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Cidades

RS: 'somos ordeiros', avisam PMs em protesto por melhores salários

Carro de som pedia calma de comerciantes do centro de Porto Alegre; categoria afirma receber pior salário do Brasil

5 jul 2013 - 16h26
(atualizado às 18h00)
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Policiais querem melhores salários e ampliação do plano de carreira
Policiais querem melhores salários e ampliação do plano de carreira
Foto: Fernando Diniz / Terra

Integrantes da Brigada Militar (Polícia Militar gaúcha) protestaram nesta sexta-feira, no centro de Porto Alegre, por melhores salários para os servidores de nível médio. Percorrendo os mesmos locais em que houve confrontos e saques no mês passado, representantes dos PMs avisavam durante o trajeto que a passeata era “ordeira e pacífica”.

“Atenção, população gaúcha: somos ordeiros. Os comerciantes não precisam fechar suas portas”, dizia o carro de som enquanto percorria a avenida Borges de Medeiros em direção ao Palácio Piratini, sede do governo gaúcho.

A categoria afirma que a Polícia Militar do Rio Grande do Sul tem o pior salário no Brasil. Segundo a Assembleia Legislativa, no ano passado foi aprovado reajuste do soldado de segunda classe para R$ 1.764,81; e os ganhos devem chegar a R$ 2.398,27 em novembro de 2014. Policiais pedem para que a carreira seja unificada, podendo um militar entrar como soldado e ascender ao nível de capitão.

“O governador Tarso Genro deu dinheiro para os oficiais e deixou os praças de novo sem salário. Nós queremos salários dignos. Queremos carreira única, de soldado a coronel. Uma polícia moderna, uma polícia cidadã”, disse Leonel Lucas, presidente Associação Beneficente Antonio Mendes Filho (Abamf), que representa servidores de nível médio da Brigada Militar.

“Tropa de Nhoque”

Jovens ironizaram atuação da Tropa de Choque em frente ao Palácio Piratini
Jovens ironizaram atuação da Tropa de Choque em frente ao Palácio Piratini
Foto: Fernando Diniz / Terra

Enquanto policiais se concentravam em frente ao Palácio Piratini, jovens ironizaram a Tropa de Choque da Brigada Militar, que entrou em confronto com manifestantes em outros protestos realizados em Porto Alegre.

"A gente não está protestando. Estamos aqui para garantir que não ocorra nenhum ato de vandalismo, que não ocorram distúrbios", ironizou um manifestante, que não quis se identificar.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas. 

Fonte: Terra
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