PUBLICIDADE

Santa Casa de SP perde 98,5% do patrimônio em quatro anos

Relatório de auditoria foi apresentado hoje e encaminhado também ao MP e ao Tribunal de Contas, aos quais caberá eventual responsabilização por verba pública mal empregada

29 set 2014 - 21h13
(atualizado às 21h16)
Compartilhar
Exibir comentários

Uma auditoria realizada pelo poder público nas contas da Santa Casa de São Paulo constatou que, em quatro anos, a instituição teve uma perda de patrimônio líquido (ou seja, sem imóveis) de 98,5% --de R$ 220,3 milhões em 2009 para R$ 323 mil ano passado – e estaria praticamente “à beira da falência”, se fosse uma empresa.

Os números constam do relatório apresentado nesta segunda-feira pela Secretaria Estadual de Saúde, que implementou a auditoria no último dia 24 de julho após a administração do hospital fechar o Pronto Socorro ao atendimento à população. A alegação dos gestores, na ocasião, havia sido falta de recursos para pagamento de fornecedores.

Além do Estado, a comissão que atuou na análise das contas do hospital teve também representantes do Ministério da Saúde, da secretaria municipal de saúde, do Conselho Estadual de Saúde e do Ministério Público Estadual, que, em conjunto com o Tribunal de Contas do Estado, verificará se houve desvios de verbas públicas e quem seria responsabilizado.

De acordo com o secretário estadual de Saúde, Davi Uip, foram detectados “problemas seriíssimos de gestão” que motivaram a formação de uma comissão de “três ou quatro” diretores da pasta, todos com perfil mais técnico, para acompanhar a gestão atual da Santa Casa. Uip negou, por outro lado, que a medida represente uma espécie de intervenção.

“Intervenção é algo que o Estado não quer e não vai fazer. Isso (trabalho da comissão) é um acompanhamento entendendo as boas práticas de gestão e de que forma poderemos ajudar. Não vamos assumir a Santa Casa”, disse.

O secretário classificou como “alarmantes” todos os dados levantados na auditoria. “A perda de possibilidade de negociação da Santa Casa é evidente, assim como a perda de patrimônio líquido e os problemas de gestão”, definiu.

Ao todo, o Estado repassa mensalmente à Santa Casa, para custeio, cerca de R$ 14 milhões. Outros R$ 34 milhões são oriundos do governo federal. Apesar dos repasses, a dívida da

instituição passou de R$ 146,1 milhões em 2009 para R$ 433,5 milhões em dezembro do ano passado, e o prejuízo, de R$ 12,8 milhões para R$ 167,9 milhões no período.

Ainda de acordo com o secretário, eventuais desvios de recursos públicos não foram apurados pela auditoria –a função, conforme Uip, ficará a cargo do MP e do TCE.

Amanhã, o secretário se reúne com os gestores da Santa Casa para definir o esquema de trabalho da comissão e da instituição. Uma outra auditoria, independente e com expertise em gestão de recursos humanos, termina os trabalhos no dia 14 de novembro. Conforme Uip, um dos dados que teria justificado mais essa análise foi o “expressivo aumento nominal de 65%” na folha de pagamentos da instituição –65% (de R$ 68,7 milhões para R$ 113,8 milhões) no período analisado.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade