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"O sputinik era para ser usado ao ar livre. Os responsáveis sabiam disso e quem jogou utilizou em ambiente fechado porque era mais barato. O para ambientes fechados custava R$ 70, enquanto que o para externos era R$ 2,50", disse o delegado Marcelo Arigony, ressalvando que se tratam de provas frágeis. Segundo ele, a polícia já entrou em contato com a casa que vendeu o equipamento e já possui as notas fiscais.

Ainda de acordo com Arigony, a casa fez diversas reformas "no arrepio de qualquer fiscalização, por conta e risco do proprietário". Além disso, segundo ele, dois alvarás estavam vencidos, a porta seria insuficiente para dar vazão ao público, os extintores podem ser falsificados e a espuma utilizada para o isolamento acústico seria altamente tóxica quando queimada. "A espuma, preliminarmente, era uma espuma que quando queimada, era altamente inflamável e produz gás tóxico, mas a perícia ainda vai comprovar isso", disse o delegado.

Segundo ele, a falta de iluminação pode ter feito com que muitas pessoas, em meio à fumaça, tivessem corrido para dentro dos banheiros achando que era a saída. Lá, diversos corpos foram encontrados empilhados, segundo relatos de testemunhas da tragédia.

"Não encontramos iluminação para crise. Quando a fumaça tomou conta, deveria ter indicação para a saída, porque as pessoas correram para o banheiro, enxergaram a luz do banheiro pensando que fosse a saída, muitos morreram asfixiados lá dentro. Em virtude dessas diversas irregularidades, essa casa não deveria estar funcionando", afirmou o delegado.

Segundo ele, foram feitas diversas diligências, sendo que uma delas encontrou o servidor do sistema de câmeras, que estava em manutenção, o que descartaria a hipótese de que os proprietários da boate teriam sumido com as imagens. "Encontramos o servidor, mas não as imagens. Fizemos buscas nos outros dois estabelecimentos comerciais de um dos presos, e estamos diligenciando", disse Arigony, acrescentando que, no entanto, o servidor estava há mais de uma semana para conserto. "A perícia vai revelar quando foi feita a última imagem para acabar com a dúvida de que não havia imagens."

 
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Um incêndio de grandes proporções deixou mais de 230 mortos na madrugada deste domingo em Santa Maria (RS). O incidente, que começou por volta das 2h30, ocorreu na Boate Kiss, na rua dos Andradas, no centro da cidade. O Corpo de Bombeiros acredita que o fogo iniciou com um sinalizador lançado por um integrante da banda que fazia show na festa universitária.

Segundo um segurança que trabalhava no local, muitas pessoas foram pisoteadas. "Na hora que o fogo começou foi um desespero para tentar sair pela única porta de entrada e saída da boate e muita gente foi pisoteada. Todos quiseram sair ao mesmo tempo e muita gente morreu tentando sair", contou. O local foi interditado e os corpos foram levados ao Centro Desportivo Municipal, onde centenas de pessoas se reuniam em busca de informações.

A prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias e anunciou a contratação imediata de psicólogos e psiquiatras para acompanhar as famílias das vítimas. A presidente Dilma Rousseff interrompeu viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde se reuniu com o governador Tarso Genro e parentes dos mortos.

 

Fonte: Terra
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