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SP: 'ninguém ofereceu resistência', diz fotógrafo que viu ação da PM em hotel

Batalhão de choque invadiu hotel no centro de São Paulo e deram tiros com bala de borracha dentro do estabelecimento durante protesto contra Copa

26 jan 2014 - 16h56
(atualizado às 19h19)
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Vídeo mostra momento em que PM invade hotel em São Paulo:

Um vídeo gravado pelo fotojornalista Felipe Larozza mostra a ação do Batalhão de Choque da Polícia Militar invadindo um hotel na Rua Augusta no sábado, durante o protesto contra a Copa do Mundo em São Paulo. Nas imagens, os PMs invadem o hotel e dão tiros com balas de borracha dentro do estabelecimento, mandando todos que estavam no local deitarem no chão.

"Eu venho cobrindo os protestos desde junho e sei dos danos que pode causar a bala de borracha. A polícia invadiu o local e deu tiros à queima-roupa, muito próximo das pessoas. Nem todo mundo ali era manifestante, tinham hóspedes e funcionários do hotel lá dentro, e mesmo que fossem parte do protesto, ninguém ofereceu resistência para que eles agissem com truculência", afirmou o fotojornalista.

Segundo Larozza, o choque ia subindo a Rua Augusta em direção à Avenida Paulista e algumas pessoas se refugiaram dentro do hotel com medo da ação da polícia. "O pessoal do hotel deixou as pessoas entrarem", disse. "Eu entrei junto com o choque. Logo depois da invasão, com todo mundo no chão e rendido, eles separaram todos os fotógrafos e jornalistas e nos mandaram sair", conta. 

"Não foi uma ação rápida lá dentro. Disseram depois que estavam procurando manifestantes escondidos dentro do hotel", afirma. Segundo ele, os policiais saíram do local com um ônibus lotado de manifestantes presos. Cerca de 30 pessoas foram detidas no local.

De acordo com o balanço divulgado pela Polícia Militar ontem, no total 128 pessoas foram detidas durante o protesto e encaminhadas para a 78ª Delegacia de Polícia (DP). Neste domingo, todos os presos foram liberados.

Resposta da PM 

A Polícia Militar explicou que "o Choque entrou por solicitação dos funcionários".  Segundo a PM,  "quatro funcionários do hotel são testemunhas da invasão". A Polícia Militar informou, ainda, "que foram feitos dois disparos de elastômero para o chão, sem atingir os manifestantes".

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus. A mobilização surtiu efeito e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas – o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. "Essas vozes precisam ser ouvidas", disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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