SP além do volume morto: o futuro da cidade após o fim da água Fábio Santos A água em São Paulo está acabando e isso ninguém pode negar. A cada dia que passar, os níveis dos reservatórios que abastecem a Grande SP secam um pouco mais e, com o final do período chuvoso, o que podemos esperar é um cenário catastrófico. Muitas obras de ficção já retrataram um mundo colapsado pela falta de água e, na maioria deles, o cenário é de destruição e sombrio. Imaginando como seria o dia em que todos os reservatórios secassem, o Terra preparou este especial de São Paulo além do volume morto. <> Eu, você e a sujeira A primeira mudança a ser notada seria dentro da casa de cada um. Nesta São Paulo hipotética, toda e qualquer água deverá ser comprada - e ela não estará barata. Sendo assim, o precioso líquido seria utilizado basicamente para o consumo e para a higiene pessoal. O banho, de canequinha ou com pano úmido, mostraria toda a realidade cruel da seca. Iríamos deixar a louça de lado e conviver apenas com o uso de materiais descartáveis e no banheiro, sem o número de descargas que desejaríamos, seria inundado com materiais aromatizantes. Perfumes Mestres na arte de fazer este produto, os franceses podem se dar ao luxo de não serem tão chegados ao banho quanto nós brasileiros, principalmente por causa da diferença nos recursos hídricos e no clima, muito mais ameno no país europeu. A falta completa de água nos aproximaria um pouco mais dos franceses, já que seria impossível passar um dia sem um bom banho com a ausência de um perfume. Para evitar aquele cheiro de corpo (CC), o melhor seria caprichar no uso de desodorantes e perfumes. Lenços umedecidos também estariam entre os itens básicos de qualquer cidadão. Segurança privada de água A água não vem mais pelo cano e sua raridade na São Paulo seca a transformaria em um produto valioso. O transporte de valores ganha nova conotação com a falta de água e empresas de segurança seriam contratadas para acompanhar caminhões pipas vindos de outras regiões do Brasil. Facções criminosas que ocupam comunidades na periferia iriam tomar os caminhões e distribuir a água em regiões que geralmente são esquecidas pelo governo. Ataques por água se tornam mais frequentes, pois a cidade não tem estrutura para distribuir água para 11 milhões de pessoas. Demissões em massa Com a falta completa de água, as fábricas desta São Paulo devem parar e os funcionários deverão mandados para casa em forma de férias coletivas ou demissões em massa. Seria um colapso para alguns setores, como químico, têxtil, metalúrgico, alimentício e o de celulose, que fazem uso intensivo da água. Produtos básicos, como alimentos, papel higiênico e de vestuário poderiam começar a faltar. Como parte do que é consumido de legumes e frutas na região metropolitana vem do interior do Estado, produtos naturais também iriam faltar e o preço seria elevado. Comida salgada Quem já colocou os pés em uma cozinha sabe que a água é fundamental em quase todas as dietas. A falta do líquido precioso tornaria o ato de cozinhar extremamente caro, já que manter um restaurante aberto, com o uso de água na cozinha e banheiros será para poucos. O valor desta estrutura, é claro, seria repassado para os clientes. Arroz, feijão, salada, macarrão... Estes são alimentos que dependem muito da água para serem colocados na mesa. Com a alta dos alimentos, será vantajoso comprar carne de gado e peixes de água salgada para o preparo em grelhas ou churrasqueiras. Férias escolares A falta de água faria com que a maioria das escolas públicas mandasse as crianças para casa. Escolas particulares investiriam na compra de água, mas esse valor seria embutido na mensalidade, tornando a vida ainda mais cara. Êxodo Com o colapso na distribuição de água e demissões em massa, não haveria mais motivo para a o paulistano continuar na cidade. Alguns vão para o interior e cidades próximas, onde a crise não é tão intensa. Outros voltariam para seus Estados de origem ou onde moram seus familiares. O governo iria criar um programa de incentivo para que as pessoas fossem embora da cidade, pagando uma cota para cada pessoa que deixar a região afetada pela crise hídrica. Tráfico de água O comércio de água e alimentos é regulamentado por uma legislação própria. Com a seca, qualquer pessoa passaria a traficar o produto, tirando muitas vezes de origens duvidosas. Água de rios e lagos poluídos seriam adicionadas a cloro e engarrafadas para serem vendidas a preços altíssimos. A “água pirata” ganharia o comércio informal e abasteceria aqueles que não conseguem acesso ao programa de distribuição de água criado pelo governo. Fechem os clubes Algumas instituições comerciais perderiam sua função social e seriam fiscalizadas pela prefeitura. Lava-rápidos e lavanderias, por exemplo, seriam proibidos de funcionar até o término da situação crítica. Exército na rua A falta de água na torneira durante dias iria causar uma verdadeira disputa pelo líquido. Saques em depósitos de água e invasão de prédios públicos se tornarão rotina. Para conter os ânimos em São Paulo, o Exército e a Força Nacional serão convocadas para garantir a ordem. A cidade entraria em nível de alerta e, com o avançar da crise, o toque de recolher seria decretado em algumas regiões. Salve-se quem puder! mais especiais de notícias