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SP: um ano após tragédia, Itaóca ainda tenta reconstrução

14 jan 2015 - 06h19
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<p>Chuva castigous a cidade de Itaóca, no Vale do Ribeira, em São Paulo</p>
Chuva castigous a cidade de Itaóca, no Vale do Ribeira, em São Paulo
Foto: Ivan Edson/Rádio Itaóca / Divulgação

Há exatamente um ano, os moradores de Itaóca, município paulista na divisa com o Paraná, enfrentavam as consequências do temporal que devastou a pequena cidade do Vale do Ribeira e deixou 27 mortos, dos quais dois permanecem desaparecidos. Atualmente, além de conviver com o trauma, os cerca de 3,2 mil moradores ainda têm que lidar com a destruição deixada pelo temporal.

Foram mais de 200 milímetros de chuvas em menos de cinco horas, informou a Defesa Civil Estadual na época. Um emaranhado de galhos de árvores ficou retido na ponte principal do município, o que mudou o curso do Rio Palmital e provocou a inundação. De acordo com a prefeitura de Itaóca, parte das pontes, estradas e moradias ainda não foi restaurada ou reconstruída.

“O governo federal liberou recursos para a limpeza da cidade; então todo aquele entulho, madeira e lama, foram removidos. Mas a parte de reconstrução do município, ficou a desejar”, explicou Erli Rodrigues Fortes, secretário de Agropecuária do município. Fortes informou que foram utilizados R$ 1,9 dos R$ 2,6 milhões disponibilizados pelo Ministério da Integração Nacional.

“O restante, vamos devolver. Conseguimos contratar as máquinas por um menor preço. Esse dinheiro era só para limpeza”, justificou o secretário. Ele disse que o município entregou um plano de reconstrução para aquele ministério em fevereiro do ano passado, mas os recursos ainda não foram liberados. “Lá está prevista reconstrução de pontes e calçamento. Havia também medidas de prevenção, mas já disseram que isso não pode entrar”, explicou.

Morador mostra destruição provocada por enchente em Itaóca (SP) :
Ao todo, dez pontes foram destruídas pela tromba d'água, deixando comunidades ilhadas nos dias que se seguiram ao desastre. As pontes foram refeitas de forma provisória e, segundo a prefeitura, continuam dessa forma. No bairro do Lajeado, por exemplo, os próprios moradores refizeram o caminho para atravessar o rio com os pedaços de árvores que foram derrubadas pela chuva. A destruição do calçamento é o que mais atrapalha quem mora no bairro Vila Ribas. Localizado na margem direita do rio, próximo à ponte principal, algumas ruas continuam intransitáveis. Também permanecem complicados alguns trechos da estrada entre Apiaí, cidade vizinha, e Itaoca.

As moradias e a reconstrução da ponte principal ficaram a cargo do governo estadual, conforme anúncio feito pelo governador Geraldo Alckmin na época da enxurrada. “Foram prometidas 90 casas. O município desapropriou um terreno e entregou à CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), mas até o momento não foram iniciadas as obras”, informou Fortes. A ponte, de acordo com ele, foi a única obra iniciada depois da tragédia. O canteiro de obras foi feito em junho. “A previsão de conclusão é março”, informou o secretário.

O medo de que a tragédia se repita está presente entre os moradores de Itaóca. “Basta uma chuva que as pessoas ficam nervosas. Estão traumatizadas. Teve gente perdendo a família inteira. Graças a Deus, não perdi ninguém”, relembrou o comerciante Vandir Martins. Embora nenhum de seus parentes tenha morrido, a mercearia que ele mantinha na rua principal da cidade foi completamente destruída. “A água subiu dois metros. Perdi pelo menos 80% do que tinha aqui. Uma parte da estrutura (do prédio) caiu”, relatou. Ele calcula um prejuízo de pelo menos R$ 500 mil. Para reconstruir o comércio, precisou fazer empréstimos. A prefeitura calcula um prejuízo total no município em torno de R$ 23 milhões.

A Agência Brasil procurou o Ministério da Integração Nacional e a CDHU, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem.

Agência Brasil Agência Brasil
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