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SP: em greve, motoristas protestam em frente à Câmara de Bauru

Por conta da paralisação dos funcionários do transporte público na cidade, 100 mil estão sem transporte desde sexta-feira

24 jun 2013 - 14h20
(atualizado às 14h26)
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De braços cruzados há quatro dias, motoristas do transporte coletivo em Bauru, no interior de São Paulo, protestaram na manhã desta segunda-feira em frente à Câmara Municipal da cidade. 

Os grevistas se reuniram em uma praça na região central e, de lá, seguiram para o prédio do Legislativo em passeata. Os trabalhadores receberam o apoio de integrantes do movimento “Vem pra rua” que também participaram do ato. Cerca de 300 pessoas entre funcionários das empresas de transporte coletivo da cidade e simpatizantes participaram do protesto. Cerca de 100 mil pessoas estão sem transporte público em Bauru desde sexta-feira (21).

Assim que chegaram à Câmara os manifestantes foram recebidos pelo presidente da Casa, Sandro Bussola (PT). Dois representantes de cada uma das três empresas que atuam na cidade participaram da reunião que teve o objetivo de expor aos vereadores os motivos da paralisação, além de pedir apoio. O encontro durou cerca de 20 minutos. 

“Toda manifestação pacífica é bem-vinda. O processo democrático que o País caminha permite isso. O papel da Câmara é sempre fazer o intercâmbio, o diálogo. É importante sentarmos para discutir isso”, disse o presidente do Legislativo bauruense. 

“Dirigimos, cobramos, embarcamos e desembarcamos os passageiros com deficiência física. Se torna muito penosa a nossa profissão”, comentou o motorista José Balbino da Silva. Os motoristas também acumulam a função de cobrador na cidade.  “Só queremos nossos direitos e melhores condições de trabalho. Queremos que a população entenda isso”, disse o motorista Antonio Silva. 

Sandro Bussola ouviu os manifestantes e se comprometeu a agendar uma reunião com o presidente da Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural de Bauru (Emdurb), Nico Mondelli, e com os vereadores. 

Na reunião serão apresentadas denúncias dos motoristas contra as empresas, como o não cumprimento de uma hora de descanso para refeição durante a jornada de trabalho. A Emdurb é a responsável pelo gerenciamento do transporte coletivo no município. Parte dos motoristas deve retornar à Câmara na tarde desta segunda-feira para participar da sessão legislativa semanal, quando a questão do transporte público será discutida. 

Na última sexta-feira o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) em Campinas (SP) concedeu liminar exigindo que 100% da frota voltasse a circular. Porém, o advogado da Comissão dos Trabalhadores do Transporte Coletivo, Hudson Chaves, informou que a paralisação continua, porque o líder do movimento grevista, Valter Dutra, não teria sido oficialmente comunicado sobre a decisão judicial. Enquanto isso os motoristas mantêm o combinado entre a categoria e só voltarão ao trabalho caso suas exigências sejam atendidas. 

Entre outros prontos, os grevistas exigem aumento salarial de 12%, além de reajuste no valor do vale-alimentação. Na tarde desta segunda-feira haverá uma audiência no TRT em Campinas para negociar as exigências da categoria. Pela legislação, 30% do serviço deveria ser mantido durante a greve. Com a ilegalidade devido à paralisação total do serviço, as empresas responsáveis pelo transporte coletivo estão sendo multadas pela Emdurb.  

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

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Fonte: Especial para Terra
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