PUBLICIDADE

Após Santa Maria, laboratório busca antídoto que pode salvar vidas em incêndios

7 fev 2013 - 00h41
(atualizado às 00h43)
Compartilhar
Exibir comentários

O Laboratório de Análises Toxicológicas da Universidade Feevale, em Porto Alegre, adotou, nesta quarta-feira, uma metodologia desenvolvida no Instituto de Medicina Forense de Berlim, na Alemanha, que deverá contribuir para que o antídoto à intoxicação aguda por cianeto seja disponibilizado, futuramente, às equipes de resgate e atendimento a vítimas de incêndios. É na Instituição gaúcha que são feitas as análises das amostras de sangue dos pacientes expostos ao ácido cianídrico durante o incêndio ocorrido na boate Kiss, em Santa Maria, no dia 27 de janeiro. 

Segundo o coordenador do laboratório, o professor Rafael Linden, doutor em Biologia Celular e Molecular, até o momento foram concluídas cerca de 50 análises. Ele explica que, para a determinação de cianeto no sangue, é realizado um processo chamado de destilação isotérmica, seguida de quantificação do cianeto através de um eletrodo íon seletivo.

Rafael Linden diz que desconhece outro laboratório no Brasil que faça o teste. “Normalmente é realizado no contexto da toxicologia forense, para avaliar casos fatais. Institutos de medicina forense da Europa e dos Estados Unidos realizam rotineiramente este teste em vítimas fatais de incêndios”, esclarece.

O professor afirma que, como no caso de Santa Maria as análises foram realizadas tardiamente, com coletas cerca de 80 horas após a exposição, os níveis de cianeto encontrados não foram marcantemente elevados. “Entretanto, considerando que as concentrações foram acima daquelas encontradas em condições fisiológicas, as análises demonstraram que os pacientes foram expostos ao ácido cianídrico durante o incêndio, o que se mostrou compatível com o quadro clínico apresentado”, destaca.

Para o médico intensivista e pneumologista Sérgio Baldisserotto, diretor clínico e coordenador técnico da UTI do Hospital São Francisco de Assis, de Santa Maria, os dados fornecidos pelo Laboratório de Análises Toxicológicas da Universidade Feevale têm sido decisivos tanto para o manejo terapêutico dos pacientes mais graves internados nas UTIs, como para a obtenção do antídoto administrado aos pacientes e para uma explicação científica para o elevado número de óbitos ocorridos.

Baldisserotto diz que é muito provável que a análise das amostras realizada no Laboratório sirva como justificativa para que o antídoto à intoxicação aguda por cianeto, a hidroxicobalamina em alta concentração, seja padronizado e disponibilizado, futuramente, às equipes de resgate e a atendimento a vítimas de incêndios.

“Quem sabe quantas vidas poderão ser poupadas no futuro em função disso? Esperamos que muitas! A contribuição da Feevale, que demonstrou que os níveis de cianeto se encontravam muito elevados, mesmo 80 horas depois do evento inicial, tem influenciado de forma marcante no manejo das manifestações neurológicas tardias de intoxicação por cianeto que observamos em alguns pacientes”, afirma.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade