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Superbactéria é identificada na Santa Casa de Porto Alegre

20 mai 2013 - 13h07
(atualizado às 13h07)
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A Santa Casa de Porto Alegre confirmou que foi identificado o primeiro caso de paciente infectado com a superbactéria NDM-1, que possui a habilidade de combater antibióticos. O caso foi confirmado na sexta-feira. O paciente está em um quarto isolado, mas não apresenta infecção e deve ter alta nos próximos dias.

Além desse caso, desde o começo do ano já foram identificados outros cinco casos da bactéria New Delhi metallo-B-lactamase-1 no Hospital Conceição, em Porto Alegre. Isso fez com que o Ministério da Saúde fechasse 15 leitos de UTI para a descontaminação. A investigação naquele local apontou que a contaminação pode ter ocorrido nas torneiras. 

Esses são os primeiros casos identificados da NDM-1 no Brasil. Segundo a Santa Casa, há cerca de 10 dias estão sendo feitas investigações com testes laboratoriais nos pacientes para identificar a origem do problema. 

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem monitorado a movimentação da bactéria,  notificou casos de NDM-1 na Guatemala, em 2011, e no Paraguai, Uruguai e Colômbia, em 2012.  

Um estudo da publicação médica Lancet, divulgado há dois anos, alertava para a disseminação do NDM-1, principalmente na Índia. Naquele país, as condições de higiene dos hospitais e a falta de adequação no descarte do lixo hospitalar têm contaminado o solo e a água em áreas de grande densidade populacional, sendo que a bactéria foi encontrada até nas fezes de aves próximas de hospitais. 

Como se não existissem antibióticos

Segundo estudos, é preocupante a resistência que essas bactérias têm a antibióticos carbapenêmicos (os mais poderosos existentes, utilizados para combate infecções hospitalares). Boletins da Organização Mundial da Saúde (OMS) seguem a mesma linha, dizendo que o mecanismo de defesa dessas bactérias pode fazer com que não exista tratamento eficiente, como se voltássemos ao cenário anterior ao descobrimento da penicilina, quando não havia antibiótico algum. 

No Brasil, soma-se a isso as deficiências do nosso sistema de atendimento e vigilância, sem contar com a proximidade de eventos como Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas, quando milhares de turistas devem entrar no País. Leila compara a realidade brasileira com o trabalho que é feito na China, por exemplo, com a contenção da nova gripe aviária. 

Os dois primeiros casos de NDM-1 foram identificados em março, em Porto Alegre, mas a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) só foi emitir um comunicado para as comissões de controle de infecção hospital e para as coordenações estaduais de controle de infeção um mês depois.

KPC

Dentro do Hospital Conceição, não é apenas o NDM-1 que preocupa. Documentos internos do hospital mostram que o KPC teve um aumento significativo. Eram dois casos em 2009, mas o número subiu para 177 no ano passado. Segundo a Associação de Servidores do GHC, a média de casos dessa superbactéria em 2013 é de 25 por mês.

O presidente da associação, Arlindo Ritter, diz ainda que o Hospital Conceição opera superlotado, com pacientes nos corredores, o que inviabiliza a higienização adequada por parte dos funcionários, o que piora ainda mais a situação. 

Segundo ele, a administração do hospital, que responde por mais de 30% das internações realizadas pelo SUS em Porto Alegre, é muito prejudicada pelas indicações políticas que ocupam cargos que deveriam ser desempenhados por especialistas técnicos.

Fonte: Terra
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