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RJ: com mais de 300 mil nas ruas, manifestantes e PMs se enfrentam

20 jun 2013 - 19h11
(atualizado em 22/6/2013 às 13h46)
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<p>Milhares de pessoas marcham pelas ruas do Rio de Janeiro em mais um protesto pedindo mudanças no País</p>
Milhares de pessoas marcham pelas ruas do Rio de Janeiro em mais um protesto pedindo mudanças no País
Foto: EFE

Manifestantes e policiais militares entraram em confronto na noite desta quinta-feira em frente à prefeitura do Rio de Janeiro durante protesto que reúne mais de 300 mil pessoas. A Tropa de Choque da Polícia Militar utilizou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão que se postava em frente ao prédio do Executivo. Pelo menos 35 pessoas foram atendidas no hospital Souza Aguiar vítimas da violência de policiais e vândalos.

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A cavalaria da polícia avançou para cima dos manifestantes, provocando correria nas ruas do entorno da prefeitura. Enquanto isso, um grupo enfrentava com pedras os PMs na frente do edifício. "Ei, policial, só não se esqueça que o Cabral te paga mal...", gritavam. Dentro da prefeitura, a Tropa de Choque da Guarda Municipal formava outra barreira.

Na fuga da Presidente Vargas, um grupo de 50 pessoas acabou ficando encurralado em frente à sede do Batalhão de Choque, na rua Salvador de Sá. Com as mãos para o alto, os manifestantes pediam para que o Choque parasse de agir. Alguns policiais jogaram spray de pimenta de cima de suas motocicletas em quem caminhava pela rua.

Um PM do posto se dirigiu aos policiais do Choque e "negociou" que a tropa não agisse para cima do grupo. O Choque recuou, e o PM foi aplaudido pelos manifestantes. "Vocês podem ficar aqui, desde que não haja violência. Sei que vocês são trabalhadores, e eu também sou", afirmou o PM identificado como sargento Alves.

Manifestantes fizeram várias fogueiras na avenida Presidente Vargas. Enquanto PMs atiravam bombas de gás, o grupo se protegia utilizando pedaços de madeira como escudo. A polícia montou um bloqueio que cercou os manifestantes. Parte deles seguiu em direção à Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), e a maioria para a Cinelândia, onde ocorreu novo confronto.

Na esquina da Presidente Vargas com a Rio Branco, que estava interditada, um grupo de manifestantes tentou passar por um bloqueio de policiais e a PM atirou bombas de efeito moral e balas de borracha sem motivo aparente. Os manifestantes gritavam: "covardes".

Uma barreira do Batalhão de Choque que estava no Maracanã se deslocou do local para reforçar a segurança nas imediações da avenida Presidente Vargas. Após a dispersão, boa parte dos manifestantes começou a marchar em direção ao estádio, que fica a cerca de 1,5 quilômetro da prefeitura, mas retornou diante do bloqueio policial. 

No início do protesto, a PM estimou em 300 mil o número de pessoas nas ruas. Segundo os manifestantes, o número deve chegar a 1 milhão.

Carro do SBT é incendiado e cabine da PM é depredada

Um carro do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) foi incendiado em frente à estação Presidente Vargas do metrô. O veículo estava estacionado e ninguém se feriu. Manifestantes também depredaram uma cabine da PM localizada na região central do Rio.

Um grupo de manifestantes tentou invadir uma estação do metrô, mas foi contido por policiais que deram apoio a seguranças contratados pela concessionária. No Sambódromo, um grupo invadiu o setor 1, depois de derrubar grades e depredar e pichar o setor inicial por onde desfilam as escolas de samba.

Policiais atiram contra hospital

Dos 35 feridos encaminhados para o hospital Souza Aguiar, um foi preso com uma bomba e pedras dentro da mochila. Feridos que esperavam para ser atendidos na unidade viveram momentos de pânico mais cedo.

Um grupo de cerca de 100 manifestantes se concentrava próximo dali quando homens do Batalhão de Choque chegaram para dispersar o grupo. Parte dele correu para dentro do estacionamento do hospital. Segundo testemunhas, os PMs deram tiros de borracha em direção aos manifestantes que entraram na unidade.

"Foi muito tiro e bomba. Foi um tremendo susto", afirmou o carteiro aposentado Edson Santana, que fraturou o pulso esquerdo durante a passeata. "Fui agredido por várias pessoas que vieram na minha direção. Tem gente infiltrada nesse movimento", acrescentou.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.