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Cidades

RS: 1 ano após atropelamento, ciclistas cobram segurança e obras

24 fev 2012 - 10h52
(atualizado às 11h56)
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Mauricio Tonetto
Direto de Porto Alegre

No dia 25 de fevereiro de 2011, o empresário do ramo de bicicletas Marcos Rodrigues sentiu na própria pele a reclamação de muitos de seus clientes: de que é perigoso transitar de bicicleta em Porto Alegre (RS). Uma das vítimas do atropelamento em massa cometido pelo funcionário do Banco Central Ricardo Neis, 47 anos, ele bateu a cabeça e desmaiou, tendo que ser atendido no pronto-socorro da cidade. Rodrigues critica o pouco avanço nos projetos urbanos da capital gaúcha para proteger os ciclistas e espera mais obras na cidade. No sábado, um ato lembrará o primeiro ano do atropelamento, ocorrido no bairro Cidade Baixa, e deve reunir centenas de pessoas.

Veja situação das ciclovias no Brasil

"Não ficou menos complicado. De um ano para cá, a bicicleta se tornou visível, o que é bom e ruim. Para a discussão é positivo, mas muita gente cria animosidade com o assunto. Eu noto que há mais consciência de que a bicicleta é um meio de transporte. Porém, pouco do que está sendo feito funciona", criticou ele.

Segundo Rodrigues, o transporte de bicicletas ainda é tratado de forma "superficial" pelo Poder Público e o Fórum Mundial da Bicicleta, que teve início nesta quinta-feira na capital gaúcha, servirá para cobrar ações efetivas. O empresário espera ainda que Neis seja punido pelos atropelamentos. "Eu senti muita raiva, mas no fundo ele é uma expressão da cultura vigente, que valoriza os carros. O meu desejo é que ele seja responsabilizado pelo que fez, pois ao menos irá inibir novos casos", disse.

Ciclistas se multiplicam

Cristiano Lange dos Santos, um dos organizadores do fórum, ressaltou que o atropelamento coletivo foi um marco, pois desde então "os ciclistas se multiplicaram". Mas assim como o empresário Marcos Rodrigues, ele cobra segurança e obras estruturais. "Um episódio negativo também foi uma coisa positiva, pois de um ano para cá, os ciclistas se multiplicaram. Só que Porto Alegre avançou pouco em políticas de mobilidade urbana e na segurança aos ciclistas. Queremos mudar o papel da bicicleta na cidade", salientou.

Agressividade

O coordenador de Projetos de Mobilidade da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) de Porto Alegre, Régulo Franquine Ferrari, reconhece que há muito a ser feito em obras na cidade e estima que os projetos em andamento aumentem de 10 km para 70 km o espaço de ciclovias da capital gaúcha. Para ele, não é possível a integração entre ciclistas e motoristas nas ruas e avenidas - por isso a ciclovia -, pois o porto-alegrense é " muito agressivo".

"O comportamento do motorista porto-alegrense é muito agressivo. O ciclista realmente deve andar na via, e não sobre a calçada, como muitos motoristas pensam, mas o respeito é mínimo aqui. Estamos trabalhando desde 2005 num plano diretor cicloviário e a tendência é que a situação melhore. Os projetos em andamento preveem mais 60 km de ciclovias na cidade e os empreendimentos comerciais terão regras para isso também", garantiu Ferrari.

Motorista atropela e foge

Um grupo de ciclistas que tradicionalmente percorre as ruas do bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, foi atropelado por volta das 19h do dia 25 de fevereiro de 2011. Segundo a Polícia Militar, 100 ciclistas do movimento Massa Crítica seguiam pela rua José do Patrocínio, quando foram surpreendidos por um Golf preto na esquina com a rua Luiz Afonso. A maioria escapou do atropelamento, mas 17 ficaram feridos, sendo cinco com lesões, que foram encaminhados ao Hospital de Pronto Socorro.

A polícia disse que o atropelamento foi intencional e que o motorista do Golf acelerou várias vezes antes de derrubar os ciclistas. Após ouvir testemunhas, os policiais conseguiram a placa do veículo e identificaram o proprietário como Ricardo Neis, 47 anos, funcionário do Banco Central.

Ricardo Neis foi preso no dia 2 de março. Em depoimento à Polícia Civil, ele alegou legítima defesa, relatando que os manifestantes agiram com violência contra seu carro. De acordo com o polícia, as vítimas foram impedidas de se defender, uma vez que o motorista avançou com seu carro enquanto os ciclistas estavam de costas, sem esperar o golpe. As testemunhas do processo já foram ouvidas e a Justiça deve decidir se Neis irá para júri popular.

Fonte: Terra
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