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Tragédia em Santa Maria

Apenas um terço dos seguranças tinha treinamento, diz funcionário

28 jan 2013 - 21h08
(atualizado às 21h31)
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Um dos seguranças que trabalhou na noite do incêndio na Boate Kiss, onde morreram mais de 230 pessoas na madrugada de domingo, confirmou que o aparato pirotécnico que provocou o incêndio foi disparado a partir de uma luva que estava na mão do vocalista da banda Gurizada Fandangueira. De acordo com a testemunha, que fazia segurança do palco e tentou acionar extintores de incêndio, o fogo só se espalhou pois dois extintores falharam por falta de pressão, apesar de estarem dentro do prazo de validade. 

Mais de 230 pessoas morreram após o incêndio na boate
Mais de 230 pessoas morreram após o incêndio na boate
Foto: Fernando Borges / Terra

“O sinalizador era da banda, eles que trouxeram, eles botaram em uma luva, na mão do vocalista, daí tinha uma hora que ele levantava a mão. Quando ele ergueu a mão, as faíscas batiam no teto e caiam no chão”, contou o segurança que preferiu não se identificar. “De repente, começou já a pegar fogo no teto. Na hora, ninguém deu muita bola, porque foi muito pequeno, não tinha nenhuma fumaça. As pessoas não pensavam em fugir na hora, eles acharam que ia ter controle, e até teria controle, eu sei porque tenho curso de socorrista, se o extintor estive funcionando não teria acontecido, daria tempo de controlar o fogo”, afirmou ele.

Segundo a testemunha, o extintor não estava vencido. “O problema é que não estava com pressão, e eu usei todas as formas possíveis para fazer funcionar”, relatou. “A casa tinha todos os extintores certos, só que não deram sinal, tentamos utilizar dois, o fogo começou a tomar conta, dai a gente só quis saber de se salvar”, contou.

Ainda de acordo com o rapaz, dos 15 seguranças que trabalhavam no local, apenas cinco tinham treinamento adequado. “Os outros 10, eles contratavam na noite para ganhar R$ 40. O cara vinha, botava um terno, e se dizia segurança, mas os que tinham mesmo credencial, preparo e curso eram cinco. É que é difícil alguém querer trabalhar na noite para ganhar R$ 40.”

O segurança diz que eram realizadas entre três a quatro festas por semana semelhantes à organizada na noite da tragédia. “A casa estava sempre lotada, rolava muito dinheiro ali, tanto que na noite do acontecido, quase 3 mil pessoas tinham passado pela boate. Rolou muito dinheiro naquela noite, tanto que a perícia da polícia encontrou o dinheiro na casa”, disse. 

INCÊNDIO EM SANTA MARIA

Entenda detalhes de como aconteceu a tragédia em Santa Maria, na região central do RS, que chocou o País e o mundo e como era a Boate Kiss por dentro

Incêndio na Boate Kiss

Um incêndio de grandes proporções deixou mais de 230 mortos na madrugada deste domingo em Santa Maria (RS). O incidente, que começou por volta das 2h30, ocorreu na Boate Kiss, na rua dos Andradas, no centro da cidade. O Corpo de Bombeiros acredita que o fogo iniciou com um sinalizador lançado por um integrante da banda que fazia show na festa universitária.

Segundo um segurança que trabalhava no local, muitas pessoas foram pisoteadas. "Na hora que o fogo começou foi um desespero para tentar sair pela única porta de entrada e saída da boate e muita gente foi pisoteada. Todos quiseram sair ao mesmo tempo e muita gente morreu tentando sair", contou. O local foi interditado e os corpos foram levados ao Centro Desportivo Municipal, onde centenas de pessoas se reuniam em busca de informações.

A prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias e anunciou a contratação imediata de psicólogos e psiquiatras para acompanhar as famílias das vítimas. A presidente Dilma Rousseff interrompeu viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde se reuniu com o governador Tarso Genro e parentes dos mortos.

 

 

Fonte: Terra
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