Centenas de pessoas protestaram em Porto Alegre (RS), na noite desta quinta-feira, pelo passe livre no transporte coletivo e em apoio às manifestações no Rio de Janeiro contra o governador daquele Estado, Sérgio Cabral (PMDB). O ato foi organizado pelo Bloco de Lutas pelo Transporte Público, e tinha como objetivo pressionar o prefeito da capital, José Fortunati (PDT), a enviar para os vereadores o projeto que isenta da tarifa do transporte estudantes, trabalhadores desempregados, indígenas e quilombolas.
Os manifestantes, que ocuparam a Câmara Municipal de Porto Alegre no mês passado, também pediram a abertura das planilhas das empresas de transporte. O ato também foi em solidariedade ao grupo Ocupa Cabral, que promove protestos em frente à casa do governador na capital fluminense. Cartazes de 'Fora, Cabral' foram carregadas pelos manifestantes.
O protesto começou às 18h em frente ao prédio da prefeitura da capital. Por volta das 19h30, os manifestantes iniciaram uma marcha pelas ruas do Centro. Gritando palavras de ordem, como 'Somos do povo, e o passe livre os ricos vão pagar', e carregando um boneco simbolizando o prefeito Fortunati, o grupo começou a caminhada pela avenida Júlio de Castilhos e retornou pela rua Voluntários da Pátria.
Após subirem a avenida Borges de Medeiros, os manifestantes entraram na rua Jerônimo Coelho, onde mora o prefeito. Um grupo queimou o boneco em frente ao edifício. Uma grande fogueira foi formada quando os manifestantes queimaram outros materiais, como blocos de madeira que foram colocados para proteger a fachada do prédio onde mora o prefeito. O protesto, no entanto, foi pacífico. Com um carro de som, os manifestantes chamavam Fortunati e pediam que ele priorizasse o projeto do passe livre.
Na outra esquina, um grupo do Black Bloc se posicionou com faixas em frente ao Palácio da Justiça. O Batalhão de Choque da Brigada Militar fez um cordão de isolamento em frente ao prédio. A cavalaria da Brigada Millitar acompanhou de longe a manifestação, que chegou a reunir cerca de 500 pessoas.
Depois do protesto em frente ao prédio de Fortunati, o grupo retornou à prefeitura, onde a manifestação foi encerrado, por volta das 21h30. No caminho até a sede do Executivo municipal, um grupo quebrou uma janela de uma filial da rede McDonalds, mas foi logo contido por outros manifestantes.
O prefeito, que não estava em casa na hora da manifestação, reclamou do ato por meio de seu perfil no Twitter. Ele acusou o grupo Black Bloc de tentar depredar o prédio onde mora. "E alguns ainda dizem que são manifestantes pacifistas. Fazem parte do Grupo Black Bloc que tem na violência um instrumento de luta", escreveu.
10 de julho - Integrantes do Movimento Passe Livre (MPL) e do Bloco de Luta ocuparam na noite desta quarta-feira o plenário da Câmara Municipal de Porto Alegre
Foto: Elson Sempé Pedroso / CMPA / Divulgação
10 de julho - Os vereadores faziam sessão ordinária quando os manifestantes, que estavam nas galerias, invadiram a área das bancadas
Foto: Elson Sempé Pedroso / CMPA / Divulgação
10 de julho - Em função disso, o presidente da Casa, vereador Thiago Duarte (na foto com a vereadora Jussara Cony), encerrou a sessão e se propôs a conversar com um grupo de representantes dos manifestantes
Foto: Elson Sempé Pedroso / CMPA / Divulgação
10 de julho - A intenção dos movimentos é fazer uma assembleia popular na Câmara às 20h
Foto: Elson Sempé Pedroso / CMPA / Divulgação
10 de julho - Na foto, vereador Bernardino conversa com estudantes durante ocupação
Foto: Tonico Alvares / CMPA / Divulgação
10 de julho - Movimentos ocupam plenário da Câmara Municipal de Porto Alegre
Foto: Elson Sempé Pedroso / CMPA / Divulgação
10 de julho - Movimentos ocupam plenário da Câmara Municipal de Porto Alegre
Foto: Elson Sempé Pedroso / CMPA / Divulgação
10 de julho - Movimentos ocupam plenário da Câmara Municipal de Porto Alegre
Foto: Elson Sempé Pedroso / CMPA / Divulgação
12 de julho - A Casa Legislativa afirmou, em carta enviada aos manifestantes, que a estatização do transporte público só será possível se o Executivo Municipal enviar projeto de lei para a Câmara
Foto: Ederson Nunes / Divulgação
12 de julho - O presidente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, Thiago Duarte (PDT), pediu nesta sexta-feira que manifestantes desocupem o plenário da Casa até o fim do dia
Foto: Ederson Nunes / Divulgação
12 de julho - A presidência da Casa permitiu a ocupação desde que os manifestantes preservassem o prédio
Foto: Ederson Nunes / Divulgação
12 de julho - Integrantes do Bloco de Luta pelo Transporte Público ocupam a Câmara desde quarta-feira para reivindicar, entre outras medidas, o passe livre municipal e a abertura das contas das empresas de ônibus
Foto: Ederson Nunes / Divulgação
13 de julho - Manifestantes e vereadores se reuniram novamente neste sábado para discutir desocupação da Câmara de Vereadores de Porto Alegre (RS)
Foto: Ederson Nunes/Câmara de Vereadores / Divulgação
13 de julho - Encontro terminou sem acordo após os manifestantes se negarem a sair da Câmara no final de semana
Foto: Ederson Nunes/Câmara de Vereadores / Divulgação
13 de julho - Após a negativa, vereadores encerraram as negociações e acionaram a Justiça para garantir a desocupação do local
Foto: Ederson Nunes/Câmara de Vereadores / Divulgação
15 de julho Vereadores Thiago Duarte, Professor Garcia, Tarciso Flecha Negra, Bernardino Vendrusculo, Brasinha e Mônica Leal pedem ajuda à Assembleia Legislativa
Foto: Leonardo Contursi / CMPA / Divulgação
15 de julho Manifestantes realizam assembleia dentro da Câmera Municipal de Porto Alegre
Foto: Carlos Ferrari / Futura Press
15 de julho Os manifestantes do Bloco de Luta Pelo Transporte Público continuam a ocupação no local, após revogação da determinação da Justiça de reintegração de posse
Foto: Carlos Ferrari / Futura Press
15 de julho Presença de crianças no local motivou decisão da Justiça
Foto: Carlos Ferrari / Futura Press
17 de julho Presidente da Câmara, Thiago Duarte (dir.), se negava a abrir setor de protocolo da Casa antes da desocupação, mas acabou cedendo
Foto: Leonardo Contursi/Câmara Municipal de Porto Alegre / Divulgação
17 de julho Manifestantes debatem durante audiência de conciliação com vereadores de Porto Alegre
Foto: Leonardo Contursi/Câmara Municipal de Porto Alegre / Divulgação
17 de julho Representante dos manifestantes que ocupam a Câmara pede a palavra durante audiência em que o grupo aceitou deixar o prédio até a manhã de quinta-feira
Foto: Leonardo Contursi/Câmara Municipal de Porto Alegre / Divulgação
1º de agosto - Protesto em Porto Alegre tem fogueira com boneco do prefeito José Fortunati
Foto: Laura Gheller / Terra
1º de agosto - Manifestantes marcharam pelo centro da capital
Foto: Laura Gheller / Terra
1º de agosto - Caminhada foi até a frente da casa do prefeito porto-alegrense
Foto: Laura Gheller / Terra
1º de agosto - Pichações citam o aumento do preço da tarifa de ônibus. Porto Alegre foi a primeira cidade onde os manifestantes saíram às ruas e conseguiram a redução
Foto: Laura Gheller / Terra
1º de agosto - Manifestantes passarm em terminal de ônibus para levar sua mensagem
Foto: Laura Gheller / Terra
1º de agosto - Governador do RJ também foi alvo, em solidariedade aos manifestantes fluminenses
Foto: Laura Gheller / Terra
1º de agosto - Concentração foi no largo Glênio Peres, próximo à prefeitura
Foto: Laura Gheller / Terra
1º de agosto - Cerca de 500 pessoas se reuniram para protestar
Foto: Laura Gheller / Terra
1º de agosto - Brigada Militar faz cordão de isolamento para proteger Palácio da Justiça
Foto: Laura Gheller / Terra
1º de agosto - Um grupo do Black Bloc se posicionou com faixas em frente ao Palácio da Justiça
Foto: Laura Gheller / Terra
1º de agosto - Integrantes do grupo Black Bloc mostravam uma faixa na frente do Palácio da Justiça
Foto: Laura Gheller / Terra
1º de agosto - Boneco de Fortunati foi queimado em frente ao prédio do prefeito, no centro da capital
Foto: Laura Gheller / Terra
1º de agosto - Uma grande fogueira foi formada quando os manifestantes queimaram outros materiais, como blocos de madeira que foram colocados para proteger a fachada do prédio onde mora o prefeito
Foto: Laura Gheller / Terra
1º de agosto - No final do protesto, um grupo quebrou uma janela de uma filial da rede McDonald's, mas foi logo contido por outros manifestantes
Foto: Laura Gheller / Terra
1º de agosto - No final do protesto, um grupo quebrou uma janela de uma filial da rede McDonald's, mas foi logo contido por outros manifestantes
Foto: Laura Gheller / Terra
1º de agosto - A manifestação chegou a reunir cerca de 500 pessoas
Foto: Laura Gheller / Terra
1º de agosto - Um boneco do prefeito José Fortunati (PDT) foi levado na manifestação
Foto: Laura Gheller / Terra
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Protestos mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.
A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.
A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.