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SP: manifestantes tentam invadir Câmara e entram em confronto com PM

Ao menos três PMs ficaram feridos e três manifestantes foram presos

14 ago 2013 - 19h19
(atualizado às 22h19)
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<p>Os manifestantes queimaram um boneco que representava o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB)</p>
Os manifestantes queimaram um boneco que representava o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB)
Foto: Marcelo Pereira / Terra

Um grupo de manifestantes tentou invadir a Câmara Municipal de São Paulo no início da noite desta quarta-feira e entrou em confronto com a Polícia Militar. Eles protestam contra o desvio de recursos destinados a obras no metrô e na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e afirmam que a ocupação do Legislativo paulistano seria em solidariedade aos 10 manifestantes que estão no Plenário da Câmara do Rio desde sexta-feira. O grupo chegou em frente ao prédio da Câmara por volta das 19h e tentou derrubar as grades que protegem o edifício. Pedras e bombas caseiras foram atiradas, e uma das vidraças da Casa foi quebrada.

A Polícia Militar faz um cordão de isolamento em frente ao prédio, mas diante da pressão dos manifestantes, usou spray de pimenta e bombas de efeito moral para dispersar o grupo. Houve muita correria pelas ruas da região.

No conflito, ao menos cinco PMs ficaram feridos e três manifestantes foram presos. Segundo a Polícia Militar, três manifestantes foram detidos. Dois deles foram encaminhados ao 78º Distrito Policial (Jardins) e o outro para o 5º DP (Aclimação). 

Mais cedo, uma comissão de 15 manifestantes entrou na Câmara acompanhada por policiais para uma reunião com o presidente da Casa, José Américo Dias. Eles continuavam reunidos por volta das 19h15.

O ato, organizado pelo Movimento Passe Livre (MPL) e pelo Sindicato dos Metroviários de São Paulo, começou às 15h no Vale do Anhangabaú. Por volta das 16h, o grupo, de cerca de 1,5 mil manifestantes, saiu em caminhada em direção à prefeitura de São Paulo.

Em seguida, os manifestantes passaram pela rua Libero Badaró e protestaram em frente ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP). Depois, ele se dirigiram para a Secretaria Estadual de Transportes Metropolitanos a fim de entregarem uma carta de reivindicações para o secretário Jurandir Fernandes. No local, eles enrolaram uma catraca com uma atadura e atearam fogo no equipamento. Um boneco do governador Geraldo Alckmin (PSDB) também foi queimado.

Na sequência, o grupo seguiu em direção à praça da Sé, onde fez um ato rápido, no qual afirmava que os manifestantes não sairão das ruas até o passe livre ser aprovado. Depois, a caminhada seguiu para a Câmara Municipal de São Paulo.

O integrante do MPL Marcelo Hotimsky defende a tese de que os usuários e os trabalhadores devem gerir o sistema de transporte público. Segundo ele, não é um ato pedindo a saída do governador Geraldo Alckmin (PSDB), mas o protesto acaba esbarrando nisso por conta dos escândalos das obras do metrô. “No caso do escândalo, são grupos e empresas que se beneficiam desses esquemas para lucrar, deixando os usuários de lado”, disse.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Agência Estado Agência Estado
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