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SP: Parada Gay teve 100 mil pessoas, diz PM

Organização do evento afirma que contagem da polícia não considera "público flutuante" e nega que antecipação do evento, que ocorria no Corpus Christi, tenha causado prejuízo

4 mai 2014 - 17h26
(atualizado em 5/5/2014 às 10h11)
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<p class="text">O combate à homofobia e a aprovação de um projeto de lei que assegure ao cidadão a identidade de gênero foram os temas principais da 18ª edição da Parada LGBT </p>
O combate à homofobia e a aprovação de um projeto de lei que assegure ao cidadão a identidade de gênero foram os temas principais da 18ª edição da Parada LGBT
Foto: Marcelo Pereira / Terra

Pelo menos 100 mil pessoas participaram neste domingo, em São Paulo, da 18ª edição da Parada do Orgulho LGBT, na avenida Paulista. A estimativa é da Polícia Militar.

De acordo com o comandante do policiamento na região central, coronel Celso Luiz Pinheiro, o cálculo considerou a medição feita pela PM em sobrevoo realizado às 15h30 na Paulista e em outras vias da região central por onde a multidão seguiu, acompanhando os trios elétricos, até a Praça da República.

Às 16 horas, passadas três horas do início do desfile dos trios, uma base móvel da PM na calçada do Parque Trianon havia registrado quatro ocorrências, todas, de furto. O comandante do policiamento, contudo, destacou ainda um caso de porte de entorpecentes –que rendeu uma das duas prisões em flagrante do evento. A outra, segundo Pinheiro, foi em um dos casos de furto.

Procurada para comentar o número de participantes divulgado pela PM, a Prefeitura de São Paulo, por meio de sua secretaria municipal de Direitos Humanos, informou não ter um número fechado e pediu para que a reportagem conversasse com a Associação da Parada.

O presidente da entidade, Fernando Quaresma, afirmou que a participação do público “superou a expectativa; foi um sucesso”. “Nosso público é fiel, e antecipar a data do evento não trouxe qualquer prejuízo. Mesmo porque, a rede hoteleira da cidade estava com 100% de ocupação neste fim de semana”, afirmou. “Não contestamos o número da PM, mas é fato que ele não considera o público flutuante que esse tipo de evento tem. E há que se destacar que foi tudo muito pacífico”, concluiu Quaresma.

A Parada LGBT acontece sempre no feriado de Corpus Christi, mas foi antecipada, este ano, porque a data coincidiria com a agenda de eventos da Copa do Mundo em São Paulo.

A 18ª edição teve como temas centrais o combate à homofobia, com pedido para que a prática seja criminalizada, e a aprovação de um projeto de lei que assegure ao cidadão a identidade de gênero.

A entrevista coletiva que antecedeu o desfile dos trios elétricos, hoje de manhã, no auditório da Fecomércio, foi marcada pela cobrança de ativistas a autoridades federais, estaduais e municipais para que as bandeiras defendidas pela Parada sejam concretizadas.

Gays e héteros divergem sobre proposta da Parada

Entre os participantes, famílias, casais heterossexuais e homossexuais, além de drag queens, estiveram presentes na 18ª Parada. O propósito de defesa da causa anti-homofobia, entretanto, dividiu as opiniões.         

“O evento em si é algo muito bom, porque é uma chance de nos sentirmos respeitadas. Fora desses eventos, ainda há muito preconceito”, disse a drag Jenifer Carraroh, 22 anos. “A parada virou uma micareta, e não mais uma luta contra o preconceito”, contestou a drag Raquel Winehouse, 18 anos, “cover” da cantora Amy Winehouse.

Musa da Parada Gay de Jundiaí, que acontece em outubro, a drag queen Kauara Lafitti, 37 anos, definiu: “Não dá para pedir respeito em um evento com esse. Foi-se o tempo; a coisa perdeu o propósito “, lamentou ela, que contou já ter sido gerente de posto de combustíveis antes de assumir a nova atividade.

<p>Um público diversificado, incluindo casais acompanhados de seus filhos, prestigiaram a Parada</p>
Um público diversificado, incluindo casais acompanhados de seus filhos, prestigiaram a Parada
Foto: Marcelo Pereira / Terra

Uma família de Goiânia aproveitou a visita a um parente em São Paulo para conferir a Parada. “Tudo é divertido, ainda mais que é a primeira vez que eu venho”, contou a aposentada Maria José Rocha, de 76 anos, com as filhas Mônica, de 50 anos, e Mabel, de 56. “Gostei do que vi, mas é bem diferente do meu mundo”, opinou Mabel. “É a segunda vez que venho e pretendo vir mais vezes”, arrematou Mabel.

Moradores das proximidades da Paulista, o casal Marcelo Pompeu, 48 anos, e Fernanda Skolaude, de 32 anos, levaram o filho Otto, de dois anos, “para ele não ter a mente fechada”.

“Somos a favor da causa LGBT, cada um faz o que quer da própria vida, mas o ideal seria que a Parada acontecesse em um local fechado. Aqui na Paulista é muito barulho e muita coisa fica quebrada”, opinou o músico.

Alheio às críticas, o engenheiro civil, ex-aeronauta e tradutor Alexandre Santos Silva, 55 anos, se definiu “um viado que gosta de mulher” ao relatar ter namorado homens e mulheres. “Mas prefiro a suavidade das mulheres, homem com homem é muita testosterona. E não sou bissexual, porque rejeito rótulos que esse termo acaba colocando”, explicou.

Colaboraram com esta notícia os leitores Vilmar Bannach, de São Paulo (SP), e Cleide Isabel, de São Bernardo do Campo (SP), que participaram do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.

Fonte: Terra
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