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Tragédia em Santa Maria

Advogado de dono da Kiss pede inquérito integral de tragédia

Jader Marques alega que precisa do conteúdo completo antes de depoimento de Kiko

12 mar 2013 - 17h10
(atualizado às 17h25)
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<p>Marques afirma que seu cliente sempre manifestou vontade de ser ouvido e de participar das acareações e que isto também foi apresentado por escrito pela defesa</p>
Marques afirma que seu cliente sempre manifestou vontade de ser ouvido e de participar das acareações e que isto também foi apresentado por escrito pela defesa
Foto: Luiz Roese / Especial para Terra

O advogado de defesa de Elissandro Spohr, o Kiko, dono da boate Kiss - onde ocorreu a morte de 241 pessoas em um incêndio em Santa Maria -, reuniu-se na manhã desta terça-feira com a Polícia Civil e a Ordem dos Advogados do Brasil do Rio Grande do Sul (OAB-RS) para garantir à defesa o acesso integral ao inquérito. Jader Marques alega que protocolou diversos pedidos para obter integralmente o conteúdo do documento, mas a polícia só apresentava os autos principais.

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Marques afirma que seu cliente sempre manifestou vontade de ser ouvido e de participar das acareações e que isso foi apresentado por escrito pela defesa. "Mesmo sabendo desse desejo e disponibilidade do Elissando, somente agora a polícia quer ouví-lo. Entretanto, não permitiu que meu cliente tivesse acesso ao conteúdo de tudo que foi produzidos nesses quase 60 dias de investigação", disse o advogado, que quer acesso aos anexos.

Segundo Marques, há conteúdos de áudio, vídeo, algumas perícias, materiais recolhidos e outras informações que até agora não haviam sido apresentadas. Durante a investigação, Kiko foi ouvido apenas no dia do incêndio, quando se apresentou espontaneamente. 

"Ele gostaria de ter feito as acareações com os engenheiros, fiscais, membros da banda, ex-funcionários e demais envolvidos, para que pudesse explicar a sua versão do que foi dito. No entanto, a única oportunidade que terá para esclarecer os fatos será no reinterrogatório. E para que isso aconteça dentro da mais ampla defesa, precisamos ter o acesso integral ao inquérito", argumentou o advogado. Ao final da manhã de hoje, ele teve acesso aos mais de 30 volumes que compõem o inquérito.

Incêndio na Boate Kiss

Na madrugada do dia 27 de janeiro, um incêndio deixou mais de 230 mortos em Santa Maria (RS). O fogo na Boate Kiss começou por volta das 2h30, quando um integrante da banda que fazia show na festa universitária lançou um artefato pirotécnico, que atingiu a espuma altamente inflamável do teto da boate.

Com apenas uma porta de entrada e saída disponível, os jovens tiveram dificuldade para deixar o local. Muitos foram pisoteados. A maioria dos mortos foi asfixiada pela fumaça tóxica, contendo cianeto, liberada pela queima da espuma.

Os mortos foram velados no Centro Desportivo Municipal, e a prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde prestou solidariedade aos parentes dos mortos.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.

Quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investiga documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergem sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

No dia 25 de fevereiro, foi criada a Associação dos Pais e Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Boate Kiss em Santa Maria. A intenção é oferecer amparo psicológico a todas as famílias, lutar por ações de fiscalização e mudança de leis, acompanhar o inquérito policial e não deixar a tragédia cair no esquecimento.

Fonte: Terra
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