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RS: centenas protestam por passe livre e contra Cabral

Grupo queimou boneco de Fortunati em frente à casa do prefeito de Porto Alegre

1 ago 2013 - 20h23
(atualizado às 23h08)
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<p>Manifestantes fazem fogueira em frente à casa de prefeito</p>
Manifestantes fazem fogueira em frente à casa de prefeito
Foto: Laura Gheller / Terra

Centenas de pessoas protestaram em Porto Alegre (RS), na noite desta quinta-feira, pelo passe livre no transporte coletivo e em apoio às manifestações no Rio de Janeiro contra o governador daquele Estado, Sérgio Cabral (PMDB). O ato foi organizado pelo Bloco de Lutas pelo Transporte Público, e tinha como objetivo pressionar o prefeito da capital, José Fortunati (PDT), a enviar para os vereadores o projeto que isenta da tarifa do transporte estudantes, trabalhadores desempregados, indígenas e quilombolas.

Os manifestantes, que ocuparam a Câmara Municipal de Porto Alegre no mês passado, também pediram a abertura das planilhas das empresas de transporte. O ato também foi em solidariedade ao grupo Ocupa Cabral, que promove protestos em frente à casa do governador na capital fluminense. Cartazes de 'Fora, Cabral' foram carregadas pelos manifestantes.

O protesto começou às 18h em frente ao prédio da prefeitura da capital. Por volta das 19h30, os manifestantes iniciaram uma marcha pelas ruas do Centro. Gritando palavras de ordem, como 'Somos do povo, e o passe livre os ricos vão pagar', e carregando um boneco simbolizando o prefeito Fortunati, o grupo começou a caminhada pela avenida Júlio de Castilhos e retornou pela rua Voluntários da Pátria. 

Após subirem a avenida Borges de Medeiros, os manifestantes entraram na rua Jerônimo Coelho, onde mora o prefeito. Um grupo queimou o boneco em frente ao edifício. Uma grande fogueira foi formada quando os manifestantes queimaram outros materiais, como blocos de madeira que foram colocados para proteger a fachada do prédio onde mora o prefeito. O protesto, no entanto, foi pacífico. Com um carro de som, os manifestantes chamavam Fortunati e pediam que ele priorizasse o projeto do passe livre. 

Na outra esquina, um grupo do Black Bloc se posicionou com faixas em frente ao Palácio da Justiça. O Batalhão de Choque da Brigada Militar fez um cordão de isolamento em frente ao prédio. A cavalaria da Brigada Millitar acompanhou de longe a manifestação, que chegou a reunir cerca de 500 pessoas. 

Depois do protesto em frente ao prédio de Fortunati, o grupo retornou à prefeitura, onde a manifestação foi encerrado, por volta das 21h30. No caminho até a sede do Executivo municipal, um grupo quebrou uma janela de uma filial da rede McDonalds, mas foi logo contido por outros manifestantes.

O prefeito, que não estava em casa na hora da manifestação, reclamou do ato por meio de seu perfil no Twitter. Ele acusou o grupo Black Bloc de tentar depredar o prédio onde mora. "E alguns ainda dizem que são manifestantes pacifistas. Fazem parte do Grupo Black Bloc que tem na violência um instrumento de luta", escreveu.

Protestos mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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