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SP: viciados serão levados a hotéis em nova ação para fechar Cracolândia

Modelo é baseado em experiência exitosa com alcoólatras na Holanda, prevendo trabalho, moradia e tratamento para dependentes

14 jan 2014 - 17h00
(atualizado às 18h47)
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Uma nova ação na região da Cracolândia, idealizada pela prefeitura de São Paulo e chamada de Operação Braços Abertos, terá início oficialmente nesta quarta-feira. O objetivo inicial da administração municipal é retirar os barracos montados pelos usuários de crack nas calçadas das ruas Helvétia e Dino Bueno. Porém, essa retirada - que já teve início de maneira isolada na segunda-feira - será feita voluntariamente pelos dependentes químicos, que serão encaminhados para quartos de hotéis no centro da capital paulista.

A ação da prefeitura reúne as secretarias de Saúde, Segurança Urbana, Assistência Social, Trabalho e Desenvolvimento Urbano, e o modelo será baseado numa experiência exitosa feita com alcoólatras na Holanda, que prevê trabalho, moradia e tratamento de saúde para os dependentes. Amanhã, a prefeitura irá auxiliar os usuários de crack da região na retirada dos barracos e encaminhá-los a quatro hotéis da região. A ideia é que até o fim da semana, esses barracos já não estejam mais nas calçadas.

Os quartos serão divididos entre famílias, casais e solteiros. As secretarias cadastraram 300 dependentes químicos no novo programa, que também dará emprego de zeladoria na cidade, cursos de capacitação, seguro de vida, alimentação e R$ 15 por dia, que serão pagos semanalmente aos que aderirem ao programa. O custo por pessoa para a prefeitura será de um salário mínimo e meio, ou seja, R$ 1.017.

Segundo a prefeitura, a adesão foi bem aceita pelos dependentes químicos e 99% dos usuários irão participar do programa inicialmente. Porém, a grande preocupação da administração municipal é a ação das polícias Militar e Civil. Apesar de estarem orientadas apenas a monitorar a operação e seguir com sua rotina normal de trabalho, há o receio de que a Civil apareça na região com um mandado de prisão para algum dos usuários e que isso gere revolta nos dependentes.

Além da organização não governamental (ONG) União Social Brasil Gigante, 180 funcionários das secretarias de Assistência Social e Saúde acompanharão os viciados 24 horas por dia. A Guarda Civil Metropolitana (GCM) passou por um treinamento especial e estará de prontidão no local para evitar que os dependentes voltem a construir barracos nas calçadas.

As secretarias fizeram questão de ressaltar que a adesão ao programa é voluntário e a internação compulsória está “totalmente descartada” para o tratamento dos usuários de crack. Além disso, segundo a Secretaria de Assistência Social, “largar a droga não é pressuposto para entrar no programa”, já que a ideia da Operação Braços Abertos é recolocar o dependente químico em contato com a sociedade.

Na área da saúde, em 2013, a prefeitura ampliou de quatro para 16 as equipes de programa Consultório na Rua, que trabalham no acolhimento e encaminhamento para tratamento. Dessas 16 equipes, oito delas está na subprefeitura da Sé, sendo que duas delas estão especificamente na Cracolândia. Somente em janeiro de 2014, 253 pessoas foram encaminhadas ao tratamento.

A Assistência Social foi responsável pelo cadastramento dos dependentes e acomodação das pessoas. Na segunda etapa da operação, com a retirada dessas pessoas da rua, a prefeitura prevê uma diminuição da oferta de drogas na região. Para as pessoas que frequentam a região, mas não moram na Cracolândia, ainda restam 100 vagas no novo programa.

Na questão do trabalho, os usuários serão remunerados e ficarão quatros horas por dia trabalhando na limpeza urbana de parques e praças da região central da capital paulista, além de outras duas horas em cursos de capacitação.

Nesta quarta-feira, 100 homens da GCM estão na Cracolândia para fazer a segurança das equipes das secretarias e colaborar com a preservação do patrimônio público.

Fonte: Terra
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