PUBLICIDADE

Cidades

RS: em protesto, grupo 'rebatiza' ruas com nomes de vítimas da polícia

Movimento Defesa Pública da Alegria promove ação para lembrar o aniversário de protesto que destruiu mascote da Copa em Porto Alegre

4 out 2013 - 16h50
(atualizado às 17h16)
Compartilhar
Exibir comentários
Ação que defende a desmilitarização da polícia homenageou o jornalista Vladimir Herzog, morto pela ditadura militar, em placa de sinalização que antes ostentava o nome do Duque de Caxias
Ação que defende a desmilitarização da polícia homenageou o jornalista Vladimir Herzog, morto pela ditadura militar, em placa de sinalização que antes ostentava o nome do Duque de Caxias
Foto: Facebook / Reprodução

Diversas ruas da região central de Porto Alegre foram "rebatizadas" na madrugada desta sexta-feira. As placas de identificação, que antes homenageavam figuras históricas ligadas às Forças Armadas, agora ostentam o nome de vítimas da violência do Estado, como o jornalista Vladimir Herzog, morto durante a ditadura militar, e o pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido neste ano após ser preso pela Polícia Militar do Rio de Janeiro.

Ativistas derrubam mascote da Copa e confrontam polícia no RS

A ação foi promovida pelo coletivo Defesa Pública da Alegria, que marca nesta sexta-feira o aniversário do protesto violento ocorrido em frente à prefeitura de Porto Alegre, que resultou na depredação do boneco inflável do mascote Copa do Mundo de 2014, o tatu-bola Fuleco. Na ocasião, os manifestantes entraram em confronto com policiais militares que faziam a segurança do boneco, em um protesto contra a privatização do espaço público. No fim da tarde de hoje, está previsto um novo ato no mesmo local.

Além da retomada do espaço público por parte da população, o movimento tem, entre suas bandeiras, o repúdio à criminalização dos movimentos sociais e a defesa da desmilitarização da polícia - causa que motivou a ação na sinalização das vias.

Em sua página no Facebook, o movimento resumiu o objetivo do protesto: "desmilitarizando ruas, abrindo caminhos". Entre as vias que tiveram seus nomes modificados estão as ruas Duque de Caxias, Marechal Floriano Peixoto e General Lima e Silva.

Vladimir Herzog, morto em 1975 após ser torturado pelo regime militar, foi homenageado nas placas da rua Duque de Caxias, no centro da cidade. "Assim como em inúmeros outros casos de assassinato em dependências militares, o regime declarou que Herzog havia cometido suicídio. Sua morte desencadeou a primeira grande mobilização nacional em favor dos direitos humanos e contra a ditadura militar no Brasil", relembra o movimento no Facebook.

Amarildo de Souza, o pedreiro cujo sumiço motivou uma série de protestos pelo País, também foi lembrado. "Ajudante de pedreiro, analfabeto, trabalhou desde seus 12 anos. Casado e pai de 6 filhos, o morador da Rocinha (RJ), desapareceu em julho de 2013 após ter sido abordado em frente à sua casa por policiais militares. Amarildo foi torturado e morto em uma Unidade de Polícia 'Pacificadora' e teve seu corpo ocultado. Por onde andaria o Amarildo?", questiona o movimento, ao divulgar uma fotografia da placa que antes homenageava General Vitorino.

Outras vítimas da violência policial lembradas no protesto são Alexandre Nunes Machado da Silva, que morreu no Massacre do Carandiru; o guerrilheiro Carlos Marighella, morto pela ditadura; o sem-terra Oziel Alves, morto em 1996 no Massacre de Eldorado dos Carajás (PA); e Paulo Roberto de Oliveira, a mais jovem das vítimas da Chacina da Candelária, no Rio de Janeiro.

Protesto deixa 30 feridos e destrói mascote da Copa

Na noite de 4 de outubro de 2012, um grupo autointitulado "Defesa Pública da Alegria" organizou um protesto que acabou com a depredação do boneco inflável do mascote da Copa do Mundo, o tatu-bola Fuleco. A intenção era criticar o que o grupo entende ser a "privatização de espaços públicos", já que a presença do boneco era uma ação promovida pela fabricante de refrigerantes Coca-Cola. Na ocasião, a Polícia Militar gaúcha e os manifestantes entraram em confronto. Pelo menos 30 pessoas ficaram feridas.

Os manifestantes ocuparam a Praça Montevidéu, em frente à prefeitura de Porto Alegre, desde o início da noite, com faixas contra a prefeitura. Mesmo às vésperas das eleições municipais, não havia manifestações claras a favor de candidatos no pleito.

Do outro lado da rua, viaturas do Batalhão de Operações Especiais (BOE) da Brigada Militar e motos cercavam um boneco inflável do tatu-bola, mascote da Copa do Mundo de 2014. O largo havia sido recentemente adotado pela Coca-Cola, que instalou o boneco, chafarizes automáticos, calçadas e rede wi-fi no largo.

Protesto que resultou na depredação do mascote da Copa do Mundo completa 1 ano nesta sexta-feira
Protesto que resultou na depredação do mascote da Copa do Mundo completa 1 ano nesta sexta-feira
Foto: Alexandre Auler / Agência Freelancer

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade