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Tragédia em Santa Maria

Após 1 mês, segurança da Kiss tenta lidar com fama e trauma

27 fev 2013 - 12h13
(atualizado em 9/1/2014 às 10h02)
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Após 1 mês, segurança da Kiss tenta lidar com fama, paternidade e trauma
Após 1 mês, segurança da Kiss tenta lidar com fama, paternidade e trauma
Foto: Fernando Diniz / Terra

Um mês depois da tragédia que deixou 239 mortos em Santa Maria, o ex-segurança da boate Kiss Rodrigo Moura, 20 anos, precisa lidar com a fama enquanto ainda tenta se recuperar dos sintomas e do trauma de estar na casa noturna na madrugada do dia 27 de janeiro. Procurado por agências de modelo de diferentes cantos do País, Rodrigo estuda retomar a carreira de DJ.

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O jovem podia ter sido o herói de um pequeno incidente, caso o extintor que empunhara naquela madrugada tivesse apagado o fogo no revestimento de espuma do teto da danceteria. O equipamento de segurança falhou, e Rodrigo acabou como o salvador de 10 pessoas que conseguiu retirar com vida da nuvem de fumaça. 

“Esse extintor já estava sem o lacre, estava só com um pino. Esse foi o único extintor que encontramos na hora”, relata o jovem, que diz ter recebido treinamento contra incêndio para atuar na segurança.

Sem esperanças de evitar o incêndio, restou a Rodrigo colocar a gravata do uniforme no rosto e ajudar no socorro.  “Só depois que foi cair a ficha”, conta.

Depois de dar entrevista e de ser um dos primeiros a depor à polícia, o segurança foi internado em estado grave por inalar a fumaça tóxica. Enquanto estava entubado e em coma induzido, seu Facebook recebia mensagens de solidariedade, ofertas de ajuda e até convites de emprego e programas de TV. 

Além de se recuperar dos danos no sistema respiratório, Rodrigo está sob acompanhamento psiquiátrico depois da experiência de carregar corpos e ver gente pisoteada. “Só quem estava lá sabe o que aconteceu”, diz.

Carreira

Rodrigo foi parar na boate Kiss depois de atuar como DJ em casas da região. Conheceu Elissandro Spohr, o Kiko, dono da casa noturna, pela convivência que tinha com bandas santa-marienses – o empresário era integrante do grupo Projeto Pantana.

Ele ajudou Kiko a montar a iluminação do palco da boate e passou a trabalhar como segurança depois de abandonar a carreira de DJ, por causa da forte concorrência em Santa Maria. “Eu cobrava um preço e ia lá outro e colocava um preço lá embaixo. O cara acaba desgostando. Vá que estrague um aparelho daqueles, é caro”, disse.

Atualmente desempregado, o jovem trabalha na obra da casa que está construindo, mas já recebe propostas para colocar som em casas da região. “Estou pensando ainda, as propostas são grandes”, disse. Mas sobre os convites para seguir carreira de modelo, ainda não parou para pensar. 

Incêndio na Boate Kiss

Na madrugada do dia 27 de janeiro, um incêndio deixou mais de 230 mortos em Santa Maria (RS). O fogo na Boate Kiss começou por volta das 2h30, quando um integrante da banda que fazia show na festa universitária lançou um artefato pirotécnico, que atingiu a espuma altamente inflamável do teto da boate.

Com apenas uma porta de entrada e saída disponível, os jovens tiveram dificuldade para deixar o local. Muitos foram pisoteados. A maioria dos mortos foi asfixiada pela fumaça tóxica, contendo cianeto, liberada pela queima da espuma.

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Os mortos foram velados no Centro Desportivo Municipal, e a prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde prestou solidariedade aos parentes dos mortos.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.

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Quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investiga documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergem sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

No dia 25 de fevereiro, foi criada a Associação dos Pais e Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Boate Kiss em Santa Maria. A intenção é oferecer amparo psicológico a todas as famílias, lutar por ações de fiscalização e mudança de leis, acompanhar o inquérito policial e não deixar a tragédia cair no esquecimento.

Fonte: Terra
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