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SP: associação 'pega pesado' em campanha contra a dengue em Bauru

Peças publicitárias chamam de "idiotas", "estúpidas" e "imbecis" pessoas que não colaboram com o combate aos focos da doença

31 mai 2013 - 08h26
(atualizado às 08h26)
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Campanha tem o objetivo de chocar a população e conscientizar pessoas que não colaboram com o combate à doença
Campanha tem o objetivo de chocar a população e conscientizar pessoas que não colaboram com o combate à doença
Foto: Talita Zaparolli / Especial para Terra

Com mais de 5,4 mil casos de dengue confirmados só este ano, entre eles duas mortes, o município de Bauru, no interior de São Paulo, enfrenta a pior epidemia da doença de sua história. Na tentativa de frear o avanço da dengue, diversas campanhas educativas são realizadas na cidade, mas novos casos são confirmados quase que diariamente pela Secretaria de Saúde do município.

Diante disso, a Associação dos Profissionais de Propaganda  (APP) de Bauru e região lançou uma campanha no mínimo agressiva para chamar a atenção dos moradores. Diversos outdoors foram espalhados pela cidade com frases como "Pneu acumulando água é coisa de gente imbecil" ou "Caixa d'água destampada? Você é burro!".

A campanha alerta a população sobre as formas de prevenção da doença, como não deixar nos quintais recipientes que possam acumular água e servir de criadouro para o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue.

"Se tivéssemos feito uma campanha mais tradicional dizendo 'a dengue mata' ou 'cuide do seu quintal' não teríamos o efeito que estamos tendo. Seria só mais uma campanha. Dessa forma é mais contundente, procuramos um caminho para chocar, chamar a atenção da população para o problema", explica o vice-presidente da APP local e diretor de atendimento da agência de publicidade que criou a campanha, Cláudio Marcelino.

A divulgação da campanha teve início na página da APP no Facebook. A partir da parceria da associação de classe com duas empresas de painéis publicitários, os anúncios ganharam as ruas. Os painéis estão expostos em vias de grande circulação de veículos e de pessoas, como a avenida Nações Unidas - que corta a cidade -, a avenida Nossa Senhora de Fátima - um dos principais corredores comerciais da zona sul de Bauru - e na rotatória das avenidas Castelo Branco e José Vicente Aiello - que dá acesso a dois dos bairros pais populosos da cidade, a Vila Falcão e o Jardim Bela Vista.

"Os números nos incomodavam muito. Fomos elogiados e também criticados. Mas a campanha tem uma autodefesa, quem não pratica é que ficou ofendido. Por isso não ficamos tão preocupados como seria recebida", explica o presidente da APP local Rodrigo Rondon.

A associação prepara ainda anúncios para jornais e um vídeo que será veiculado pela TV aberta. "Em todas as campanhas de cunho social nós procuramos apoio da mídia em geral, jornais, TVs, empresas de outdoor, empresas envolvidas com comunicação, mas desta vez encontramos certa resistência por parte de algumas, que não quiseram apoiar a iniciativa", revela Rodrigo.

O mecânico Luis Célio Bertizoli concorda com a campanha e diz não se sentir ofendido. "Tem muita gente que descuida. Não acho que eles estão errados, não me ofendeu de maneira alguma. Em casa nós sempre nos preocupamos com a dengue", disse.

Na página da APP no Facebook, as opiniões de pessoas de diversas partes do País se dividem. "Apelativo. Faltou elegância, criatividade e respeito. Talvez tenha até sido uma idiotice publicar uma peça assim", escreveu Alisson Alves. "Eu achei legal justamente por fugir da tradicional elegância", avalia Cleiton Castello Branco de Oliveira.

De acordo com a diretora do Departamento de Saúde Coletiva da Secretaria de Saúde de Bauru Heloísa Lombardi, 120 agentes de controle de endemias trabalham diariamente vistoriando as casas a fim de identificar e eliminar os criadouros do mosquito transmissor e, além disso, orientando a população sobre os riscos da doença.

"Também aplicamos larvicida para matar as larvas e bloquear todo o ciclo do mosquito nos locais identificados como criadouros em potencial", explica. Segundo ela, a região sudoeste da cidade é a mais infestada e foi onde a epidemia começou.

Apesar de considerar a campanha útil para prevenção, a diretora diz ser um pouco pejorativa. "Cada pessoa enxerga de uma forma. Quem está com tudo certo em casa passa pelo outdoor e não vê aquela mensagem como sendo pra ela. Agora quem anda errado pode se ofender, mas com certeza vai refletir", avalia.

Fonte: Especial para Terra
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