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Cidades

SP: grupo acampa há três dias em frente à sede do governo

Manifestantes exigem principalmente a criação de uma CPI para investigar denúncia de cartel nas licitações do Metrô e trem

5 ago 2013 - 17h11
(atualizado às 18h19)
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<p>Manifestantes passaram o último domingo em frente ao Palácio dos Bandeirantes</p>
Manifestantes passaram o último domingo em frente ao Palácio dos Bandeirantes
Foto: Filipe Schmid / vc repórter

O acampamento montado em frente ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, completa nesta segunda-feira três dias. Cerca de 20 manifestantes chegaram ao local na madrugada de sábado após participarem de um protesto na região da avenida Paulista. Eles reivindicam a criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar a recente denúncia de formação de cartel nas licitações do Metrô e trem de São Paulo.

O grupo pede ainda desmilitarização da polícia e a responsabilização do governo estadual em casos de violações de direitos humanos, entre eles a reintegração de posse da comunidade Pinheirinho, em São José dos Campos, e o Massacre do Carandiru. Os manifestantes informaram que não houve confronto com a polícia que faz a guarda do palácio e que a situação no local é tranquila. Os jovens disseram que não pretendem deixar o local até que as reivindicações sejam atendidas.

Eles propuseram uma reunião com o governador Geraldo Alckmin, mas não obtiveram retorno. O grupo não se identifica como parte de uma organização política ou partidária, mas alguns integrantes são filiados a partidos políticos ou movimentos sindicais. "Cada um vem aqui com sua própria ideologia. A gente senta e discute todos os assuntos que são colocados em pauta", disse um estudante que se identificou como Arthur Biu.

Eles explicaram que os participantes do protesto são estudantes e trabalhadores e, por isso, estão fazendo um revezamento. Segundo os manifestantes, no turno da noite, o total de acampados chega a cerca de 70 pessoas. O grupo pretende enviar representantes ao protesto previsto para amanhã na avenida Paulista.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), um dos jovens, que fazia parte do acampamento, um técnico em informática de 23 anos, foi detido no início da manhã de domingo e levado para o 89º Distrito Policial, no bairro Jardim Taboão. O boletim de ocorrência informa que ele foi detido por policiais militares após pichar o Portão 2 da sede do governo.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Colaborou com esta notícia o internauta Filipe Schmid, de São Paulo (SP), que participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.

Agência Brasil Agência Brasil
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