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SP: metroviários e MPL fazem protesto contra Alckmin e cartel no Metrô

14 ago 2013 - 17h17
(atualizado às 18h39)
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<p>Manifestação no Vale do Anhangabaú em defesa do transporte público e contra o desvio de recursos destinados a obras no metrô</p>
Manifestação no Vale do Anhangabaú em defesa do transporte público e contra o desvio de recursos destinados a obras no metrô
Foto: Bruno Santos / Terra

O Movimento Passe Livre (MPL) e o Sindicato dos Metroviários de São Paulo fazem um protesto na tarde desta quarta-feira pelas ruas da capital paulista em defesa do transporte público e contra o desvio de recursos destinados a obras no metrô paulistano e na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). O ato começou às 15h no Vale do Anhangabaú. Por volta das 16h, o grupo, de cerca de 1,5 mil manifestantes, saiu em caminhada em direção à prefeitura de São Paulo.

Em seguida, os manifestantes passaram pela rua Libero Badaró e protestaram em frente ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP). Depois, ele se dirigiram para a Secretaria Estadual de Transportes Metropolitanos a fim de entregarem uma carta de reivindicações para o secretário Jurandir Fernandes. No local, eles enrolaram uma catraca com uma atadura e atearam fogo no equipamento. Um boneco do governador Geraldo Alckmin (PSDB) também foi queimado.

Na sequência, o grupo seguiu em direção à praça da Sé, onde fez um ato rápido, no qual afirmava que os manifestantes não sairão das ruas até o passe livre ser aprovado. Depois, a caminhada seguiu para a Câmara Municipal de São Paulo.

Uma das faixas, colocada embaixo do viaduto do Chá, traz o desenho de um ônibus e a frase "Transporte não é mercadoria: Chega de sufoco". A Companhia de Engenharia de Tráfego orienta os motoristas a evitar circular pela região central.

O integrante do MPL Marcelo Hotimsky defende a tese de que os usuários e os trabalhadores devem gerir o sistema de transporte público. Segundo ele, não é um ato pedindo a saída do governador Geraldo Alckmin (PSDB), mas o protesto acaba esbarrando nisso por conta dos escândalos das obras do metrô. “No caso do escândalo, são grupos e empresas que se beneficiam desses esquemas para lucrar, deixando os usuários de lado”, disse.

“Nós estamos atentos a toda a movimentação para a investigação desses casos (de cartel). O protesto de hoje tem a mesma lógica dos protestos contra o aumento da tarifa de ônibus. Estamos denunciando e queremos que esse dinheiro volte em favor dos usuários”, afirmou Marcelo.

Para o presidente do Sindicato dos Metroviários, que apoia a manifestação, Altino de Melo Prazeres, o ato também é contra o governador de São Paulo. “A população vai ficar na rua todos os dias. Estamos buscando uma mobilização junto com o MPL, metroviários e OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). A confiança nos políticos vai caindo a cada dia. O nosso foco, enquanto sindicato, é contra a corrupção e resvala no governador. Sou a favor do 'Fora, Alckmin'. A ideia é que o movimento cresça até conseguirmos a devolução do dinheiro roubado”, afirmou.

Altino informou ainda que tem uma carta de reivindicações para entregar ao secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes. “É possível vencer essa máfia, que é muito poderosa e que financia os políticos”, disse ele. Altino adiantou que a principal reivindicação é a devolução do dinheiro público que, segundo ele, foi roubado. "Já se fala em R$ 425 milhões. Queremos a devolução e a prisão de todos os que estão envolvidos neste esquema de corrupção.”

Segundo o tenente-coronel da Polícia Militar (PM), Marcelo Pignatari, a corporação acompanha a manifestação com 350 policiais. “Faremos o possível para impedir que oportunistas infiltrados na manifestação acabem comprometendo todo o movimento. Nossa atuação no primeiro momento é para garantir o movimento, e é uma atuação que visa que tudo transcorra sem incidentes e de forma pacífica.”

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Com informações da Agência Brasil

Fonte: Terra
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