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Polícia

Sobrinho de 'Rei do Ônibus' é intimado a depor sobre agressão com cinzeiro

Daniel Barata disse em rede social não ser responsável pelo ato, e que já havia se retirado do local quando manifestante foi atingido

16 jul 2013 - 16h00
(atualizado às 16h19)
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<p>A partir da atitude de primo da noiva, manifestantes e polícia entraram em confronto durante festa de casamento</p>
A partir da atitude de primo da noiva, manifestantes e polícia entraram em confronto durante festa de casamento
Foto: Erick Dau / Futura Press

O delegado José William de Medeiros, da 12ª DP (Copacabana), informou na tarde desta terça-feira que localizou o endereço de Daniel Barata, sobrinho do empresário de transportes Jacob Barata, conhecido no Rio de Janeiro como o "Rei do Ônibus". O jovem de 18 anos foi intimado a depor sobre a suspeita de ter agredido Ruan Martins do Nascimento, durante protesto realizado no casamento de Beatriz Barata, na madrugada de domingo. 

"Ele deve depor até o final da semana", prevê o delegado, que enviou uma intimação para o endereço de Daniel. O jovem, que admitiu ter provocado os manifestantes que estavam em frente ao hotel Copacabana Palace - onde ocorria a festa de casamento de sua prima Beatriz -, jogando "aviõezinhos" de notas de R$ 20, negou a agressão. Segundo postou no Facebook, ele havia se retirado do local quando Ruan foi atingido.

"Todos os vetores da investigação apontam para que ele seja o autor desta e de mais duas agressões denunciadas pelo Ruan. Mas a gente precisa colher o depoimento dele para finalizar o inquérito", afirma Medeiros. O delegado também informou que, com base nas provas recolhidas até o momento, Daniel Barata seria indiciado por crime de lesão corporal. 

A família Barata divulgou um comunicado oficial na noite de segunda-feira. "A família lamenta os episódios que cercaram o que deveria ser uma cerimônia religiosa e familiar. Somos contra quaisquer gestos de agressão, os quais precisam ser identificados e punidos. Todavia, a liberdade de expressão não pode servir de excusa para as ofensas morais e as ameças sofridas pelos noivos e seus convidados. Além do constrangimento, merece registro a violência contra as pessoas presentes, recebidas com ovos e pedras, e muitas delas tendo seus carros particulares danificados", afirma a nota. 

Protestos contra tarifas de ônibus

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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