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Cidades

SP: contaminação por superbactéria faz hospital isolar ala com 43 leitos

2 ago 2013 - 22h55
(atualizado às 23h10)
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Hospital estadual tem 15 pacientes infectados com a superbactéria KPC
Hospital estadual tem 15 pacientes infectados com a superbactéria KPC
Foto: Talita Zaparolli / Especial para Terra

Para evitar a contaminação de outros pacientes que passam por tratamento no local, a direção do hospital estadual doutor Arnaldo Prado Curvêllo em Bauru, no interior de São Paulo, decidiu isolar uma ala, no 4º andar do prédio, onde estão internados 15 pacientes infectados com a superbactéria KPC (Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase). O isolamento será feito por prazo indeterminado. O hospital conta com 318 leitos.

Identificada pela primeira vez nos Estados Unidos no ano 2000, a KPC tornou-se resistente a múltiplos antibióticos depois de ter sofrido mutação genética que pode estar diretamente relacionada com o uso indiscriminado ou incorreto desse tipo de medicamento.

A superbactéria pode causar pneumonia, infecções sanguíneas, de pele, no trato urinário e em feridas cirúrgicas, além de doenças que podem evoluir para um quadro de infecção generalizada que poder ser, muitas vezes, fatal. 

Médico mostra roupa especial necessária para acessar à área
Médico mostra roupa especial necessária para acessar à área
Foto: Talita Zaparolli / Especial para Terra

A direção do hospital nega que haja um surto e diz que a medida foi tomada apenas para facilitar o controle da bactéria e o trabalho da equipe de enfermagem durante a assistência aos pacientes contaminados, por isso eles foram alocados em apenas uma ala.  

“Os pacientes que estão nesse setor têm a bactéria. É como se ela estivesse no corpo deles colonizando a pele ou uma ferida, por exemplo, mas não está causando infecção nesse primeiro momento. Podem desenvolver? Podem. Principalmente aqueles pacientes que são acamados, que têm sonda na urina, cateter. Esses pacientes têm mais risco”, explica o infectologista e gerente médico do hospital Taylor Endrigo Toscano Olivo. 

De acordo com ele, as visitas de familiares aos pacientes não foram proibidas, porém houve restrição ao número de visitantes. Para entrar nos quartos é preciso usar uma roupa especial e luvas para evitar o contato direto com quem foi contaminado. Além disso, o uso de equipamentos médicos como estetoscópios e termômetros é individual entre os pacientes do isolamento. Por medida de controle, em quartos onde há vários leitos, apenas um pode ser ocupado.

“Como ela (KPC) tem uma resistência maior para antibióticos, os antibióticos que eu tenho para utilizar são muito restritos. Normalmente, existe uma chance de se escolher um antibiótico que não vai funcionar. O perigo maior é o médico errar o antibiótico para o tratamento”, explica Olivo. De acordo com ele, não houve bloqueio de leitos em nenhuma outra ala do hospital como na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). 

Por conta de bactéria, ala do hospital estadual em Bauru foi isolada
Por conta de bactéria, ala do hospital estadual em Bauru foi isolada
Foto: Talita Zaparolli / Especial para Terra

Ainda segundo o médico, o risco para os pacientes existe apenas quando eles estão internados. “Quando esses pacientes recebem alta médica, vão pra casa, eles ainda ficam um tempo com essa bactéria. Mas, com o tempo, as bactérias nossas, da comunidade, acabam por competição descolonizando esse paciente. Então ele deixa de ter a bactéria resistente e volta a ter a comunitária. É uma bactéria ‘manca’ que a gente fala. Dentro do ambiente hospitalar ela aumenta em maior quantidade, mas em competição com as outras, que a gente chama de ‘nativas’, fora do ambiente hospitalar, ela descoloniza”, explica.

O risco de contaminação é um dos pontos apontados pelos funcionários das instituições de saúde de Bauru que são administradas pela Fundação para o Desenvolvimento Médico Hospitalar (Famesp), que estão em greve desde o dia 25 de julho. Muitos relatam não ter equipamentos adequados para lidar com pacientes contaminados. 

Além de gerir o Hospital Estadual, em Bauru a Famesp também é responsável pelos Hospitais de Base e Manoel de Abreu, além do Ambulatório Médico de Especialidades (AME) e da maternidade Santa Isabel.

Os trabalhadores reivindicam 20% de reajuste salarial, além de melhores condições de trabalho e benefícios. Houve várias tentativas de acordo entre o sindicato da categoria e a Famep para tentar pôr fim à greve, inclusive por intermédio do Ministério Público do Trabalho (MPT). Com isso, apenas 30% dos trabalhadores trabalham no atendimento à população. 

Fonte: Especial para Terra
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