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Tragédia em Santa Maria

Amigos de vítimas são os que mais procuraram apoio psicológico

Prognóstico é de 10 anos de atendimento para os sobreviventes

27 fev 2013 - 08h22
(atualizado às 09h38)
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<p>Amigos de vítimas da tragédia da boate Kiss foram os que mais procuraram atendimento psicossocial </p>
Amigos de vítimas da tragédia da boate Kiss foram os que mais procuraram atendimento psicossocial
Foto: Fernando Diniz / Terra

Amigos de vítimas da tragédia da boate Kiss foram os que mais procuraram o atendimento psicossocial 24 horas montado na cidade de Santa Maria após o incêndio que deixou 239 mortos em 27 de janeiro. Até o último dia 25, foram realizados 1.305 atendimentos, sendo a maioria dos pacientes mulheres (63%). Amigos de vítimas representam a maior fatia do grupo, 34 pessoas (17%), seguido das mães, 34 (14%). O impacto da tragédia levou até trabalhadores que costumam lidar com casos de morte, como agentes funerários, a procurar ajuda.

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A equipe de apoio psicossocial foi montada no dia 27 de janeiro e recebeu um plano de um mês para atuar em caráter emergencial. O grupo de 90 profissionais (em sua maioria psicólogos) ganhou o suporte da organização internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF), que criou um prognóstico com base em eventos trágicos.

Para criar o cenário, a organização usou o número absoluto da população (261 mil) e estimou que 65% dos habitantes vão superar a tragédia com o convívio nas redes sociais (igrejas, escolas, grupos de amigos, família, etc), enquanto 25% precisarão de apoio psicológico (aproximadamente 65 mil). Para a organização, entre 1% a 4% (em torno de 10 mil) podem sofrer transtornos psicológicos, precisando de forte medicação ou internação.

"Nosso trabalho com a atenção básica é tentar construir na melhor forma possível a rede social da base, para tentar reduzir esse prognóstico", disse a coordenadora de política de Saúde Mental em Santa Maria, Adriana Krum.

Das 239 pessoas que procuraram o serviço de atendimento oferecido gratuitamente, 70% estão bem, segundo Adriana. Foram realizadas cinco internações, o que representa 2%. Os números são compatíveis com a previsão da organização internacional. O MSF estimou que o acompanhamento aos sobreviventes deverá ser o mais complexo, podendo levar até 10 anos. "O ser humano é muito subjetivo. Pode ser que um dia alguém esteja muito feliz, entrar em um bar e desencadear uma síndrome do pânico", explicou Adriana.

Incêndio na Boate Kiss

Na madrugada do dia 27 de janeiro, um incêndio deixou mais de 230 mortos em Santa Maria (RS). O fogo na Boate Kiss começou por volta das 2h30, quando um integrante da banda que fazia show na festa universitária lançou um artefato pirotécnico, que atingiu a espuma altamente inflamável do teto da boate.

Com apenas uma porta de entrada e saída disponível, os jovens tiveram dificuldade para deixar o local. Muitos foram pisoteados. A maioria dos mortos foi asfixiada pela fumaça tóxica, contendo cianeto, liberada pela queima da espuma.

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Os mortos foram velados no Centro Desportivo Municipal, e a prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde prestou solidariedade aos parentes dos mortos.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.

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Quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investiga documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergem sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

No dia 25 de fevereiro, foi criada a Associação dos Pais e Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Boate Kiss em Santa Maria. A intenção é oferecer amparo psicológico a todas as famílias, lutar por ações de fiscalização e mudança de leis, acompanhar o inquérito policial e não deixar a tragédia cair no esquecimento.

Fonte: Terra
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