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SC: busto de Eike Batista surge no lugar de imagem roubada

10 abr 2014 - 13h55
(atualizado em 11/4/2014 às 18h48)
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Busto do empresário Eike Batista foi colocado na Praça XV, em Florianópolis
Busto do empresário Eike Batista foi colocado na Praça XV, em Florianópolis
Foto: Fabrício Escandiuzzi / Especial para Terra

Um busto do empresário Eike Batista “surgiu” da noite para o dia na mais importante praça de Florianópolis, no lugar que era ocupado pela imagem do artista catarinense Victor Meirelles, um dos mais expressivos pintores brasileiros. O “mistério” vem deixando intrigados os moradores da capital catarinense.

O lugar era ocupado pela estátua de bronze de Meirelles. O furto de várias peças na praça XV deixou o local vago há quase oito meses, mas ainda guarda as placas de identificação. Poucas pessoas perceberam que o busto se refere  a um novo "homenageado". O curioso é que a praça é localizada diante do prédio da prefeitura municipal.

A imagem chama a atenção de quem passa diariamente pela praça. Muitos dos populares  chegaram a parar, olhar e alguns, principalmente os moradores mais antigos, se esforçam para lembrar quem é o "homem do busto". 

“Eu e minha irmã estávamos há quase uma semana tentando descobrir de quem é essa estátua. Não sabia quem era, mas tinha certeza que não era do Victor Meirelles. Tem um museu aqui do lado com a imagem dele na porta”, disse Yolanda Teixeira Lobato, 67 anos. “O meu sobrinho que falou que achava que era o Eike Batista. Mas por que ele está ali?”.

Protesto

A imagem do bilionário Eike Batista faz parte de uma intervenção artística do Erro Grupo, que trabalha com situações dentro do cotidiano local. O ato é uma provocação ao fato da Praça XV, a mais movimentada da capital catarinense, permanecer sem esculturas desde agosto de 2013, quando imagens de bronze de personalidades locais foram roubadas misteriosamente. 

O busto de Eike Batista, batizado de "BustoX", em óbvia referência clara ao empresário brasileiro, foi colocada no pedestal de Meirelles, uma das figuras mais importantes da cultura local. O ato foi realizado como “presente de aniversário” para Florianópolis, comemorado no dia 23 de março.

Um manifesto do grupo foi colocado em uma árvore diante do busto de Eike, ou BustoX. “Estamos fazendo a doação da obra produzida em cerâmica esmaltada, de modo a preencher o vazio físico e simbólico causado por este ato e lacuna contra a memória e a cultura da história de nossa Capital do Estado”, consta no documento. “Estamos certos que, apesar de já passarmos além de seis meses do ocorrido, uma vez que as Vossas Excelências recolocarem os bustos oficiais sob seus pedestais, a nossa prefeitura em ato de valorização da arte e da cultura do passado, do presente, da vanguarda e do futuro, criará também um espaço de destaque para esta obra BUSTOX que foi por nós cuidadosamente produzida e carinhosamente doada a nossa cidade”.

Desaparecimento misterioso

A imagem de Victor Meirelles, autor de obras como “A primeira missa no Brasil”, desapareceu da Praça XV em agosto do ano passado. Os bustos em bronze do poeta Cruz e Sousa, de José Boiteux e do jornalista Jerônimo Coelho também foram roubados em uma área localizada no coração da cidade, diante da Catedral Metropolitana e da prefeitura municipal, e monitorada por câmeras da Polícia Militar.

O roubo de todas as obras de arte, que eram consideradas patrimônio histórico e cultural, só foi descoberto mais de duas semanas depois, quando os próprios moradores deram falta dos bustos. Um inquérito policial chegou a ser aberto na 1ª Delegacia de Polícia, mas o crime nunca foi desvendado.

Busto do empresário Eike Batista foi colocado na Praça XV, em Florianópolis
Busto do empresário Eike Batista foi colocado na Praça XV, em Florianópolis
Foto: Fabrício Escandiuzzi / Especial para Terra

A prefeitura não se manifestou sobre a presença de uma homenagem a Eike Batista na praça XV. No final de março, uma nota divulgada pelo Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF) destacava que novas imagens em bronze, incluindo a do artista Victor Meirelles, estavam sendo produzidas por escultores e seriam devolvidas aos pedestais “até o mês de julho próximo”. 

O pintor nasceu em Florianópolis em 1832 e foi um dos artistas preferidos de Dom Pedro II. Além de "A Primeira Missa no Brasil", apresentou trabalhos importantes como "O combate naval do Riachuelo", "Moema", além de vários esboços e panoramas. Com o fim do Império, do qual era vinculado, perdeu espaço e caiu no ostracismo. Morreu praticamente na miséria no Rio de Janeiro, aos 70 anos, e muitas de suas obras - incluindo panoramas do Rio de Janeiro - se perderam ao longo dos anos. 

Parte de suas pinturas e de sua história estão expostas no museu que leva o seu nome em Florianópolis, localizado a menos de cem metros de onde seu busto foi roubado.

Fonte: Especial para Terra
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