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Tragédia em Santa Maria

Após tragédia da Kiss, especialista defende legislação com mais prevenção

27 mar 2013 - 00h36
(atualizado às 08h13)
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Incêndio ocorreu na boate Kiss na madrugada de 27 de janeiro
Foto: Deivid Dutra / Agência Freelancer

A tragédia na Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, que causou a morte de mais de 240 jovens, motivou uma audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir mudanças na legislação que trata da segurança em locais públicos. Um dos convidados, o arquiteto e especialista em segurança, Paulo Dalle, defendeu as ações preventivas para evitar que tragédias como a de Santa Maria não se repitam.

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“Devemos concentrar nossa atenção nos esforços de prevenção. Gestão de multidões não é a mesma coisa que controle de multidão. No Brasil, não há cursos direcionados para a especialização em gerenciamento de multidões. Esses cursos poderiam formar profissionais voltados para prevenção e gestão de riscos de segurança, especificamente focados em entretenimento”, disse.

Para Dalle, é importante que a sociedade não se previna apenas sobre o que ocorreu na cidade gaúcha. “Acho que o mais importante neste momento é que não fiquemos com uma análise restrita ao incêndio. O incêndio é apenas um dos riscos. Provavelmente levará um bom tempo até que outra tragédia desse nível aconteça. Mas a gente tem que estar atento às pequenas tragédias que acontecem diariamente. Para aquele que perdeu o ente querido, a vida de uma pessoa é tão importante quanto a de duzentas”, ressaltou.

A audiência foi promovida pela Comissão Externa da Câmara e busca tornar a legislação mais segura para o setor. Os parlamentares também receberam representantes de casas noturnas e do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro (SindRio). A ministra da Cultura, Marta Suplicy, foi convidada, mas não compareceu.

Os empresários cobraram maior clareza nas regras para funcionamento dos estabelecimentos e reclamaram da demora na emissão de alvarás. O coordenador da comissão, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), considerou válida a contribuição dos empresários para mudar a legislação. “Acho que é muito importante que a gente conheça o lado do empreendedor. Ele nos traz uma leitura da dificuldade que têm na sua relação com o Poder Público. Não é possível que um empresário faça todo um investimento, entre com um processo na prefeitura e tenha que esperar seis meses, um ano para que seja feita uma vistoria. Então, isso favorece à impunidade”, disse.

Segundo Pimenta, os depoimentos vão contribuir para mudar a atual legislação. “Vamos começar a discutir a minuta, uma espécie de anteprojeto de uma proposta legislativa. Queremos fazer o processo mais democrático possível, inclusive permitindo que as pessoas possam opinar em cima daquilo que a gente vai colocar como sugestão. E até o mês de maio estaremos com essa proposta concluída, e entregaremos para o presidente da Câmara, para que ele possa, junto com os líderes, encaminhar ao plenário”.

Ao final da audiência, o deputado Nelson Marchezan Júnior (PSDB-RS) criticou o trabalho da comissão no acompanhamento das investigações sobre o incêndio na Boate Kiss. “Não fizemos nada, efetivamente, que ajudasse. Agora que chegou uma parte da documentação. A comissão, nessa finalidade, está patinando”, disse. De acordo com Marchezan Júnior, os parlamentares devem ouvir o quanto antes aqueles que, segundo ele, mais conhecem o inquérito. “Defendo que comecemos a escutar imediatamente as pessoas que têm mais conhecimento do fato”, completou.

Incêndio na Boate Kiss

Na madrugada do dia 27 de janeiro, um incêndio deixou 241 mortos em Santa Maria (RS). O fogo na Boate Kiss começou por volta das 2h30, quando um integrante da banda que fazia show na festa universitária lançou um artefato pirotécnico, que atingiu a espuma altamente inflamável do teto da boate.

Com apenas uma porta de entrada e saída disponível, os jovens tiveram dificuldade para deixar o local. Muitos foram pisoteados. A maioria dos mortos foi asfixiada pela fumaça tóxica, contendo cianeto, liberada pela queima da espuma.

Os mortos foram velados no Centro Desportivo Municipal, e a prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde prestou solidariedade aos parentes dos mortos.

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Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas. 

Quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investiga documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergem sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

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A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

No dia 25 de fevereiro, foi criada a Associação dos Pais e Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Boate Kiss em Santa Maria. A intenção é oferecer amparo psicológico a todas as famílias, lutar por ações de fiscalização e mudança de leis, acompanhar o inquérito policial e não deixar a tragédia cair no esquecimento.

Agência Brasil Agência Brasil
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